As contas certas de Costa estão a dar cabo de nós
Há alguns dias, soubemos pelo INE que as contas do Estado tiveram um saldo orçamental positivo de 1,1% do PIB no 1.º semestre deste ano, e que podemos chegar ao final de 2023 com um saldo correspondente a +0,9% do PIB, segundo o Conselho de Finanças Públicas.
Por: Em Luta – Portugal
Estas notícias, que o Governo vende como grandes vitórias da sua governação, não correspondem, todavia, à situação de profunda crise social que atravessa o país, de onde se destaca a crise da habitação, os altos preços dos bens essenciais e combustíveis, a falta de professores por todo o país ou a destruição progressiva do SNS.
As contas certas contam no investimento público num projeto de país digno para a classe trabalhadora. Resultado: ter trabalho deixou de garantir o sustento, mais pessoas a viver na rua e jovens sem perspectiva de futuro. O dinheiro está no lugar errado, a começar pela proteção aos bancos (pelo Governo e Banco Central Europeu/União europeia), que fazem a festa com os juros enquanto o povo luta para não entrar em incumprimento e conseguir comer. As contas certas estão a dar cabo de nós, trabalhadores, jovens e população mais pobre, que somos a maioria do país.
Ao mesmo tempo, o Chega, com a sua moção de censura ao Governo do PS, procura cavalgar esta situação dramática, apresentando-se contra “a degeneração do sistema democrático”. O programa do Chega de democrático não tem nada e é ainda mais liberal e destrutivo nos pontos em que critica o PS – saúde, habitação, pobreza, justiça e TAP. O seu projeto não implica o reforço de nenhum destes serviços públicos, propondo o reforço da desregulação privada e dos interesses dos grandes patrões, enquanto ataca as liberdades democráticas, com uma política autoritária e claramente xenófoba. O resto da direita e o seu neoliberalismo não são alternativa, como os governos anteriores bem demonstraram.
Mas também na esquerda parlamentar não há um caminho que se distancie do PS. A Geringonça serviu para afogar a combatividade das lutas em acordos com o PS que não reverteram a austeridade e que reforçaram este partido. Não há pacto com o PS que sirva os trabalhadores, ao contrário do que tanto PCP e BE procuram.
As manifestações dos professores e da habitação do ano passado mostram o caminho que é preciso trilhar de independência do Governo e dos patrões para impor soluções que verdadeiramente sirvam os trabalhadores e a população mais pobre.