sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Honduras| Devemos exigir uma oposição nas ruas, com independência do governo

Nós trabalhadores não podemos esperar mais, devemos nos organizar em coletivos e articular uma frente de defesa para defender o pouco que nos resta e preparar a luta pela recuperação dos direitos que foram tirados.

Por: Ovet Córdova
A OIT (Organização Internacional do Trabalho) anunciou que 495 milhões de empregos foram perdidos no primeiro semestre de 2020 e prevê que outros 590 milhões de empregos serão perdidos no segundo semestre. Enquanto em Honduras foram perdidos 240 mil empregos e segundo o FOSDEH estima-se que em 2021 chegará a um milhão sendo os jovens e as mulheres os mais afetados. Uma verdadeira maré de pessoas foge do país em caravanas com o objetivo de encontrar um futuro melhor para si e suas famílias, porque atualmente 3 em cada 4 pessoas vivem na pobreza, enquanto 2 em cada 3 vivem na pobreza extrema.
Uma frente de unidade dos trabalhadores
Diante dessa situação precária, é hora dos trabalhadores e demais setores populares romperem a dispersão e articular nossas lutas em uma frente unitária pela defesa dos trabalhadores, para lutar contra os abusos dos patrões e derrubar esse regime que só governa para os exploradores.
Desde o início da quarentena, embora fragilizada pela ausência de unidade social e popular, vários setores da classe trabalhadora têm saído para lutar na defesa de seus direitos econômicos e sociais, a luta de classes tem sido uma constante que contou com trabalhadores da indústria, professores, transporte e saúde como os principais atores, sendo o ápice desta, a greve da Cervejaria Hondurenha que conseguiu conquistar suas demandas com o fechamento da fábrica.
Um encontro para organizar a luta
Agora, mais do que nunca, é preciso convocar uma assembleia combativa de movimentos populares para estabelecer uma aliança unitária que organize a luta nas ruas contra a ditadura que rouba o futuro das gerações presentes e futuras. Que chame imediatamente a mobilização de todos os setores, que se converta em uma referência e que lute sem quartel e sem ziguezague contra o odiado governo Juanorlandista. Da mesma forma, levantar um conjunto de pautas que representem as demandas mais sentidas, unificando não só as organizações operárias e populares, mas também amplas massas de todos os cantos do país.
Pela mobilização e construção de uma greve geral pelo fim da ditadura
Somente a unificação das lutas nas ruas nos ajudará a forjar a independência política necessária para ir até o final com nossas reivindicações e resolver em profundidade os grandes problemas que os trabalhadores vivem. O regime, a sua mídia, o Libre e outros partidos da oposição tentam nos confundir e nos fazer acreditar que nas próximas eleições há esperança de mudança, que a luta frontal contra a ditadura é um disparate e um equívoco. No entanto, temos certeza de algo, em nossa história, a da classe trabalhadora, só a resistência e a mobilização nos tornam dignos dos direitos que conquistamos até agora.
A dispersão nos impediu de nos unirmos em um só punho para atacar juntos o regime e o capital. A ditadura, aproveitando esta situação, tem tirado um enorme proveito, dobrando seus esforços para orquestrar fraudes eleitorais e saques de fundos públicos, razão pela qual avançar na articulação é uma necessidade objetiva. Assim como a mobilização por meio de ações regionais, locais, setoriais e nos bairros que nos permitam ganhar força e confiança, para depois realizar ações nacionais e ter a capacidade de preparar uma grande greve geral, que derrube o empresariado explorador e o governo opressor.
Por um governo dos trabalhadores
Esta articulação, apoiada na mobilização das massas populares, deve desenvolver um plano de medidas socialistas para resolver a crise capitalista e a da COVID:
– Saída imediata e incondicional de JOH e de toda sua quadrilha de ladrões, prisão e confisco das fortunas dos corruptos.
– Nacionalizar todo o sistema privado de saúde e colocá-lo a serviço do combate à COVID e outros males que afetam a saúde dos trabalhadores.
– Nacionalizar os setores estratégicos da economia: bancário, industrial, setor de energia e agronegócio, entre outros, a fim de colocar a economia a favor dos desprotegidos.
– Revogação imediata de todos os contratos com as transnacionais que se apoderaram de um terço do território, expulsão das Forças Armadas americanas e fechamento das bases militares invasoras, não pagamento da dívida externa e interna com os bancos agiotas internacionais e nacionais e com isso, colocar em ação um plano de investimentos para a criação de empregos para trabalhadores desempregados e aqueles que estavam sem emprego antes da quarentena.
– Reforma agrária já, expropriação de todas as grandes propriedades para a produção de alimentos em benefício da população, plano de financiamento e modernização dos pequenos produtores. Defesa e respeito às terras ancestrais dos povos originários.
– Eliminação imediata das Forças Armadas e mobilização permanente dos trabalhadores para a defesa de suas conquistas, organização de comissões em todos os locais de trabalho, estudos e bairros e constituição de milícias populares e de autodefesa.
Tradução: Luana Bonfante
 
 

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