qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Partido dos Trabalhadores: 17 anos construindo uma alternativa operária e socialista na Costa Rica

“Não somos um partido igual aos demais. Não ambicionamos somente ter mais filiados, mais jornais, mais dinheiro, mais deputados. Tudo isso faz falta, mas não é mais que um meio. Nosso objetivo é a total libertação, material e espiritual, dos trabalhadores e dos explorados por meio da revolução socialista.”

León Trotsky, Fundação da Quarta Internacional, 1938.

A existência de um partido revolucionário na Costa Rica é um fato

Em 21 de outubro completam 17 anos da fundação do Partido dos Trabalhadores. Celebramos mais um ano da existência de um instrumento político que busca a emancipação total das e dos trabalhadores em nosso país e no mundo.

Embora ainda pequeno em tamanho, é um fato conhecido entre a vanguarda e um setor do movimento sindical e popular, a existência de uma organização que se empenha em defender as bandeiras da revolução, do socialismo e da democracia operária. Essa organização é o Partido dos Trabalhadores, sua existência é um fato inquestionável e um triunfo da classe operária.

Por: PT – Costa Rica

O internacionalismo proletário

O partido surge quando um grupo de estudantes, em 2005, saíram de outra organização chamada MTC, por defenderem a necessidade de construir um partido vinculado organicamente à experiência da Liga Internacional dos Trabalhadores. Desde seu nascimento, temos lutado contra os desvios “nacionalistas”, ligando-se ao processo mais dinâmico de reconstrução do partido mundial da revolução: a LIT-QI. Essa convicção internacionalista nunca abandonou o partido, acreditamos firmemente que não existe “socialismo nacional” e que não é possível construir organizações socialistas sem fazer parte de um movimento mundial, sem fazer parte de um partido mundial da revolução socialista organizado sobre a base do centralismo democrático.

Este internacionalismo é também o que nos impulsionou a ajudar a reconstruir a LIT-QI na América Central, luta hoje materializada na existência do PST hondurenho e o PCT salvadorenho.

O internacionalismo proletário de nosso partido também está presente em nossa constante militância entre os operários e camponeses nicaraguenses na Costa Rica e na luta desde o primeiro dia contra as tiranias nos países vizinhos de Daniel Ortega, Bukele, Roberto Michelleti e Juan Orlando Hernández.

Longe das fronteiras centro-americanas com nossa permanente colaboração nos processos mais avançados da luta de classes, hoje em dia representados, por exemplo, na revolução chilena e com o apoio operário à resistência na Ucrânia.

O movimento estudantil

O partido surgiu no movimento estudantil da Universidade da Costa Rica (UCR). Entre 2004 e 2012 desempenhou um papel hegemônico através da corrente Convergência, dirigindo a Federação de Estudantes. Lutamos para dinamizar o movimento estudantil e educá-lo nos métodos de luta direta, mecanismos de decisão democráticos, assembleias, em construir uma aliança operário-estudantil. Assim, lutamos por mais bolsas de estudo e cotas, por edifícios novos como o de Ciências Sociais e Tecnologias da Saúde, o edifício da Reitoria foi várias vezes ocupado e foi construído um Encontro Nacional de Estudantes para lutar pelos 8% do PIB para a educação pública e 1,5% para o Fundo Especial para a Educação Superior – FEES (bandeiras ainda atuais). Para nos tirar da direção do movimento estudantil foi preciso um acordo corrupto entre a FA (Frente Ampla) e PAC (Partido Ação Cidadã). Os efeitos desorganizadores desse nefasto pacto ainda são sentidos no movimento estudantil.

Anti-imperialismo

A partir do movimento estudantil e em aliança com um setor do sindicalismo combativo, levamos adiante a luta contra o Tratado de Livre Comércio (TLC) em 2007, sob a consigna greve geral contra o TLC, para diferenciar do setor do PAC, dos acadêmicos e do sindicalismo branco que apostou pela luta via referendo. O movimento foi derrotado nas águas podres da democracia burguesa, nosso partido saiu publicamente para ignorar os resultados desse processo eleitoral. Foi a primeira grande batalha contra a “sacrossanta democracia burguesa”.

O movimento sindical e a luta pela democracia sindical

Depois o partido teve um giro para o movimento sindical onde, em duas ocasiões, enfrentou a burocracia sindical de Albino Vargas na Associação Nacional dos Empregados Públicos e Privados (ANEP), no melhor momento a tendência RESCATE obteve 40% dos votos e foi somente por métodos de gangsters da burocracia que uma revolução democrática na ANEP não foi alcançada. Entre o movimento de funcionários públicos, o partido levou adiante uma proposta de sindicalismo combativo e democrático que buscasse a unidade dos funcionários públicos e trabalhadores do setor privado, esta tem sido nossa bandeira dentro da ANEP, APSE (Associação dos Professores do Ensino Médio), ANDE (associação Nacional de Educadores/as), SINDEU (Sindicatos de Empregados da Universidade da Costa Rica), UNATROPYT (União Nacional de Trabalhadores de Obras Públicas e Transporte). Este projeto permitiu levar nosso companheiro Jhon Vega à diretoria da APSE em um verdadeiro terremoto antiburocrático nesse sindicato. Um reconhecimento de anos de luta por um sindicalismo de luta e democrático.

A luta pela reforma agrária 

O giro para construir um partido do povo trabalhador se aprofundou quando iniciamos o trabalho entre os camponeses sem terra, em abril de 2011, iniciamos a luta pela terra em Medio Queso de Los Chiles, província de Alajue, conseguindo a expropriação em 2013. Hoje o partido acompanha a experiência da Alianza Campesina, uma ocupação de terras em 8 assentamentos e que envolve 600 famílias. A consigna continua sendo a luta pela reforma agrária e Terra para quem a Trabalha. Nestas lutas temos enfrentado os enganos dos burocratas do INDER (Instituto de Desenvolvimento Rural) de quatro governos diferentes e o assédio das forças policiais e parapoliciais que campeiam livremente no norte do país.

O sindicalismo no proletariado industrial e agrícola

Em 2016, o partido acompanhou a fundação do SITRASEP (sindicato dos Trabalhadores do Setor Privado) de onde tem impulsionado o sindicalismo na empresa privada, em meio à dura ditadura patronal que impera nas fábricas de nosso país. Temos acompanhado a luta e a organização de dezenas de conflitos nas bananeiras, nas plantações de abacaxi, nas construções e empresas terceirizadas.

Recentemente este trabalho foi ampliado com a coordenação e apoio aos trabalhos do Sindicato UDECO em Dos Pinos e SINATRAA (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Agroindústria e Afins). Podemos dizer com todo o orgulho que somos a organização política cujo centro é construir-se na classe operária e ajudar a desenvolver uma vanguarda operária com consciência socialista.

Luta contra as opressões

A luta combinada contra a exploração e a opressão sempre acompanhou a formação do partido nas lutas operárias e camponesas. Destacamos a luta contra a xenofobia, para nós a América Central é uma só nação e os trabalhadores nicaraguenses são a vanguarda da luta contra o capitalismo em nosso país.

Mas, desde muito cedo, nosso partido também se destacou na luta contra todas as formas de opressão e violência contra as mulheres, desde nossa fundação fizemos nosso programa: educação sexual científica, anticonceptivos gratuitos e direito a decidir, como parte da luta contra o machismo. Embora alguns partidos escondam este programa para não perder votos, nossa organização tem sido a única força política nacional que defende sem rodeios o direito das mulheres de decidir sobre seu próprio corpo. Mas não é somente este programa democrático que defendemos, também realizamos campanhas pela socialização das tarefas de cuidados, ou seja, nosso partido concebe a luta pela libertação da mulher, como parte integrante da luta pela emancipação da classe operária.

Luta contra a democracia dos ricos

Contra os preconceitos anarquistas e autonomistas, nossa organização participou em quatro ocasiões em processos eleitorais, usando as liberdades democráticas para denunciar a falsidade do regime da democracia dos ricos e agitar nossa proposta socialista. Pela primeira vez dezenas de milhares de pessoas escutaram as propostas socialistas em sua vida. “Gregos e troianos” reconheceram o valor e a seriedade com que nossos candidatos enfrentaram os candidatos da burguesia e do reformismo.

Usamos as eleições como um espaço para enfrentar a burguesia e o reformismo, para propor nossas ideias socialistas, não para adormecer a consciência de luta como o “progressismo” tem feito por anos em suas duas variantes, o PAC e a FA.

Nossas tarefas hoje

Estamos na presença da decomposição orgânica do neoliberalismo, a classe operária teve que sofrer os embates da pandemia e da guerra. A vida é insuportável, desemprego de13,3%, milhões na pobreza, quase um milhão de trabalhadores na informalidade, inflação de 12%, os salários congelados, os serviços públicos cortados brutalmente. A classe dominante em total perplexidade, esse é o governo de Rodrigo Chaves. Um governo que surge do mal estar com a política tradicional, que mobiliza o conservadorismo e o machismo para suas próprias fileiras e que como todos governa para os super ricos. Esse é hoje nosso principal inimigo no país.

Hoje nosso partido ocupa o espaço da oposição de esquerda radical ao governo e ao regime da democracia dos ricos e somos o partido do trabalho entre os migrantes operários e camponeses, assim como o que luta ativamente contra todas as opressões contra as mulheres, os jovens, a comunidade trans e LGTB+.

Frente ao governo de Rodrigo Chaves, o governo da decomposição neoliberal, nosso partido mantém mais vigentes do que nunca suas propostas e suas tarefas: um partido construído na luta da classe operária e dos camponeses. Um partido para a luta contra as opressões, um partido que luta pela unificação socialista da América Central e que contribui ativamente na construção da LIT-QI, o embrião do partido mundial da revolução socialista.

Convidamos toda a vanguarda estudantil, operária e camponesa deste país a conhecer nossa proposta e nossas ideias, a construir conosco o Partido dos Trabalhadores, o partido das lutas, da revolução e do socialismo.

tradução: Lilian Enck

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