A direção da Liga Internacional dos Trabalhadores (Quarta Internacional) e do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado estende suas condolências aos camaradas e familiares do grande intelectual marxista árabe Salameh Kaileh, que faleceu nesta terça-feira, dia 2 de outubro de 2018, em Amã, na Jordânia. Sua saúde se deteriorou recentemente.
Salameh nasceu em 1955 em Bir Zeit, na Palestina. Ele se mudou para Bagdá em 1979 para estudar ciências políticas e, depois, para Damasco, na Síria, no início dos anos 1980, onde foi preso por oito anos em 1992, acusado de “atividades contrárias aos objetivos da revolução”, durante o domínio de Hafez el-Assad.
Preso por uma segunda vez no início da revolução síria, durante o domínio de Bashar el-Assad, ele foi torturado e deportado para a Jordânia pelo regime sírio.
Entretanto, Salameh Kaileh preferiu viver no Cairo, no Egito, devido aos movimentos políticos em desenvolvimento após o início da revolução de janeiro de 2011, à qual acompanhava de perto e até mesmo participava de algumas de suas atividades.
Salameh Kaileh tem muitas entrevistas impressas e televisionadas e escreveu centenas de artigos, além de cerca de 50 livros e estudos sobre vários temas sob a ótica marxista, particularmente sobre as revoluções palestina e árabes na Síria, no Egito, na Tunísia e outras.
Em 2015 tivemos um primeiro encontro com o intelectual marxista durante o Fórum Social Mundial em Tunis. Tínhamos posições muito próximas sobre as revoluções árabes em geral e a revolução síria em particular.
Em maio de 2015 a central sindical e popular Conlutas o convidou para seu terceiro congresso em Sumaré (SP), durante o qual ele se reuniu com sindicalistas e representantes de partidos políticos. No Brasil, Salameh Kaileh ainda fez palestras sobre Palestina, Síria e as revoluções árabes em vários sindicatos.
A seu convite, participamos da conferência “Rompendo o cerco sobre a revolução síria”, organizada por correntes da esquerda síria em solidariedade com a revolução, em 11 e 12 de julho de 2015, em Istambul, na Turquia.
Esses encontros cumpriram um papel de fortalecer a relação e os acordos políticos em torno de uma posição radical sobre a questão palestina, a necessária solidariedade com as revoluções populares no mundo árabe desde 2010 em adição ao acordo que a crise econômica imperialista inevitavelmente desembocaria em revoluções em todo o mundo.
Além de ter vários de seus artigos publicados no website da LIT-QI em árabe, em novembro de 2017, Salameh Kaileh enviou um breve vídeo para a conferência que a LIT-QI organizou em São Paulo, por ocasião do centenário da revolução russa, no qual ele falou sobre a importância histórica dessa revolução.
O intelectual marxista era conhecido por seus princípios, que nunca abriu mão, apesar de todas as pressões, assédio, prisões e exílio forçado permanente. Salameh Kaileh se opunha a todos os regimes burgueses, árabes ou não, com coragem notável. Um exemplo foi o boletim que ele lançou desde o coração de Damasco antes de ser deportado, cujo lema era “Para libertar a Palestina é necessário derrubar o regime”.
A LIT-QI e o PSTU lamentam essa perda trágica e consideram que não há melhor forma de honrar o grande intelectual árabe senão dar continuidade à sua luta por liberdade e justiça social.
Reiteramos nossas condolências aos seus camaradas e familiares.
São Paulo, 2 de outubro de 2018.
