A luta dos trabalhadores do transporte na Sicília
Contra o governo da precariedade, contra as privatizações e os especuladores
Através do Comitê contra a Precariedade e contra o roubo do TFR [1] participamos dessa greve regional-nacional dos ferroviários com uma proposta política que vai além do apoio à luta dos ferroviários, porque o que está em jogo é o futuro dos transportes na área do estreito de Messina, na Sicília, e em todo o território nacional, com tudo o que isso implica em termos de emprego, seguridade e impacto ambiental na região.
Coloca-se em discussão o futuro do movimento dos trabalhadores, ao qual o capital local, nacional e internacional declarou guerra. Basta pensar como os governos amigos. dos patrões cortam os serviços públicos essenciais, mantêm as leis precarizantes e aumentam os gastos militares (hoje, Prodi, ontem, Berlusconi).
Esse ataque aos trabalhadores é levado a cabo com a ajuda dos acordos entre as burocracias sindicais (CGIL, CISL e UIL), graças às quais o TFR foi retirado dos trabalhadores para ser dado ao capital financeiro. Ataque governamental-patronal que culminará no desmonte do sistema público de aposentadoria. Denunciamos essa situação insustentável, começando pelos trabalhadores das estradas de ferro.
Por outro lado, a ocupação dos escritórios da direção naval, que, sem interrupções, já dura quase um mês, é uma tentativa de lançar luzes sobre essa situação dramática, que empurrou os trabalhadores marítimos e suas famílias a se entrincheirar dentro desses escritórios. Com a redução das equipes de 10 para 7 membros, perderam-se 94 postos de trabalho (decisão tomada nos acordos com a cumplicidade das burocracias sindicais).
Enquanto os políticos locais e regionais (aparentemente em oposição) exibem-se nos locais ocupados, chegam de Roma notícias alarmantes: da análise dos horários que serão cortados, conclui-se que cinco trens de longa distância, responsáveis por cerca de um terço dos serviços que diariamente conectam a ilha com o resto da Itália, deixarão de funcionar.
Enquanto o Conselho Comunal de Messina se autoconvoca para dar a impressão (?) de que está ao lado dos trabalhadores, o ministro da economia Padoa Schioppa anuncia medidas “difíceis e impopulares” para as estradas de ferro, com a intenção de “sanear o orçamento”. Leia-se: cortes nos serviços, redução de pessoal (incluindo a redução a um único maquinista) e o aumento das tarifas.
Nesta grave situação, os trabalhadores necessitam de uma direção sindical e de uma alternativa política frente àqueles que os enganaram afirmando que seus problemas seriam resolvidos nos acordos trabalhistas e/ou por meio de interpelações parlamentares. Tais interpelações parlamentares medíocres propostas pela Refundação Comunista, por seus parlamentares “refundados”, previam que o governo dos patrões mudaria sua posição. E vergonhosamente não chamaram a ocupação dos escritórios da direção naval, para não “atrapalhar as negociações”.
O comitê convoca todos os companheiros honestos da Refundação e da esquerda, que estiveram ao lado dos trabalhadores marítimos nessa luta, a romper com as ilusões institucionais e com a colaboração de classes, começando com o comitê local da França, perdão, Genovese, o governo nacional Prodi-Bertinotti, se não queremos a derrota da luta dos trabalhadores
PELA GREVE GERAL DA CIDADE!
NÃO À REGIONALIZAÇÃO (PRIVATIZAÇÃO) DO TRANSPORTE!
PELA CONSTRUÇÃO DO COMITÊ CONTRA A PRECARIEDADE E O ROUBO DO TFR!
POR UMA LUTA UNIFICADA E UMA GREVE GERAL CONTRA O GOVERNO NACIONAL E OS ESPECULADORES FINANCEIROS!
Comitê Provincial de Messina Contra a Precariedade e o roubo do TFR
(Aderem: Sindicato dos Trabalhadores – Intercategorias; Partido de Alternativa Comunista; Confederação Unitária de Base; Grupo Emprego Público; Comitê Nossa Cidade)
[1] O TFR (“Trattamento di Fine Rapporto”) nasceu em 1924 com o nome de “Indenização por Demissão” (em seguida “Indenização por Tempo de Trabalho”), com um claro propósito de seguridade social. Depois de diferentes reformas, assumiu, em 1982, o nome de TFR e se transformou na forma contratual mais difundida, na vida dos trabalhadores italianos, de seguridade social e aposentadoria. Atualmente, ao contrário, o TFR assumiu um papel de amortizador social do desemprego estrutural. Isto se estendeu cada vez mais nos últimos anos, com o aumento da precariedade e da flexibilização no mundo do trabalho.
Existe um movimento de trabalhadores, organizado em comitês por local de trabalho – e também de todos os precarizados que foram privados do já frágil TFR, condenados a uma pensão de fome com o novo sistema de cálculo contributivo – que não querem arriscar sua própria aposentadoria na bolsa de valores. Por isso, lutam por um sistema público de seguridade social e contra o “roubo” do TRF.