Partido dos Trabalhadores: 30 anos de luta e coerência

De lugares distantes do interior do país, de bairros pobres, de fábricas, de locais de trabalho e universidades, em 19 de março de 1989, companheiras e companheiros – em geral jovens – chegaram a Assunção para fundar o Partido dos Trabalhadores.
Por: PT-Paraguai
Todos militantes e ativistas de diferentes frentes: em sindicatos e correntes sindicais, em comissões de bairro, em um Centro de Estudantes, entre os sem-terra ou nas associações camponesas, e todos, sem exceção em franca e ousada luta contra a tenebrosa e totalitária ditadura estronista (de Alfredo Strossner).
Nos anos anteriores a 1989, o PT foi germinando com a nítida ideia de que o capitalismo só traz em suas mãos a barbárie da humanidade e, portanto, para a grande maioria do nosso povo, e que é um sistema mundial que funciona como totalidade e que se impõe em benefício de uma minoria pelo poder do Estado. Assim, o objetivo, como partido político, é pôr fim a esse Estado, criado à imagem e semelhança da burguesia com a finalidade de promover e defender os interesses da classe proprietária e dominante.
Ou seja, foi germinando com a ideia da necessidade de construir uma organização política da classe trabalhadora do campo e da cidade que seja socialista, revolucionária e internacionalista e, nesse sentido, nasceu fazendo parte da Liga Internacional dos Trabalhadores com o projeto de reconstruir uma Internacional.
O PT nasceu em oposição à social-democracia já transformada em testa de ferro do capitalismo, e que em nosso país já contava com várias organizações em sua matriz.Ao mesmo tempo, desenvolveu-se em oposição ao stalinismo que tinha abandonado o marxismo em uma degeneração burocrática, embora operasse sob o nome de Partido Comunista e que, como corrente, estivesse restaurando o capitalismo em seus respectivos estados e já houvesse oprimido durante anos a suas respectivas classes operárias.
O PT, em sua longa trajetória, tem sido implacável com a burguesia e seus diversos partidos, assim como com as lideranças burocráticas e vendidas que, a partir do “campo do povo trabalhador” e de suas coordenadas políticas, estratégias e ações, fizeram favor aos ricos, aos grandes proprietários e seus partidos.Esta posição firme nos valeu todo tipo de qualificação: sectários, radicais, divisionistas, etc. No entanto, não houve nenhuma UNIDADE DE AÇÃO que não tenhamos encorajado, incentivado ou integrado.
De fato, nós superamos nossas posições críticas com o propósito de uma ação comum com outros setores da classe, sem que isso implique mudar de estratégia ou deixar de lutar abertamente contra os partidos que lideram o movimento por meio do caminho morto da conciliação, do voluntarismo infértil ou das novidades antimarxistas de mudar a sociedade sem tomar o poder.
Como parte da férrea oposição aos governos burgueses, lamentavelmente temos estado sozinhos na esquerda, na oposição ao governo de conciliação de classes do camaleônico Lugo que engoliu quase toda a esquerda transformando-a em servos maltratados, humilhados e corrompidos em muitos casos.Não exageramos, se afirmarmos que se tivéssemos de renascer, deixaríamos de cometer tal ou qual erro, mas seguiríamos as mesmas coordenadas estratégicas sustentadas por nossos princípios que são os do marxismo revolucionário.
Não há atalhos para a revolução socialista. Para ver isso, basta observar os seguintes exemplos: o PMAS que com seu ecletismo febril implodiu e explodiu, não deixando nada daquele núcleo juvenil que tentou ser socialista. Ou a Convergência que foi completamente cooptada pela democracia burguesa e engolida pelo luguismo amorfo, cumprindo o papel de limpar suas frequentes secreções reacionárias e antipopulares. Ou o PCP que foi corroído pela divisão e adaptação à democracia burguesa após a sua incursão luguista desenfreada.
Faz trinta anos que fundamos o PT e é como se fosse ontem por causa do frescor de nossas convicções socialistas e revolucionárias, bem como pelo ardor de nossa confiança na classe trabalhadora e nos diferentes setores do povo.Estamos simplesmente orgulhosos do caminho percorrido com o povo trabalhador, seus diferentes setores, suas organizações e lutas.
É hora de abandonar a rotina e continuar preparando o caminho da revolução socialista que, sem dúvida, é mais necessária e urgente do que nunca.Uma lembrança especial aos nossos mártires e àqueles que já não estão e cujos nomes continuam conosco e de quem nos recordamos com admiração.
Saúde para todos e todas os/as camaradas que hoje continuam construindo o PT!
Viva o Partido dos Trabalhadores do Paraguai!
Tradução: Nea Vieira