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Costa Rica

Partido dos Trabalhadores: 17 anos construindo uma alternativa operária e socialista na Costa Rica

novembro 3, 2022

“Não somos um partido igual aos demais. Não ambicionamos somente ter mais filiados, mais jornais, mais dinheiro, mais deputados. Tudo isso faz falta, mas não é mais que um meio. Nosso objetivo é a total libertação, material e espiritual, dos trabalhadores e dos explorados por meio da revolução socialista.”

León Trotsky, Fundação da Quarta Internacional, 1938.

A existência de um partido revolucionário na Costa Rica é um fato

Em 21 de outubro completam 17 anos da fundação do Partido dos Trabalhadores. Celebramos mais um ano da existência de um instrumento político que busca a emancipação total das e dos trabalhadores em nosso país e no mundo.

Embora ainda pequeno em tamanho, é um fato conhecido entre a vanguarda e um setor do movimento sindical e popular, a existência de uma organização que se empenha em defender as bandeiras da revolução, do socialismo e da democracia operária. Essa organização é o Partido dos Trabalhadores, sua existência é um fato inquestionável e um triunfo da classe operária.

Por: PT – Costa Rica

O internacionalismo proletário

O partido surge quando um grupo de estudantes, em 2005, saíram de outra organização chamada MTC, por defenderem a necessidade de construir um partido vinculado organicamente à experiência da Liga Internacional dos Trabalhadores. Desde seu nascimento, temos lutado contra os desvios “nacionalistas”, ligando-se ao processo mais dinâmico de reconstrução do partido mundial da revolução: a LIT-QI. Essa convicção internacionalista nunca abandonou o partido, acreditamos firmemente que não existe “socialismo nacional” e que não é possível construir organizações socialistas sem fazer parte de um movimento mundial, sem fazer parte de um partido mundial da revolução socialista organizado sobre a base do centralismo democrático.

Este internacionalismo é também o que nos impulsionou a ajudar a reconstruir a LIT-QI na América Central, luta hoje materializada na existência do PST hondurenho e o PCT salvadorenho.

O internacionalismo proletário de nosso partido também está presente em nossa constante militância entre os operários e camponeses nicaraguenses na Costa Rica e na luta desde o primeiro dia contra as tiranias nos países vizinhos de Daniel Ortega, Bukele, Roberto Michelleti e Juan Orlando Hernández.

Longe das fronteiras centro-americanas com nossa permanente colaboração nos processos mais avançados da luta de classes, hoje em dia representados, por exemplo, na revolução chilena e com o apoio operário à resistência na Ucrânia.

O movimento estudantil

O partido surgiu no movimento estudantil da Universidade da Costa Rica (UCR). Entre 2004 e 2012 desempenhou um papel hegemônico através da corrente Convergência, dirigindo a Federação de Estudantes. Lutamos para dinamizar o movimento estudantil e educá-lo nos métodos de luta direta, mecanismos de decisão democráticos, assembleias, em construir uma aliança operário-estudantil. Assim, lutamos por mais bolsas de estudo e cotas, por edifícios novos como o de Ciências Sociais e Tecnologias da Saúde, o edifício da Reitoria foi várias vezes ocupado e foi construído um Encontro Nacional de Estudantes para lutar pelos 8% do PIB para a educação pública e 1,5% para o Fundo Especial para a Educação Superior – FEES (bandeiras ainda atuais). Para nos tirar da direção do movimento estudantil foi preciso um acordo corrupto entre a FA (Frente Ampla) e PAC (Partido Ação Cidadã). Os efeitos desorganizadores desse nefasto pacto ainda são sentidos no movimento estudantil.

Anti-imperialismo

A partir do movimento estudantil e em aliança com um setor do sindicalismo combativo, levamos adiante a luta contra o Tratado de Livre Comércio (TLC) em 2007, sob a consigna greve geral contra o TLC, para diferenciar do setor do PAC, dos acadêmicos e do sindicalismo branco que apostou pela luta via referendo. O movimento foi derrotado nas águas podres da democracia burguesa, nosso partido saiu publicamente para ignorar os resultados desse processo eleitoral. Foi a primeira grande batalha contra a “sacrossanta democracia burguesa”.

O movimento sindical e a luta pela democracia sindical

Depois o partido teve um giro para o movimento sindical onde, em duas ocasiões, enfrentou a burocracia sindical de Albino Vargas na Associação Nacional dos Empregados Públicos e Privados (ANEP), no melhor momento a tendência RESCATE obteve 40% dos votos e foi somente por métodos de gangsters da burocracia que uma revolução democrática na ANEP não foi alcançada. Entre o movimento de funcionários públicos, o partido levou adiante uma proposta de sindicalismo combativo e democrático que buscasse a unidade dos funcionários públicos e trabalhadores do setor privado, esta tem sido nossa bandeira dentro da ANEP, APSE (Associação dos Professores do Ensino Médio), ANDE (associação Nacional de Educadores/as), SINDEU (Sindicatos de Empregados da Universidade da Costa Rica), UNATROPYT (União Nacional de Trabalhadores de Obras Públicas e Transporte). Este projeto permitiu levar nosso companheiro Jhon Vega à diretoria da APSE em um verdadeiro terremoto antiburocrático nesse sindicato. Um reconhecimento de anos de luta por um sindicalismo de luta e democrático.

A luta pela reforma agrária 

O giro para construir um partido do povo trabalhador se aprofundou quando iniciamos o trabalho entre os camponeses sem terra, em abril de 2011, iniciamos a luta pela terra em Medio Queso de Los Chiles, província de Alajue, conseguindo a expropriação em 2013. Hoje o partido acompanha a experiência da Alianza Campesina, uma ocupação de terras em 8 assentamentos e que envolve 600 famílias. A consigna continua sendo a luta pela reforma agrária e Terra para quem a Trabalha. Nestas lutas temos enfrentado os enganos dos burocratas do INDER (Instituto de Desenvolvimento Rural) de quatro governos diferentes e o assédio das forças policiais e parapoliciais que campeiam livremente no norte do país.

O sindicalismo no proletariado industrial e agrícola

Em 2016, o partido acompanhou a fundação do SITRASEP (sindicato dos Trabalhadores do Setor Privado) de onde tem impulsionado o sindicalismo na empresa privada, em meio à dura ditadura patronal que impera nas fábricas de nosso país. Temos acompanhado a luta e a organização de dezenas de conflitos nas bananeiras, nas plantações de abacaxi, nas construções e empresas terceirizadas.

Recentemente este trabalho foi ampliado com a coordenação e apoio aos trabalhos do Sindicato UDECO em Dos Pinos e SINATRAA (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Agroindústria e Afins). Podemos dizer com todo o orgulho que somos a organização política cujo centro é construir-se na classe operária e ajudar a desenvolver uma vanguarda operária com consciência socialista.

Luta contra as opressões

A luta combinada contra a exploração e a opressão sempre acompanhou a formação do partido nas lutas operárias e camponesas. Destacamos a luta contra a xenofobia, para nós a América Central é uma só nação e os trabalhadores nicaraguenses são a vanguarda da luta contra o capitalismo em nosso país.

Mas, desde muito cedo, nosso partido também se destacou na luta contra todas as formas de opressão e violência contra as mulheres, desde nossa fundação fizemos nosso programa: educação sexual científica, anticonceptivos gratuitos e direito a decidir, como parte da luta contra o machismo. Embora alguns partidos escondam este programa para não perder votos, nossa organização tem sido a única força política nacional que defende sem rodeios o direito das mulheres de decidir sobre seu próprio corpo. Mas não é somente este programa democrático que defendemos, também realizamos campanhas pela socialização das tarefas de cuidados, ou seja, nosso partido concebe a luta pela libertação da mulher, como parte integrante da luta pela emancipação da classe operária.

Luta contra a democracia dos ricos

Contra os preconceitos anarquistas e autonomistas, nossa organização participou em quatro ocasiões em processos eleitorais, usando as liberdades democráticas para denunciar a falsidade do regime da democracia dos ricos e agitar nossa proposta socialista. Pela primeira vez dezenas de milhares de pessoas escutaram as propostas socialistas em sua vida. “Gregos e troianos” reconheceram o valor e a seriedade com que nossos candidatos enfrentaram os candidatos da burguesia e do reformismo.

Usamos as eleições como um espaço para enfrentar a burguesia e o reformismo, para propor nossas ideias socialistas, não para adormecer a consciência de luta como o “progressismo” tem feito por anos em suas duas variantes, o PAC e a FA.

Nossas tarefas hoje

Estamos na presença da decomposição orgânica do neoliberalismo, a classe operária teve que sofrer os embates da pandemia e da guerra. A vida é insuportável, desemprego de13,3%, milhões na pobreza, quase um milhão de trabalhadores na informalidade, inflação de 12%, os salários congelados, os serviços públicos cortados brutalmente. A classe dominante em total perplexidade, esse é o governo de Rodrigo Chaves. Um governo que surge do mal estar com a política tradicional, que mobiliza o conservadorismo e o machismo para suas próprias fileiras e que como todos governa para os super ricos. Esse é hoje nosso principal inimigo no país.

Hoje nosso partido ocupa o espaço da oposição de esquerda radical ao governo e ao regime da democracia dos ricos e somos o partido do trabalho entre os migrantes operários e camponeses, assim como o que luta ativamente contra todas as opressões contra as mulheres, os jovens, a comunidade trans e LGTB+.

Frente ao governo de Rodrigo Chaves, o governo da decomposição neoliberal, nosso partido mantém mais vigentes do que nunca suas propostas e suas tarefas: um partido construído na luta da classe operária e dos camponeses. Um partido para a luta contra as opressões, um partido que luta pela unificação socialista da América Central e que contribui ativamente na construção da LIT-QI, o embrião do partido mundial da revolução socialista.

Convidamos toda a vanguarda estudantil, operária e camponesa deste país a conhecer nossa proposta e nossas ideias, a construir conosco o Partido dos Trabalhadores, o partido das lutas, da revolução e do socialismo.

tradução: Lilian Enck

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