Ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner morre no Brasil
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Morreu na manhã do dia 16 de agosto, em Brasília, o ex-ditador do Paraguai Alfredo Stroessner. Exilado no Brasil desde 1989, Stroessner comandou uma sanguinária ditadura no país vizinho que durou 34 anos (1954-1989). O ditador obteve asilo após ser derrubado por um golpe militar perpetrado por seu próprio genro.
O asilo concedido pelo Brasil impediu que Stroessner fosse julgado por seus
Genuína ditadura paraguaia
Stroessner era considerado um político próximo do governo brasileiro, seja na ditadura ou na “redemo
O ditador ascendeu ao poder após depor o então presidente Dr. Federico Chaves, em maio de 1954. Oficialmente declarado como uma medida contra a corrupção generalizada do governo Chaves, o movimento golpista tinha, na verdade, o objetivo de impedir o alinhamento do Paraguai com Buenos Aires. Desta forma, Stroessner impediu a integração do país com a Argentina, mas o submeteu aos interesses do Brasil.
Nos anos mais intensos da guerra fria, o país se alinhou aos EUA, que, ao contrário do que ocorreu em outros países, não teve sequer o trabalho de articular e promover um golpe, mas tão somente fortaleceu a ditadura que já estava instaurada. Sua corrupta ditadura converteu o alto comando do exército paraguaio numa verdadeira fábrica de novos ricos, com coronéis e generais dirigindo negócios ilegais, como contrabando.
Durante as décadas em que esteve no poder, Stroessner e sua família acumularam uma espantosa riqueza. Dirigindo negócios em inúmeros setores da economia, de bancos, empresas de construção, agronegócios até casas de jogos, no Paraguai e no exterior, a família do ditador acumulou algo próximo de 4 bilhões de dólares, constituindo uma das maiores fortunas da América Latina.
A notícia da morte do ex-ditador foi recebida com alegria pela população paraguaia. O bispo de San Juan Bautista, Monsenhor Mario Melanio Media, chegou a declarar o seguinte à imprensa do país: “Nada de resignação
Brasil: refúgio de ditadores
A morte de Stroessner, apesar de ser boa notícia, revela uma outra não tão boa. O Brasil há tempos se tornou num verdadeiro refúgio de ditadores e assassinos estrangeiros. Josef Mengele, médico nazista responsável por inúmeras mortes em experiências macabras e na câmara de gás durante o regime de Hitler, viveu no país por 19 anos. Mais recentemente, o ex-presidente equatoriano, Lúcio Gutierrez, exilou-se no Brasil após ter seu governo neoliberal derrubado pelo movimento de massas que o ajudou a eleger.
Ao mesmo tempo, o governo Lula ainda não abriu os arquivos da ditadura, deixando os nossos assassinos impunes por seus
Um poema para Stroessner
O poema de Mario Benedetti foi es
À morte de um canalha
Por Mario Benedetti
Os canalhas vivem muito,
mas algum dia morrem
Vamos festejá-lo
venham todos
os inocentes
os lesados
os que gritam à noite
os que sonham de dia
os que sofrem no corpo
os que alojam fantasmas
os que pisam descalços
os que blasfemam e ardem
os pobres congelados
os que amam alguém
os que nunca se esquecem
vamos festejá-lo
venham todos
o
acabou-se a alma negra
o ladrão
o suíno
acabou-se para sempre
‘hip-hurra’
que venham todos
vamos festejá-lo
e não-dizer
a morte
sempre apaga tudo
a tudo purifica
qualquer dia
a morte
não apaga nada
ficam
sempre as cicatrizes
‘hip-hurra’
morreu o
vamos festejá-lo
e não-chorar por vício
que chorem seus iguais
e que engulam suas lágrimas
acabou-se o monstro prócere
acabou-se para sempre
vamos festejá-lo
a não-ficarmos tíbios
a não-a
é um morto qualquer
vamos festejá-lo
e não-ficarmos frouxos
e não-esquecer que este
é um morto de merda.