O capitalismo foi construído a partir da exploração dos trabalhadores das metrópoles e da espoliação das colônias. O salto para a humanidade que significou um novo modo de produção baseou-se em um processo trágico de conquista. A colonização européia foi, pelos seus objetivos, capitalista, e não feudal: a serviço do lucro e para colocar mercadorias no mercado mundial.
Para isso, os conquistadores se valeram de relações de produção escravas ou semi-escravas e de formas feudais, mas com objetivos capitalistas. Não houve o “descobrimento de um Novo Mundo”, porque já havia civilizações muito avançadas, muita população, organização social e econômica, estados, cidades, culturas.
Também não houve um “encontro de culturas”, porque havia conquistadores e conquistados. Os vencidos não buscaram “encontrar-se” com os vencedores. Foi uma invasão militar com superioridade armamentista que produziu um genocídio, o maior da história humana: entre 50 e 70 milhões, a maioria da população continental. Junto com suas espadas, Hernán Cortés e Francisco Pizarro trouxeram a Inquisição da Igreja.
As revoluções emancipadoras foram muito progressivas, mas as repúblicas resultantes não solucionaram a opressão. Foram-se os europeus, mas os crioulos[1] se transformaram em novos exploradores. E a divisão das nacionalidades originárias foi mantida por meio das novas fronteiras nacionais.
Durante mais de 500 anos houve lutas contra a opressão. A revolução boliviana de
O dia 12 de outubro tem para nós um conteúdo de luta. E a batalha pela segunda e definitiva independência deverá combinar uma revolução nacional contra o imperialismo, uma revolução social contra o capitalismo, e a libertação definitiva dos povos originários de sua opressão de mais de 500 anos.
[1] NT: Na América espanhola, criollo, em geral, designa uma pessoa descendente de europeus que tenha nascido na América. Os filhos dos grandes aristocratas europeus, em especial espanhóis, que tinham filhos nascidos em terras americanas chamavam seus filhos de criollo.