Honduras| Não à nova fraude eleitoral, preparar a luta para derrubar a ditadura!
Mais uma vez, o povo foi levado para o campo das eleições, convocadas pela mesma ditadura, a máfia corrupta, ligada ao narcotráfico e que está no poder através de duas fraudes eleitorais, nos afundando durante doze anos em uma situação de pobreza, violência e opressão, que não fomos capazes de reverter.
Por: PST – Honduras
Mais uma vez, como a cada quatro anos, o povo é incentivado a votar com bandeiras vermelhas, azuis e diversas combinações que representam uma gama de partidos burgueses eleitoreiros. Em seu interior não são mais que siglas criadas para servir ao mesmo regime, e outros com um discurso diferente, mas que nos fatos mostraram uma completa colaboração e cumplicidade para que se consolide este vergonhoso e odiado regime ditatorial liderado por JOH (Juan Orlando Hernández).
A campanha política é levada a cabo em um ambiente tenso imposto pelo regime, chegando ao extremo, assassinando ativistas e candidatos opositores em seus diferentes níveis e localidades do país. Mostrando com tudo isto que querem continuar controlando o poder para seus fins antipopulares e continuar expandindo seus negócios do narcotráfico com a aprovação do imperialismo e de organismos internacionais que, mesmo sabendo de sua participação nessas atividades, continuam a respaldá-lo para que continue manipulando, corrompendo e controlando a institucionalidade,
Ao mesmo tempo, começa uma chuva de bônus ou esmolas para comprar a consciência dos empobrecidos pelo mesmo regime, dando desde 7,8 até 12 mil lempiras (moeda do país, ndt.) por voto, dinheiro tirado do próprio povo, deixando de investir em hospitais, médicos e remédios e evitar a morte de mais de 10 mil hondurenhos pela Covid 19.
Esse dinheiro que hoje se distribui representa mais endividamento, mais opressão e submissão de nossas futuras gerações para pagar juros intermináveis. Mas hoje é distribuído o que poderia ser investido na construção, reforma e habilitação das escolas para o próximo ano com sistemas de biossegurança apropriados para nossas crianças, contratar professores ou para reparar os diques tão almejados no vale do sula (região do país, ndt.). Mas para isso não há, o dinheiro está reservado para iludir o povo pobre, assustado pelo “comunismo que vem” para tirar-lhe o que já lhe tiraram.
As condições de pobreza a que nos conduziram são brutais e tão grandes que milhares preferiram fugir buscando outras saídas, ainda que suas vidas estivessem em perigo a ficar e ver seus filhos padecerem diante de tanta corrupção e violência impostas a este povo.
As leis foram modificadas no melhor estilo doloso desde a violação à constituição para permitir a reeleição, passando pela imposição de um código penal à medida dos corruptos, violação às leis e direitos trabalhistas da classe trabalhadora, liquidação das instituições e organizações. Desfalque e roubo dos fundos públicos, fortalecimento e empoderamento de um aparato militar corrupto a serviço do narcotráfico e finalmente a aprovação novamente da lei de criação de Cidades Modelo ou ZEDEs, vendendo o território ao melhor proponente.
A situação na qual o povo se encontra é indefesa, não encontram saída para tanta calamidade, tiveram que enfrentar a pandemia sem comida ou remédios sem medidas de biossegurança, tiveram que enterrar mais de 10 mil mortos e ainda estavam vivendo a situação de dois furacões atingirem o país e deixarem milhares de pessoas desabrigadas.
O povo enfrentou doze anos de um governo repressivo que assassina e prende os lutadores sociais. Em todos estes anos, onde estava a oposição? Por que só aparecem a cada quatro anos chamando para votar em um processo eleitoral viciado em anormalidades? Por que com tantos partidos de oposição não impuseram as reformas eleitorais para garantir as mínimas condições de transparência ao processo? Por que na última hora se juntam em pactos superficiais que têm a ambição do poder como seu principal objetivo? Mas como partidos burgueses se comprometem e pactuam com o empresariado e outros setores, menos com os trabalhadores ou com os camponeses de quem, passadas as eleições, não se lembram de e querem ganhar para fazer mais do mesmo.
Os deputados nesse congresso corrupto também são resultado de uma fraude e negociações com os líderes desses partidos, por isso sua obediência e seu papel na criação e aprovação de leis nefastas antipopulares onde a oposição viu passar tudo como em um filme enquanto desfrutavam de seus suculentos salários.
Por isso: Povo hondurenho, neste 28 de novembro o regime prepara uma nova fraude para continuar no poder, por isso a campanha de violência, por isso as medidas repressivas, por isso as cédulas incompletas, por isso 10 partidos de aluguel dispostos a respaldar dados, por isso a aprovação desse orçamento milionário na última hora, para contratações de companhias duvidosas para transmissão de dados. Por isso batalhões repletos dispostos a atirar furgões de bombas de gás lacrimogêneo contra os que saem para protestar para denunciar a fraude iminente. No entanto a oposição não denuncia porque não quer chamar nem preparar a luta contra ele e preferem nos fazer acreditar que tudo estará em completa normalidade.
É importante nestes momentos refletirmos: temos opções em quem votar neste 28 de novembro? Estamos diante de um regime assassino, que roubou a saúde, os hospitais, o seguro social, as aposentadorias, as jornadas de 8 horas de trabalho, a organização sindical, a reforma agrária, que privatiza a saúde e a educação, que criminaliza os protestos. Merecem um voto?
Não esqueçamos de nossos familiares assassinados pelo regime ao roubar bilhões de lempiras (moeda do país, ndt.) destinados à pandemia, não esqueçamos todos os que tiveram que fugir da violência e da pobreza diante de um regime que a promove através do narcotráfico, não esqueçamos que as escolas e hospitais estão em ruínas e o orçamento da educação e saúde são mínimos.
Os trabalhadores e o povo estão indefesos, as listas que hoje são apresentadas representam conchavos, fraudes e negociações que são convenientes aos grupos de poder, abençoados pelo império. Não há condições nem candidatos com independência que representem nossos interesses, esses partidos são dos exploradores ou de suas variantes submetidos aos caprichos dos que controlam essas organizações. O povo não tem quem o represente.
Sabemos que grande parte da classe trabalhadora e muitos lutadores honestos acreditam que não votar no Libre é trair a luta contra JOH, mas não é assim, Libre é um partido tradicional que também espera a aprovação do imperialismo, e por isso os trabalhadores não podem dar nenhum apoio a ele.
Venderam-nos a ideia de que a única forma de derrotar a ditadura é votando neles, mas em duas oportunidades ganharam e não foram capazes de defender seu triunfo para fazer prevalecer a vontade do povo que o apoiou, inclusive para aqueles que deram a vida.
Nos fatos se observa que seu objetivo é cogovernar com os corruptos, se conformar com cotas de poder e não lutar contra esta ditadura até derrotá-la. Por tudo isso, dizemos que o povo não tem opção, precisamos de um partido nosso, um partido que não negocie, um partido que não se venda, precisamos de um partido que seja formado e dirigido por trabalhadores, um partido de classe que defenda e que tenha nítido quem são seus aliados e quem são seus inimigos. Nossos interesses e os deles são contrários, eles nos querem oprimidos, submetidos e explorados, merecemos uma vida digna com a garantia de nossos direitos.
Não devemos dar nem vender o voto a partidos burgueses que não nos representam, para quem somos eleitores agora, e depois nos esquecem. Não servir às suas ambições de poder, votemos nulo, porque não temos por quem votar.
Nós trabalhadores podemos e devemos construir nossa própria alternativa.
Tradução: Lilian Enck