qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Seis meses após a invasão russa na Ucrânia

A invasão russa na Ucrânia completa seis meses. Quando as tropas de Putin entraram em solo ucraniano em 24 de fevereiro, após meses de coerção por meio de mais de cem mil soldados estacionados nas fronteiras, tudo indicava que a enorme desproporção entre ambas as forças militares resultaria em uma vitória rápida para o Kremlin. Contra todas as probabilidades, não foi o que aconteceu.

Por: Daniel Sugasti

As ambições de Putin colidiram com a resistência do povo ucraniano, que enfrentou a segunda potência militar do planeta. Para se ter uma ideia da brutalidade dos invasores, consideremos que, no primeiro mês de guerra, a Ucrânia sofreu um bombardeio a cada 36 minutos. No último mês, foi um a cada 12 minutos.

Mas isso não eliminou a moral popular. Além das ações do Exército regular, milhares de civis assumiram tarefas na defesa do país. As imagens de centenas de pessoas se organizando para fazer coquetéis molotov, receber treinamento militar rápido ou colaborar de todas as formas possíveis na retaguarda, em diferentes cidades, comoveram o mundo.

Essa resistência, juntamente com erros logísticos por parte dos russos, fez com que Putin abandonasse o plano inicial de uma conquista relâmpago de Kyiv. Em março, Moscou anunciou que concentraria seus esforços militares no controle de Donbas e do sul da Ucrânia.

A retirada russa dos arredores de Kyiv deixou um terrível rastro de atrocidades contra civis, como foi confirmado em Bucha e outras cidades. No Sul, a conquista de Mariupol, importante cidade portuária do Mar de Azov, envolveu meses de enorme esforço das tropas russas. Na verdade, essa posição só pôde ser tomada no final de maio, após sua destruição e inúmeros crimes de guerra.

Civis ucranianos tentam escapar de bombardeio russo

Nos últimos meses, a guerra entrou em uma fase de estagnação e desgaste mútuo. A Rússia, com o apoio de grupos mercenários separatistas pró-Rússia, conquistou grande parte de Donbas, a região mineira e mais industrializada da Ucrânia.

Mas não está sendo fácil. Putin encontra forte resistência no Leste (os russos não conseguiram conquistar Kharkiv, a segunda maior cidade do país) e deve responder a uma série de contra-ataques ucranianos no Sul (como em Kherson), forçando-o a dividir suas forças. Em muitas localidades, também há ações de guerrilhas ucranianas contra o invasor. No entanto, a superioridade militar da Rússia no terreno continua avassaladora, especialmente em termos de artilharia e poder aéreo.

A guerra é longa e cara. Milhares morreram. Dezenas de cidades estão destruídas. Mais de seis milhões deixaram o país. Aos que ficaram falta o mais básico: comida, água potável, aquecimento, etc.

Mas a Ucrânia não está desistindo. A principal tarefa continua sendo derrotar a invasão russa. Expulsar as tropas de Putin do território ucraniano é crucial. Para atingir esse objetivo, não se deve confiar em Zelensky, que encabeça um governo burguês, a serviço dos oligarcas, que aproveita a situação de guerra para atacar ainda mais as condições de existência da classe trabalhadora, minando assim a resistência contra os ocupantes. Por causa de seu caráter de classe, o governo Zelensky trairá a luta de seu próprio povo mais cedo ou mais tarde.

A invasão de Putin deixa rastro de morte, atrocidades e destruição

Também não se deve confiar no imperialismo estadunidense e europeu (OTAN), que não estão dispostos a tolerar uma vitória genuína dos explorados na Ucrânia contra Putin. É por isso que eles enviam armas, principalmente defensivas e até obsoletas, em conta gotas. Por isso, eles mantêm seus negócios com Putin. O imperialismo não está interessado na soberania da Ucrânia. De fato, em várias ocasiões os líderes mundiais admitiram conceber a ideia de dividir o país. A classe operária e o povo explorado, ao contrário, estão interessados ​​em derrotar os invasores, recuperando todo o território ocupado, incluindo a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

A LIT-QI apoiou a causa do povo ucraniano desde o início, mantendo total independência e oposição ao governo e à burguesia ucraniana e à OTAN. Promovemos palestras e protestos em diferentes países. Organizamos, juntamente com mineiros ucranianos e outras organizações, um comboio de solidariedade com a resistência que chegou à Ucrânia.

Sustentamos que a natureza do conflito é determinada pela agressão militar de um país mais poderoso (Rússia) a um mais fraco (Ucrânia). Portanto, apoiamos a luta dos trabalhadores e do povo ucraniano contra a invasão e somos pela derrota das tropas russas nesta guerra.

Nesse sentido, é necessário impulsionar mobilizações para expressar publicamente o apoio à resistência ucraniana, como tem acontecido na Europa e em outras partes do mundo. É lamentável que a maior parte da esquerda defende posições pacifistas e equidistantes, ou apoia a invasão de Putin.

Por outro lado, é necessário e correto mobilizar-se para exigir que os governos (especialmente os dos países imperialistas) entreguem à resistência ucraniana armas pesadas, com poder ofensivo, e todos os materiais essenciais (munições, alimentos, remédios) diretamente e sem qualquer condição.

Somos totalmente contra a interferência da OTAN no conflito e exigimos sua dissolução. Apelamos também ao combate às medidas de “fortalecimento” dos exércitos que a compõem, porque são uma ameaça para todos os povos do mundo. Mas é preciso, além de denunciar e mostrar o papel desses governos, exigir que entreguem armas pesadas, aviões de combate e toda a tecnologia militar exigida pela resistência ucraniana, sem condições.

A guerra de libertação contra os ocupantes só pode ter sucesso se, cada vez mais, se desenvolver como uma guerra da classe operária e do povo ucraniano. Na Rússia, país agressor, apoiamos e impulsionamos as mobilizações e expressões de repúdio à guerra e à invasão, que o regime de Putin reprime violentamente.

Os ucranianos estão lutando heroicamente contra a invasão comandada pelo regime de Putin. Já infligiram derrotas significativas aos ocupantes. Mostraram que a máquina de guerra russa pode ser derrotada e, assim, derrotar um grande colaborador da contrarrevolução no mundo.

Portanto, a luta do povo ucraniano não é apenas para libertar seu próprio país. Uma derrota do regime de Putin nesta invasão daria um grande impulso à luta dos trabalhadores e das massas em todos os países.

Continuaremos na linha de frente do apoio ao povo ucraniano. Somente a partir do apoio à resistência ucraniana se pode combater e desmascarar a OTAN, os EUA, a UE (União Europeia) e ao próprio governo oligárquico de Zelensky, incapaz de enfrentar a luta contra o agressor russo até as últimas consequências.

Trabalhadores do mundo, unam-se em apoio à resistência ucraniana!

Pela derrota das tropas da Rússia!

Armas para o povo ucraniano!

Viva a resistência ucraniana!

Sem confiança nos EUA, UE, OTAN!

Pela dissolução da OTAN!

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares