qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Com Trotsky rumo a novas batalhas


No dia 21 de agosto de 1940 morria um dos maiores revolucionários de todos os tempos: Leon Trotsky. No dia anterior tinha sido mortalmente ferido, na casa no México de onde dirigia a Quarta Internacional, por um assassino enviado por Stalin, Ramon Mercader.

Trotsky dedicou sua vida à batalha revolucionária, sem vacilar nunca, nem mesmo nos momentos mais difíceis da luta contra o Czarismo; ou durante a guerra civil, quando edificou do nada e levou à vitória o exército vermelho contra os exércitos imperialistas de meio mundo; ou nos anos Trinta, quando combateu contemporaneamente contra o fascismo, o stalinismo e as chamadas democracias parlamentares, que não estavam dispostas a concede-lhe asilo, temerosas de sua atividade política.

Junto de Trotsky caíram em batalha milhares de militantes bolcheviques: tanto durante os primeiros anos da revolução russa, como na batalha dos anos Vinte e Trinta para defender a revolução russa com a revolução internacional da criminosa política do stalinismo. Trotsky não parou nunca: nem mesmo diante da sistemática liquidação de todos os seus principais colaboradores e nem mesmo diante da morte de todos os seus filhos e de grande parte dos seus familiares, golpeados dos assassinos de Stalin.
Trotsky não hesitou: nem nos últimos instantes da vida, come admitiu em seguida o seu assassino. Ainda que golpeado mortalmente por uma picareta que tinha afundado o crânio, teve força para lutar como um leão contra Mercader que teve de retirar-se assustado diante de sua vítima que o desarmava.

Se recordamos hoje este dirigente revolucionário, este nosso companheiro, não é por qualquer culto dos mortos ou para fazer apologia. Mas porque naquele nome, naquela figura extraordinária, na sua ação e na sua obra, si concentra a parte mais extraordinariamente vital do patrimônio revolucionário que nos foi deixado por tantos militantes, menos conhecidos que Trotsky, que nos precederam. Um patrimônio revolucionário, o marxismo atual, isto é o trotskismo, que constitui a base da luta em que é empenhada a organização que estamos construindo aqui na Itália com o PdAC e em dezenas de outros países com as outras seções da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional. É um patrimônio imprescindível, o trotskismo, de lutas, elaboração e desenvolvimento do marxismo, teoria e práxis, sobre o qual não temos a pretensão de reivindicar nenhum direito autoral. Mas desejamos defende-lo contra todos aqueles que usurpam o seu nome, que, se definindo “trotskistas” ontem (ou talvez ainda hoje), praticam políticas de colaboração de classe ou constroem organizações semi-mencheviques, heterogêneas, isto é privadas de um programa comum, impregnadas de oportunismo, de carreirismo nos sindicatos, não baseadas sobre a militância, virtuais, eleitoreiras, fechadas nos confins nacionais. Mas enquanto defendemos o trotskismo de quem não deveria ter nem mesmo o direito de nomina-lo, ao mesmo tempo estamos empenhados em difundi-lo, ainda que com os nossos escassos meios, em cada luta quotidiana dos operários e dos jovens, para que se torne sempre mais o instrumento de luta de todos aqueles que honestamente se batem pela derrubada revolucionária desta sociedade.

Para recordar o aniversário de Trotsky apresentamos aqui um trecho aparentemente mais pessoal, menos político. Se trata de algumas páginas do diário (em particular as páginas da primavera de 1940, poucos meses antes do assassinato) que são conhecidas também como o “testamento” do grande revolucionário. São frases intensas, apaixonantes, que relê sempre com prazer também quem já as conhece, trazendo-nos inspiração. Desejamos que estas possam trazer um encorajamento para desenvolvermos a luta que nos aguarda ainda mais intensa nos próximos meses, contra Monti, contra a Europa dos patrões, contra o capitalismo, a sua miséria, as suas guerras. Uma luta não só italiana, mas europeia e internacional.

A fé no homem e no futuro comunista

“(…)Essas linhas serão publicadas após minha morte. Por quarenta e três anos de minha vida consciente eu permaneci um revolucionário; destes, quarenta e dois anos lutei sob a bandeira do marxismo. Se eu tivesse que recomeçar tudo de novo, obviamente eu evitaria este ou aquele erro, porém o curso de minha vida permaneceria imutável. Morrerei revolucionário proletário, um Marxista, um materialista dialético e, consequentemente, irreconciliavelmente ateísta. Minha fé no futuro comunista da humanidade não é menos ardente, é ainda maior hoje, mais ainda que nos dias de minha juventude.

Natalia [a mulher de Trotsky] levantou-se agora, foi até a janela que dá para o quintal e abriu um pouco, podendo assim entrar algum ar fresco no meu quarto. Eu posso ver a grama verde e brilhante pelo vidro, o céu azul e claro acima, e a luz do sol irradiando todo o lugar. A vida é bela. Deixemos que as próximas gerações livrem-na de todo o mal, opressão e violência, para que todos dela possam desfrutar em todo seu esplendor.

(…) Mas sejam quais forem as circunstâncias de minha morte, morrerei com uma fé inabalável no futuro comunista. Mesmo agora, está fé no homem e no seu futuro me dá uma força de resistência que religião nenhuma me poderia dar”.

L. Trotsky
Tradução: Rodrigo Ricupero

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