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Costa Rica

Costa Rica| O que virá para a classe trabalhadora com o novo governo

maio 3, 2022

No dia 3 de abril, Rodrigo Chaves foi eleito no segundo turno, apesar de até alguns anos atrás ser totalmente desconhecido a nível nacional e dos sérios questionamentos por assédio sexual.

Por: PT-Costa Rica

Embora Chaves se apresente como a mudança e o representante do “partido mais pobre”, chegou respaldado por grandes empresários como Jack Loeb Casanova do grupo financeiro Prival –fundador do questionado Fideicomiso de Chaves-, Calixto Chaves, um grande empresário ligado no passado a negócios como o de Pipasa e a escândalos como o do Banco Anglo ou Bernal Jiménez Chavarría, um grande empresário importador de arroz e que foi membro da Junta Directiva do BCCR.

Que um desconhecido e acusado por assédio sexual consiga impor-se em uma eleição não deveria ser motivo de surpresa. Nossa democracia é na realidade a democracia dos ricos, onde os milhões podem fazer crescer um candidato. Certamente esse não é o único elemento que explica sua vitória, mas sem essas regras antidemocráticas e sem essa dança de milhões sua eleição seria impossível.

Governar com os mesmos de sempre

Em sua campanha dizia que o PLN (Partido Liberação Nacional) era um “clube de amigos e parentes”, falava da “imprensa canalha”, da “cumplicidade” e da “corrupção”. Mas no mesmo dia de sua eleição estende a mão a todos os poderes fáticos, à grande imprensa, aos mega ricos, aos partidos tradicionais como os quais, sem nenhuma dúvida, governará ou tentará lhes convencer para que o deixem governar.

Sua eleição é uma mudança para que não mude nada, os ricos continuarão acumulando fortunas enquanto a classe trabalhadora terá que suportar todo o peso da crise. Chaves conseguiu canalizar uma grande parte do descontentamento acumulado por anos frente aos partidos tradicionais como o PLN e ao repúdio generalizado contra o PAC (Partido Ação Cidadã). Seu discurso foi apresentado como novo, como uma ruptura com o passado. Mas sua acomodação foi muito rápida, tão rápida como o próprio discurso da vitória ou a primeira semana posterior à sua eleição quando se fundiu num abraço com José María Figueres.

Organizar a resistência frente a quatro anos de duros ataques

Chaves continuará aplicando as mesmas velhas receitas contra a classe trabalhadora (cortes orçamentários, contra a reforma trabalhista, impostos aos pobres, políticas para favorecer os grandes ricos, etc). Depois da posse vem as verdadeiras ações como a continuação dos acordos com o FMI; a resistência começa por denunciar desde já a farsa de Chaves e por não incentivar nenhuma confiança em uma mudança que não virá.

O governo de Carlos Alvarado e do Presidente Chaves falam de uma transição ordenada, ou seja, que mantém todos os ataques do atual governo PAC.

Algumas burocracias sindicais tentam nos fazer acreditar que é possível propor ao novo governo algumas mudanças em questões como a Lei do Emprego Público. A maioria da direção da APSE (Associação de Professores), por exemplo, concordou em tomar providências para uma audiência com Chaves, Albino Vargas também fez sua parte com uma carta aberta, outros inclusive foram mais além como Lenin Hernández do SINAE-Rerum Novarum (SINAE – Sindicato Nacional de Enfermeiros), que se somou à campanha de Chaves.

Um governo deslegitimado que apostará na repressão

A eleição de Chaves já evidenciou o grande descontentamento social que existe, uma abstenção histórica, a menor votação de um candidato eleito no segundo turno, o dobro dos votos nulos e brancos em relação à eleição passada e o maior número num segundo turno, são parte destes elementos de crise em um sistema eleitoral. Um candidato repudiado por um grande setor da população e especialmente pelo movimento de mulheres pelas suas práticas de assédio e suas atitudes machistas em geral, que não foi a aposta segura da burguesia como estratégia de controle, é sem dúvida um governo muito instável.

A fragilidade de seu governo será compensada com medidas repressivas diante de qualquer manifestação de luta. Por isso na mesma semana de sua eleição Chaves buscou refúgio nos aparatos de segurança do Estado como a DIS: já são considerados como nomes de seu possível gabinete, ex-ministros como Juan Diego Castro ou Rogelio “Rambo” Ramos, ambos com um passado altamente repressivo.

Nós do PT temos claro que virão quatro anos de luta intensa, de luta intensa como lutam os povos centro-americanos contra as ditaduras e os governos vendidos. Nessa luta temos muito em jogo e é nesse terreno no qual podemos vencer.

Tradução: Lilian Enck

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