45 oposicionistas são condenados em Hong Kong
Por: Fábio Bosco
No dia 19 de novembro, as autoridades judiciais de Hong Kong anunciaram as sentenças contra 45 oposicionistas por organizar uma votação primária para unificar a chamada “oposição pan-democrática” em julho de 2020, que contou com a participação de 610 mil votantes.
As sentenças variam de 4 a 10 anos de prisão.
O jurista Benny Tai, professor associado da Universidade de Hong Kong, foi condenado a dez anos de prisão por ser considerado o “mentor” das primárias.
O ativista de esquerda Leung Kwok-hung “Long Hair” foi condenado a 6 anos e nove meses de prisão.
A ex-presidenta da central sindical independente HKCTU, Carol Ng, foi condenada a 4 anos e cinco meses de prisão.
A presidenta da Aliança Sindical de Trabalhadores (as) em Hospitais Winnie Yu foi condenada a 6 anos e nove meses de prisão.
Familiares, amigos e correligionários fizeram uma longa fila para ingressar no Tribunal mas apenas 5 foram admitidos na platéia.
Chan Po-ying, presidenta do partido de esquerda Liga dos Sociais Democratas e companheira de “Long Hair”, declarou: “Meu único pensamento é que é um aborto da justiça e que eles não deveriam ter sido detidos por um dia sequer. O que eles fizeram – participar das eleições primárias – foi utilizar os direitos autorizados pela Lei Básica, para vetar o orçamento do governo e pressionar o governo a seguir a vontade popular, a vontade da maioria das pessoas e do público em geral”. (1)
O julgamento arbitrário também foi criticado pela representante da Anistia Internacional, Sarah Brooks, que declarou: “O chamado não é para uma “revisão”. É para revogação e libertação incondicional. A lei dos direitos humanos exigem nada menos que isso.”
A maioria dos oposicionistas está presa desde fevereiro de 2021, e poderão ter o tempo de prisão compensado. Mas caso haja outras condenações, elas são somadas.
É o caso de “Long Hair” que fora condenado a 18 meses de prisão por participação em duas manifestações de rua em 2019. (2)
A condenação dos oposicionistas está baseada na Lei de Segurança Nacional imposta pelo regime Chinês em 30 de junho de 2020.
A supressão das vozes dissidentes tem como objetivo impedir a liberdade de expressão e organização do gigantesco proletariado chinês, hoje vítima da exploração e opressão do capitalismo imperialista chinês. (3)
A central sindical e popular brasileira CSP-Conlutas enviou uma mensagem de solidariedade durante os protestos contra o G20 (vide foto acima), que se reuniu no Rio de Janeiro em 18 e 19 de novembro, e contou com a presença do presidente chinês Xi Jin-Ping.
A luta por liberdades democráticas em Hong Kong está indissoluvelmente ligada à luta por liberdades democráticas na China, contra a opressão e exploração do regime capitalista e imperialista chinês.
Notas:
(1)
https://hongkongfp.com/2024/11/19/we-will-survive-this-mixed-emotions-for-families-of-hong-kong-democrats-jailed-in-landmark-national-security-case/
(2)
https://litci.org/pt/2021/04/19/dirigentes-da-oposicao-pan-democratica-de-hong-kong-sao-condenados/?utm_source=copylink&utm_medium=browser
(3)
https://litci.org/pt/2024/06/14/liberdade-para-long-hair-e-todos-os-presos-politicos-de-hong-kong/?utm_source=copylink&utm_medium=browser