sáb maio 11, 2024
sábado, maio 11, 2024

Somos todos Ferguson!

Vamos expandir a rebelião de Ferguson e pôr um fim a esta epidemia de violência policial! 

Já se passaram quase duas semanas desde que o assassinato do jovem Michael Brown, de 18 anos, em Ferguson, Missouri explodiu em revoltas e protestos contra os policiais racistas.

 

A cada 28 horas, uma pessoa negra é morta pela polícia ou segurança privado. A insurreição de Ferguson acendeu uma chama que brilha cada vez mais e mostra poucos sinais de enfraquecimento. Ela galvanizou não só a população do Missouri, mas também em todo os EUA e ao redor do mundo. Um exemplo que mostra a solidariedade e conexão que Ferguson compartilha com o mundo são os casos em que palestinos deram dicas através da mídia social de como lidar com a enxurrada diária de gás lacrimogêneo e violência da força policial.


Não é nenhuma surpresa o motivo da revolta de trabalhadores negros e outros setores oprimidos contra a natureza brutal da violência policial racista representada pela morte de Michael Brown. Embora o sistema de tipo apartheid de Jim Crow tenha terminado formalmente desde as conquistas democráticas do Movimento dos Direitos Civis dos anos 50 e 60, na realidade, só mudou a sua forma. Há um ressurgimento de um "novo Jim Crow", especialmente desde os anos 1980, quando Reagan começou a sucatear a educação pública e aumentar as prisões. A recessão econômica dos Estados Unidos, que começou em 2008, apenas aumentou a marginalização e criminalização dos negros: o desemprego, a pobreza, a brutalidade policial, entre outras coisas, é a realidade para a maioria da população afro-americana, juntamente com os latinos e outros setores oprimidos.
 
Todo apoio e solidariedade com os protestos de Ferguson!

Não é nenhuma surpresa que a resposta da comunidade negra de Ferguson tenha sido grande e rebelde. É uma pequena cidade com uma população de 21.000 habitantes, onde quase 70% da população é negra e as autoridades são quase todas brancas. Para citar apenas um exemplo, apenas três dos 53 policiais da cidade são negros. A taxa de desemprego para jovens negros (16 a 24 anos) é de 47%, enquanto que para jovens brancos é de 16%. Além disso, Missouri foi o último estado norte-americano a abolir a escravidão.

Esses números começam a pintar um quadro comum às comunidades da classe trabalhadora negra na maioria dos bairros, guetos e conjuntos habitacionais de baixa renda por todo o país. Na verdade, de acordo com um relatório intitulado "Operação Tempestade Gueto", do Malcolm X Grassroots Movement (Movimento Malcolm X de Base – uma organização afro-americana de ativistas de base) "policiais, seguranças ou vigilantes autonomeados mataram extrajudicialmente pelo menos 313 afro-americanos em 2012 … Isto significa uma pessoa negra morta por um agente de segurança a cada 28 horas".

O ataque militarizado contra os manifestantes de Ferguson também adicionou combustível à indignação da comunidade e da nação. A primeira noite dos protestos enfrentou o ataque e repressão da polícia local, mas mais e mais pessoas somaram-se à luta nos dias e noites seguintes. Os protestos passaram de centenas de milhares, alguns com mais de 7000 pessoas nas manifestações. Trabalhadores de fast food locais (que já foram organizadores da campanha por um salário mínimo de US$ 15 e de sindicalização), outros sindicalistas, ministros e membros da igreja, estudantes, e muitos setores saíram às ruas para se juntar aos protestos em solidariedade.

O prefeito de St. Louis e o governador do Missouri chamaram a Guarda Nacional dos EUA e impuseram o toque de recolher após a meia-noite para reprimir e tentar impedir os protestos, mas os habitantes de Ferguson desobedeceram corajosamente a ordem para não ser silenciados, com o apoio de ativistas de outras cidades e estados que vieram a Ferguson para se juntar à luta.

O Workers’ Voice/La Voz de los Trabajadores apoia Ferguson e protesta contra a brutalidade policial e está envolvido em iniciativas de solidariedade e manifestações em diferentes cidades.
 
Obama governa para 1%, não para negros e trabalhadores!

O assassinato racista de Michael Brown foi, infelizmente, outro em uma longa série de assassinatos cometidos por policiais ou seguranças privados nos últimos anos. Os dois casos mais recentes que chocaram a opinião pública nacional foram os de Trayvon Martin, assassinado por um vigilante num bairro da Flórida em 2012 e o assassinato de Oscar Grant pela polícia em Oakland, em 2010, mas há centenas de outros, incluindo Kendrec McDade (Pasadena, CA 2012), Ramarley Graham (Bronx, Nova York, 2012), Alan Blueford (Oakland, CA 2012), Andy Lopez (Santa Rosa, CA, 2013), Kimani Gray (Brooklyn, Nova Iorque 2013) e a lista continua …

Apenas em 2014, diferentes tipos de forças policiais mataram Ezell Ford (South Los Angeles, CA), Eric Garner (Staten Island, Nova Iorque), Jacorey Calhoun (Oakland, CA), John Crawford III (Beavercreek, Ohio,), Dante Parker (Victorville, CA), Omar Abrego (South Los Angeles, CA) e Alex Nieto (San Francisco, CA). Na maioria destes casos, os assassinatos geraram uma série de manifestações, mas os assassinos eram absolvidos pelos tribunais e não responsabilizados.

Esta epidemia de assassinatos racistas não diminuiu com a eleição de Obama, muito pelo contrário, ela continua a crescer, mostrando que os EUA ainda são hoje um país racista em que os jovens negros e latinos são vistos como "criminosos em potencial" por parte da polícia branca e da classe dominante. Os protestos contra este tipo de violência também mostram que a esperança da classe trabalhadora negra e de outros setores em Obama é cada vez menor, pois poucos ainda acreditam hoje que o presidente é um "amigo dos negros". Ao contrário, sua administração está continuanado a guerra doméstica e no exterior contra os que não são, e não serão, considerados iguais sob o capitalismo.
 
Por um movimento nacional contra a violência policial!

A rebelião de Ferguson continua, e nós devemos seguir seu exemplo em todos os lugares. Devemos construir um movimento nacional contra a brutalidade policial. Muitas vezes as lutas que irrompem em resposta à brutalidade policial estão geograficamente confinadas a uma cidade ou região pequena. Por exemplo, em 1992, os tumultos em Rodney King restringiram-se à Califórnia e, em 2009, os protestos e tumultos após o assassinato de Oscar Grant pela polícia de Oakland não se expandiu para além de Oakland. A violência policial não é um problema localizado, é o resultado de um estado racista que protege apenas os 1%. Portanto, todos nós, que lutamos contra a violência policial em nossas comunidades devemos nos unir e fazer o mesmo em outras partes do país.

Esta é a chave para aumentar as nossas forças e multiplicar nosso poder. Um movimento que una os jovens secundaristas e universitários em todo o país com os trabalhadores que lutam em suas fábricas e locais de trabalho em escala nacional é o que é necessário para avançar contra o estado de opressão e exploração que os trabalhadores negros enfrentam diariamente.

Para nós, socialistas, a brutalidade policial contra os negros são um ataque contra a classe trabalhadora como um todo, uma vez que nos mantém divididos e incapazes de nos unir na luta contra os 1%, isto é, a classe dominante. Isso ficou evidente no movimento Occupy, que teve que enfrentar divisões devido a conflitos de raça e de gênero. Nesta luta contra as piores manifestações de racismo, devemos fazer com que os trabalhadores brancos, asiáticos e latinos fiquem do lado dos trabalhadores negros.

Além disso, devemos mobilizar os sindicatos e exigir da AFL-CIO e da Federação Change to Win (Mudar para Ganhar) que tomem uma posição real frente à extrema cumplicidade do governo com a brutalidade policial.

Construir um movimento nacional contra a violência policial, com independência de classe e uma clara posição anti-racista, significaria chegar aos ativistas e organizações que lutam contra a violência policial localmente em todas as grandes cidades afetadas pela violência policial, aprendendo com suas lutas, e informando-os sobre a nossa. Mas também precisamos exigir a todos os sindicatos e federações sindicais que se unam nesta luta.

Para facilitar este processo, o Workers’ Voice/La Voz de los Trabajadores defende a realização de uma Conferência Nacional contra a Violência Policial. Esta conferência poderia estabelecer uma rede nacional que poderia distribuir informações sobre ocorrências de brutalidade policial e coordenar a estratégia e as ações contra tais episódios em todo o país.
 
Fim de toda violência policial!
Julgamento e punição para os assassinos de Michael Brown!
Libertação de todos os manifestantes detidos e fim de todas as acusações!
Guarda Nacional e Polícia: Fora de nossas comunidades!
Por um movimento e Conferência Nacional contra a Violência Policial!
 
Califórnia, 25 de agosto de 2014
 
www.lavozlit. com

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