qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Paraguai: o governo de Mario Abdo

Rápido e completo giro reacionário do governo

O que marca esse momento político no país é o giro reacionário por parte do governo de Mario Abdo, que vinha implementando uma política nova ao deixar correr os ataques contra o crime organizado e a corrupção.

Por:  PT – Paraguai

O perfil do governo em seus primeiros dias vale ressaltar, não partiu de uma iniciativa própria. Foi o produto da insatisfação acumulada do povo contra o cartismo, que se expressou no voto de castigo nas fileiras do coloradismo, somado às mobilizações cidadãs e ao acompanhamento e exposição sistemática dos meios de comunicação aos mais emblemáticos corruptos.

De fato, o governo fechou rapidamente esse ciclo imprevisto de abertura política limitada e de “ataque à corrupção”, o seu lema anticorrupção de “caia quem caia” entrou na onda de um eloquente “está tudo bem”.

Agora, tudo acaba em negócios e acordos políticos necessários e úteis à governabilidade de Mario Abdo, com o pacto com o cartismo, coroado com a eleição das presidências das câmaras do parlamento: Alliana no congresso e Llano no senado, ambos conhecidos cães fiéis de Cartes.

Desaceleração econômica, queda nas vendas e nervosismo

Continua tendo uma desaceleração da atividade econômica que deixa os capitalistas nervosos. A expectativa de crescimento do PIB para o ano corrente já caiu dos 4,2% iniciais para apenas 2%. A queda das vendas em geral que gera uma reclamação por parte de um imenso setor. Uma reforma tributária que não aumenta os impostos sobre os ricos e que apenas corta suas “deduções”, mas que os irritam, especialmente aos exportadores de soja e outras commodities.

Uma reforma tributária que por sua vez aperta as porcas – exigirá que entrem no sistema pessoas que vendem na rua, por exemplo – contra todos os setores da classe trabalhadora e setores populares que terão aumento nas suas “contribuições” para o Estado dos capitalistas. As denúncias de superfaturamento no IPS – saúde e segurança social do povo trabalhador – que envolvem diretamente o atual ministro da fazenda Benigno Lopez – irmão do presidente e o verdadeiro poder por trás do abdismo que repartia aos montes o dinheiro das aposentadorias para irrigar negócios capitalistas e várias outras coisas.

Aumento da dívida externa

O anúncio de que o país será endividado em 1,5 bilhões de dólares para “irrigar” as veias da economia capitalista é talvez o anúncio mais nebuloso. A dívida já foi triplicada por Cartes através da colocação de títulos e é esse mesmo mecanismo que vai ser utilizado para aumentar a dívida, vendendo dinheiro futuro do Estado para obter dinheiro fresco. Os últimos títulos de Cartes foram usados para obter dinheiro que em grande parte estava destinado a elevar os vencimentos.

O governo, pressionado pela burguesia e pelas demandas de que algo deve fazer, precisa como do ar da liquidez e saqueia os setores de menor renda.

De fato, em sua política de não perturbar os ricos e grandes proprietários do país, mas mantê-los felizes, apela ao endividamento e a um ajuste fiscal que extrairá mais dinheiro dos setores médios e setores de trabalhadores com renda de pouco mais de 2 salários mínimos.

Mobilizações de diversos setores

Houve manifestações de enfermeiras com importante extensão, de médicos, de aposentados e afetados pelas negociações do IPS, dos agricultores de erva mate ou da multissetorial – em curso, neste momento, levantando reivindicações setoriais e apontando diretamente contra o governo. Continuam as ações a favor da transparência, contra a corrupção, para se livrar dos corruptos como a última demissão do arrogante Dionisio Amarilla ou a derrota colorada no CdE, entre vários outros acontecimentos.

O selo das mobilizações continua dado pela “cidadania” a favor da transparência, a favor da institucionalidade, contra a desonestidade e a prevaricação judicial, contra a corrupção generalizada. Em geral, esta agenda é impulsionada pelos meios de comunicação de massa.

Essas ações têm gravitação em termos de encorajar a ação do movimento de massas em outras questões mais estruturais e de classe. Embora exista uma pressão de que “não tenha setores organizados ou uma direção” nessas mobilizações e que continuem como indivíduos, como cidadãos. Esta é uma armadilha mortal da democracia capitalista que apela à cidadania para impor suas demandas e seus “sujeitos” supostamente desorganizados sem “direção” contaminada com outras intenções políticas. Embora o caminho seja um pouco mais longo, temos que lutar pelo direito de estar como sindicatos, como movimento, e limpar o difamado nome das direções sindicais, falando abertamente disso, denunciando os dirigentes corruptos e burocratas e não se deixando sucumbir pelas pressões pós-modernas das “formas da política de hoje”.

Os serviços de saúde desabam, a pobreza geral e extrema aumenta, o desemprego cresce e a prepotência e a ditadura patronal predominam em todos os locais de trabalho.

Apesar das dificuldades de gerar espaços duradouros de articulação e coordenação de lutas, é necessário continuar gerando ações sobre os temas centrais que estão piorando as condições de vida dos trabalhadores. Devemos intensificar os esforços para potencializar e fortalecer as unidades de ação e as lutas, porque há um clima favorável apesar do pacto feito por cima.

Tradução: Tae Amaru

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares