Enquanto se debate a crise política, o Orçamento 2024 aprofunda a crise social sem fim à vista
Nos últimos dias, o país foi tomado pelos debates dos casos de corrupção em torno do Governo de António Costa e pela marcação de novas eleições. Que a entrega do país e da sua mão-de-obra barata tem sido a tônica deste Governo, bem como dos anteriores, sejam eles do PS, Geringonças ou do PSD/CDS, já todos sabíamos. Que PS e PSD, e os setores da burguesia que ambos representam, andam a disputar os milhões do PRR também. Nesse sentido, a crise política surpreende pelo momento político e deixa dúvidas sobre quem a promoveu neste timing, mas o Governo de Costa não nos deixa saudades.
Por: Em Luta – Portugal
Já Marcelo, no autoritarismo que a Constituição lhe permite, impôs ao país o orçamento de um Governo esgotado, que mantém e aprofunda a crise social. Um OE que não garante o controle público dos preços da habitação, nem regula o mercado de arrendamento em prol do interesse público! Um orçamento que não garante um aumento geral de salários que reponha o poder de compra perante a inflação, ou que acabe com a precariedade laboral. Um OE que não resolve os gravíssimos problemas da saúde, que se destrói de dia para dia por falta de financiamento, para pagar a dívida.
Um orçamento que não devolve aos professores os anos de carreira congelados, nem fixa os novos professores, nem acaba com os bloqueios à evolução na carreira. Um orçamento que não tem um projeto verdadeiramente sustentável para o país e aposta tudo na falsidade de uma transição energética que só serve para dar dinheiro a uns quantos capitalistas, com enormes custos humanos e ambientais, como se mostra no caso do lítio.
Por isso, toda a troca de gahardetes entre PS e PSD e as possibilidades de Geringonças à Esquerda ou à Direita servem também para esconder a crise social que se expande no país. Mais do que discutir os próximos líderes parlamentares, o país precisa de discutir as alternativas para a vida dos trabalhadores e da juventude, que nenhum dos governos em cima da mesa vai resolver. É preciso dizer que, seja PS seja PSD, não é com repressão que se responde à juventude que procura lutar por um país e um futuro sustentável, mas com outro projeto de país. É preciso dizer que não é uma Geringonça de Esquerda que vai travar o crescimento do Chega, mas sim a construção de um projeto de país alternativo que mobilize os trabahadores contra a opressão e a exploração. Por isso, é preciso voltar à luta para travar o OE2023 e unir esforços para construir uma alternativa de verdadeira independência da classe trabalhadora.