qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Não a Evo! Não à direita!

IMPULSIONEMOS UM PLANO DE LUTA DOS/AS TRABALHARES/AS, DOS CAMPONESES, DA JUVENTUDE E DO POVO

O governo do MAS aprovou a realização, no dia 21 de fevereiro de 2016, de um referendo para modificar a Constituição Política do Estado, com o objetivo de aprovar a reeleição do presidente e do vice-presidente por dois períodos contínuos de mandato e, dessa forma, habilitar Evo Morales e García Linera para as eleições de 2020-2025.

Por: Lucha Socialista – Bolívia

Um referendo organizado às pressas como forma de prevenção ao desgaste político a partir da crise econômica. O governo cumpriu apenas um ano desde a última eleição de outubro de 2014 e já pensa em sua reeleição em 2020. Como entender esse desespero para garantir a candidatura de Evo para as futuras eleições?

Se olharmos o que acontece nos países vizinhos com os governos de Frente Popular (chamados de populistas), como Kirchner na Argentina, Dilma no Brasil, Correa no Equador, percebemos que estão perdendo o respaldo da população — recentemente na Argentina o direitista Macri venceu — pelo fato de aplicarem políticas de proteção às multinacionais e aos empresários e atacarem o nível de vida dos trabalhadores com o pretexto da crise internacional.

Na Bolívia, o referendo de 21 de fevereiro de 2016 tem um caráter preventivo diante de um futuro inevitável, em curto prazo, de perda de apoio. O MAS pretende apelar aos resultados das eleições de outubro de 2014 e ao recente êxito diplomático em Haia com o tema marítimo para abrir o cadeado da Constituição, agora enquanto lhe restam forças.

Os dados sinalizam que, a partir de 2016 e nos anos seguintes, os efeitos da crise econômica mundial começarão a ser sentidos com maior intensidade, como a queda dos preços das matérias-primas como petróleo e derivados e minerais. Já nessa gestão, o governo reconheceu uma queda na arrecadação do país de mais de 30%, situação que obriga o governo a implementar políticas de ajustes para proteger os lucros das multinacionais e de ataque aos direitos da população. Um exemplo disso é a Lei de Incentivo às empresas petrolíferas que está a ponto de ser aprovada no Congresso, em que se coloca a redução do orçamento de IDH às universidades, departamentos e municípios para entregar esse dinheiro às empresas multinacionais como um “prêmio” por sua produção e exploração. Esse é um claro exemplo de que as medidas que o governo vai aplicar diante da crise econômica será um favor aos grandes empresários, em detrimento dos trabalhadores, camponeses e estudantes. Essa política, em breve, vai trazer o repúdio da população e, por isso, se a Constituição não for reformada agora, o governo não poderá fazê-lo depois, após aplicar mais medidas antipopulares.

Com Evo só os ricos estão bem

Nós, os trabalhadores, a juventude, os povos indígenas e os camponeses pobres temos razões para dizer “Não!” à reeleição de Evo Morales, que são distintas das razões da direita. Porque, nesses 10 anos de governo, os maiores beneficiados foram os banqueiros, as multinacionais e os latifundiários. Vejamos alguns dados:

– Bancos: de acordo com os dados da Autoridade de Supervisão do Sistema Financeiro (ASFI), os lucros dos bancos aumentaram de forma substancial, de US$ 28 milhões em 2005 para US$ 272 milhões em 2014;

– As multinacionais petrolíferas ganharam mais de 5 bilhões de dólares desde 2007;

– Latifundiários agroindustriais: ampliou-se a extensão da fronteira agrícola para as agroindústrias em um milhão de hectares anuais, à custa da destruição de enormes extensões de florestas tropicais, do despejo de comunidades indígenas e da prisão de camponeses sem-terra;

– A violência contra a mulher e a discriminação à população LGBT aumentou, e o próprio governo faz piadas machistas e homofóbicas publicamente;

– Os direitos dos povos indígenas têm sido violados sistematicamente, um bom exemplo é o caso do TIPNIS;

– A falta de emprego estável continua, cerca de 80% da população em idade para trabalhar está na informalidade e são em sua grande maioria jovens que recebem salários reduzidos, têm longas jornadas de trabalho e nenhum direito à previdência social.

A direita não nos representa e se esconde em falsas plataformas “cidadãs”

A direita, Samuel Doria Medina, Tuto Quiroga, Luis Revilla, junto com outros dissidentes do MAS que romperam só por temas relacionados aos postos de poder, chama a votar pelo “Não!”, usando argumentos como a “defesa da democracia”, a “defesa da Constituição”, o “direito de alternância”, e inclusive com argumentos racistas e antimovimentos sociais, sem questionar os benefícios que esse governo tem dado às multinacionais, aos latifundiários e aos banqueiros. No fundo, defendem esse modelo econômico e os ataques aos trabalhadores, aos camponeses e à juventude.

A direita neoliberal, entreguista e antidemocrática, responsável politicamente pelo roubo e pela repressão à luta dos trabalhadores, agora se esconde atrás de falsas plataformas cidadãs para evitar o repúdio que ainda existe contra eles na maioria da população e, para isso, colocaram a seu serviço “personagens” que só estão lavando suas caras.

Iniciemos uma campanha para votar NÃO à reeleição e por uma plataforma de luta dos trabalhadores, da juventude e do povo para enfrentar a crise.

Até o 21 de fevereiro, nós os/as trabalhadores/as, a juventude, os povos indígenas, camponeses e o povo pobre devemos impulsionar uma campanha conjunta, colocando a necessidade de uma plataforma de luta para enfrentar a crise sobre os seguintes eixos:

Não à Lei de incentivos às multinacionais! Pela verdadeira nacionalização do petróleo e derivados e dos minérios!

Não ao desemprego e às demissões! Necessitamos de um plano verdadeiro de reativação de nossa indústria!

Não à proteção aos latifundiários! Precisamos de terra para os camponeses!

Não ao machismo e à violência contra as mulheres!

Não às demissões e ao fechamento de postos de trabalho!

Não ao corte de orçamento para as universidades e regiões!

Nós, da LUCHA SOCIALISTA e da VIRAJE, convidamos você a participar de nossas atividades.

La Paz, 10 de dezembro de 2015.

Tradução: Luma Féboli

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