França| Exigimos uma resposta urgente ao legítimo levante popular. Sem justiça não há paz

Não devemos ficar calados ou passivos diante dessa situação
A revolta popular na França cresce e se espalha a partir do assassinato do jovem Nahel pelas mãos de um policial em Nanterre. Jovens das periferias se identificaram com o caso e se solidarizaram e exigiram que situações como essa não se repitam.
Por: Rede União Internacional de Solidariedade e Lutas, 29/06/2023
Esta situação não é resultado de um evento isolado ou de um simples acidente. É fruto de sucessivos governos que negam o racismo estrutural e o sistema de violência policial. É o resultado de décadas de políticas repressivas, herdadas das práticas coloniais de gestão populacional, que se refletem nos bairros populares. É o resultado das desigualdades sociais e territoriais, da destruição dos serviços públicos, da precariedade das moradias e do desmonte do tecido da vida comunitária, que afeta milhões de trabalhadores todos os dias.
Em suma, são os símbolos do Estado os que estão na mira para serem danificados ou destruídos. É sempre lamentável ver escolas danificadas, mas isso não pode servir de cortina de fumaça para reprimir as mobilizações populares. Lojas de grandes marcas também foram alvo. Embora possa ter um efeito inesperado, não podemos deixar de nos impressionar com as imagens de carrinhos de compras cheios de produtos de primeira necessidade, que lançam uma luz sobre a dura crise social ligada aos salários e à inflação.
Precisamos acabar com esses assassinatos e dar respostas políticas e sociais, medidas concretas, a começar por uma reforma da lei de 2017 sobre as condições de uso de armas pela polícia e, ainda, de toda a instituição policial. Temos que destruir o sistema racista e desenvolver e fortalecer os serviços públicos e a justiça social. Essa é a única maneira de aliviar a tensão: por meio de uma mudança fundamental.
Infelizmente, o governo parece querer manter uma abordagem repressiva, e a pressão para decretar o estado de emergência aumenta a cada hora. Estamos muito preocupados com as prisões em massa, a violência e a repressão que milhares de jovens sofrerão, provavelmente sem que seus direitos sejam respeitados. Acabamos de saber que uma pessoa foi morta a tiros na Guiana Francesa, embora ainda não saibamos os detalhes.
Não podemos ficar calados ou passivos nesta situação. Devemos tentar, em todos os níveis, iniciar uma ampla ação unida para influenciar a situação. Sem justiça não há paz.