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Honduras | Precisamos de uma insurreição nacional e uma greve geral que destrua a narcoditadura de JOH

novembro 10, 2019

Concluídas as declarações e provas apresentadas em Nova York durante o julgamento contra Tony Hernández (irmão do Presidente), fica claríssimo que vivemos em uma Narcoditadura que converteu Honduras em um Narcoestado. O regime de JOH assentou raízes em todos os aparatos estatais, rodeado de narcotraficantes, sicários, políticos, militares e policiais corrupto. Tudo isso sob o olhar complacente do imperialismo gringo que, sempre e quando se garanta a continuidade de seus negócios e sua exploração no país, não tem nem um problema em livrar a cara do governo JOH cada vez que pode.

Por: PST Honduras

Que o governo seja corrupto, criminoso, assassino e repressor é uma verdade que o povo hondurenho sabe desde muitíssimos anos, e por isso o vem enfrentando com muito ímpeto. Desde a luta contra o Golpe de Estado de 2009 até a recente luta contra os PCM, passando por lutas insurrecionais contra as duas últimas fraudes eleitorais, e a lutas das tochas contra o desfalque do IHSS, o povo trabalhador demonstrou que quer derrubar o regime de JOH.

Mas existem três elementos que tem impedido que o corrupto maior caia: primeiro, a feroz repressão, as prisões e os banhos de sangue que realizou o regime contra seus opositores; o apoio do imperialismo norte-americano que sempre buscou saídas para controlar as crises, puxando a orelha dos que querem insurgir contra o caudilho que colocaram no país. Os gringos têm ajudado a ditadura desembolsando muitíssimos recursos econômicos através de seu governo e do FMI, ou mandando tropas para treinar os agentes repressivos do Estado para melhor reprimir os manifestantes. E obviamente, como terceiro elemento está as traições descaradas das direções dos processos de luta que está vivendo o país. Como a traição de Mel Zelaya assinando o Acordo de Cartagena que outorgou imunidade aos golpistas de 2009; a direção dos indignados pedindo amavelmente à embaixada gringa que levasse JOH em 2015, no lugar de aprofundar a luta que nesse momento era massiva, ou a traição de Nasralla e Mel durante a insurreição de 2017, chamando o povo a parar com as barricadas para que se “celebrasse o Natal”.

E acreditamos que esse último elemento, o da traição das direções, teve um peso importante no balanço destas lutas, porque pese a repressão ou as ameaças de prisão, o povo não se desmobilizava quando a luta ficava difícil, ao contrário, os protestos se embraveciam e se radicalizavam. É por isso que as lutas contra JOH nunca terminaram em uma derrota física das massas, mas, em derrotas politicas devido a que as direções pactuaram com o governo de JOH e a embaixada Ianque nas costas das bases. Direções que em lugar de chamar a lutar mais e mais contra o narcoditador chamava para esperar os resultados da institucionalidade imperialista: OEA, ONU ou a embaixada e governo gringo.

Nossa última luta nacional, a dirigida pela Plataforma em Defesa da Saúde e Educação, se realizou por fora destas direções conhecidas (Mel Zelaya, Nasralla, Luis Zelaya, Indgnados, etc) e por isso terminou derrubando os PCM, porque suas bases (majoritariamente formadas pelo Magistério Nacional) apostaram na luta e na mobilização, e não nos pactos com o governo ou com a embaixada. Esta luta não derrotou o frágil governo porque a direção da Plataforma vacilou muito e retomou a consigna do #Fuera JOH quando as mobilizações já estavam em descenso, e não em seu momento mais importante. A Plataforma apostou mais nas suas mesas técnicas que na insurreição popular, argumentando que a Plataforma é um espaço sindical e não político. Quando corrigiu este erro e chamou abertamente a derrubar o narcoditador, já era muito tarde.

E eis que estas lutas anteriores superaram seus dirigentes, que somente apostam por pequenas reformas, sejam eleitorais ou democráticas, como no caso de Mel Nasralla, Luís Zelaya, Indgnados, ou sindicais como no caso da Plataforma. Mas o pensamento do povo não é o pensamento destas direções. A ampla maioria do povo está nas ruas pela derrubada da narcoditadura e pelo fim da exploração capitalista. Enquanto os primeiros estão por reformas, o povo está apostando todas suas fichas em uma revolução que mude de fundo a realidade de Honduras, por isso muitos têm sacrificado suas vidas, sua liberdade e sua integridade física.  Porque sabem que enquanto não caia a ditadura e não mude as bases econômicas no país, a situação seguirá praticamente igual. O povo luta pela liberdade do país, não por cômodos assentos em organismos eleitorais.

Por isso não surpreende que mesmo com as experiências anteriores, estas direções continuam chamando o povo trabalhador a confiar na democracia da burguesia e do imperialismo, dizendo ao povo que não devem esperar que os gringos extraditem a JOH por narcotraficante e corrupto. Também dizem que devemos esperar as próximas eleições para votar por seus candidatos, porque segundo eles, são as únicas formas de tirar JOH. Ou como está fazendo a direção do Livre neste momento, mentindo para suas bases e para o povo dizendo que para tirar JOH a via é um Julgamento Político que deveria ser realizado pelo Congresso Nacional, congresso que é amplamente controlado pelo Partido Nacional e onde a maioria de deputados está ligado a corrupção e ao narcotráfico. A direção do Livre está esperando que o Congresso Nacional se suicide. A cúpula do Livre cria falsas esperanças que só servem para seguir empurrando o povo para o abismo.

Claramente a saída em este momento passa pela luta, a mobilização, a insurreição e a organização, e não por eleições e nem por julgamentos políticos que nunca se realizarão. O povo deve derrubar a narcoditadura de JOH, mas não poderá fazer seguindo os canais e os jogos que a burguesia criou para nos enganar. Não é o imperialismo gringo, compadre da ditadura, nem os votos, nem o Congresso, nem a falsa justiça hondurenha a que tirará JOH do poder, pois todos estes espaços são controlados pelo ditador e sua quadrilha. Basta destas falsas esperanças.

É traidor todo aquele setor que chama a confiar na institucionalidade burguesa, quando agora é nítido, que essa institucionalidade está podre dos pés a cabeça. Por isso dizemos categoricamente: é necessário derrubar imediatamente JOH, mas também é necessário deixar de seguir essas direções vacilantes que querem apagar a chama da luta antes que comecem. Aos que as mãos tremem para derrubar a narcoditadura, que saiam do caminho e não impeçam o povo de realizar essa tarefa histórica que tem a frente.

É claro que derrubar JOH e sua quadrilha é necessário e urgente, mas somente será possível se superamos a dispersão do movimento de massas. O passado recente nos mostra que a caída da ditadura é algo realizável. Mas para isso necessitamos a mais ampla unidade de todos os setores que estejam por uma saída revolucionária em relação à crise que hoje agoniza nossa país.

Esta unidade deve ser construída desde as bases e não impostas pelas direções de sempre. É necessário que todos os setores que estão na frente das lutas resolvam os erros do passado e convoquem a um Encontro Nacional de Lutadores que defina um plano de luta, que tenha como eixo central a caída da ditadura através de uma grande Insurreição Nacional que avance até uma Greve Geral Indefinida que sepulte de uma vez por todos a este regime corrupto, narcotraficante, repressor e assassino. Devemos retomar as ruas e as barricadas em todos os bairros, aldeias, municípios e cidades. Tem que parar totalmente a economia burguesa para encurralá-los e fazer valer a pena todas nossas demandas.

Este espaço deve ser convocado pelos setores que estão lutando. Deve ser a Plataforma em Defesa da Saúde e Educação, a Convergência Contra o Continuísmo, a Mesa de Indignação de El Progreso, as organizações em defesa dos recursos naturais e a vida como o COPINH, MDJ, OFRANEH, os moradores em defesa da La Tigra e El Merendón, assim como os moradores de Guapinol e Choluteca que estão desde o primeiro dia contra a ditadura. Também devem se somar à convocatória os setores combativos que encabeçam os movimentos de estudantes, mulheres, professores e trabalhadores da saúde. Este espaço deve ser amplamente democrático, onde as bases decidam o rumo da luta, e todo aquele setor ou direção que queira se somar, deve deixar de lado seus interesses individuais e colocar seus líderes e organizações a disposição da luta pela saída de JOH.

Pese a que não confiamos nas direções dos últimos processos, como na do Livre ou Nasralla, sabemos que suas bases estão honestamente pela caída da ditadura. Por isso chamamos inclusive a estas direções, em prol da mais ampla unidade contra o narcoditador, a somar a este processo, sempre e quando respeitem a vontade da classe trabalhadora em luta.

Queremos realçar mais uma vez que não devemos confiar em nenhuma saída que ofereça o imperialismo gringo, dirigido por Trump, através de sua embaixada, o FMI ou suas cortes imperialistas, pois são estes que em primeiro lugar mantém JOH sentado na cadeira presidencial, e não convém que ele saia, pois ele vem garantindo de muita boa maneira todos os negócios no país. Ainda que a justiça imperialista esteja processando a Tony Hernandez, é necessário ressaltar que essa justiça imperialista jamais julgará JOH, e menos ainda, o tirará do poder. Trump tirar JOH da presidência é uma ingenuidade em que não devemos cair.

Por fim, queremos lembrar mais uma vez que a única saída de fundo a todos nossos problemas chama Revolução Operária e Socialista, tarefa com a qual o PST está há muitos anos comprometido. O capitalismo leva sempre na manga a corrupção e o narcotráfico. E a postergação e miséria que vivemos hoje em dia são culpa do capitalismo, ao qual devemos derrotar.

Necessitamos organizar esta Revolução Socialista para acabar de uma vez por todas com todos nossos problemas. Queremos para Honduras e para o mundo um governo constituído pelas/os trabalhadores, que processe a todos os assassinos, corruptos, narcotraficantes e golpistas a traves de Tribunais de Justiça Popular, eleitos pelo povo para julgar e prender todos eles. Estamos pela liberdade de todos os presos políticos, por uma educação e saúde pública. Pelo fim de todas as opressões machistas, racistas, xenófobas e lgbtfóbicas. Estamos pelo fim da fome, dos pés descalços, de falta de moradia e emprego. Nesta tarefa o PST está comprometido desde o primeiro dia de nossa fundação, e sabendo que é uma tarefa titânica, queremos fazer um convite, companheiro e companheira, que nos ajude nesse processo. Venceremos!

Fora JOH! Não mais governos do FMI!

Por uma Insurreição Nacional e uma greve Geral Indefinida que derrote a narcoditadura!

Pela mais ampla unidade da classe trabalhadora contra o regime de JOH!

Fora imperialismo e suas medidas neoliberais do país!

Liberdade aos presos por lutar!

Mobilização, luta, insurreição e organização!

Tradução: Túlio Rocha

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