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sexta-feira, abril 19, 2024

Colômbia: uma mudança na conjuntura

Para os trabalhadores, é muito importante determinar qual a correlação de forças entre as classes sociais, conceito, que tanto o governo como os partidos políticos que estão no poder, procuram negar. “Não queremos luta de classes”, “queremos unidade e progresso para todos”, proclamava o atual presidente Duque quando era candidato. É evidente que a burguesia não quer que tenha luta dos trabalhadores, dos explorados e oprimidos contra as suas políticas e muito menos que essa luta coloque eles contra a parede. É por isso que estão sempre pensando em como utilizar as instituições do Estado em seu favor, com artifícios ou força bruta e a repressão, ou uma combinação dos dois.

Por: Comitê Executivo do Partido Socialista dos Trabalhadores (PST Colômbia)

A poderosa mobilização de estudantes, que contou com um apoio popular significativo, foi desmantelada no final de 2018 através de uma combinação de artifícios e repressão. Esta consistiu em um acordo que adia a solução real, em troca de alguns recursos. Para chegar a esse acordo, o governo usou a repressão para tentar esmagar o movimento e a pressão para que os porta-vozes aceitassem o acordo sob a chantagem “aceitam agora, ou nunca” o que produziria uma forte divisão nas bases e entre os próprios negociadores, por não ter consultado sobre a sua assinatura, um método cada vez mais questionado pelas bases que lutam.

Enquanto isso, o governo e os partidos no Congresso “negociaram” para tirar os pontos mais complicados da reforma tributária (lei do financiamento), que estavam provocando um declínio substancial da popularidade de Duque. Depois de desmontar a luta estudantil que tinha colocado em cima da mesa a possibilidade de unificar um grande movimento dos explorados contra o governo, oportunidade desperdiçada por parte das direções sindicais, as centrais e a chamada “oposição” finaliza com mais um golpe contra os trabalhadores: a negociação de um salário mínimo miserável que o governo aproveita para alardear sua preocupação com os mais pobres falsamente apresentando-o como “o maior dos últimos 25 anos”.

No início deste ano, quando o movimento estudantil se reorganizava, o Exército de Liberação Nacional (ELN) fez um grande favor ao governo com o atentado terrorista à academia de polícia General Santander. Duque soube aproveitar para se fortalecer indo para a ofensiva com uma campanha reacionária da “unidade contra o terrorismo”. Em 20 de janeiro os protagonistas nas ruas já não eram mais os estudantes e os trabalhadores organizados, mas o governo e seus ministros, os empresários, os dirigentes dos partidos da burguesia corrupta, e mesmo alguns da oposição de “esquerda” e setores de massas que foram entregues em bandeja de prata pelo ELN a esta burguesia repugnante.

O governo de Duque e o Centro Democrático está usando a situação para impor a sua verdadeira política de “paz”, a que executaram durante os mandatos de Uribe. Eles vão aproveitar a oportunidade para avançar na imposição dos planos econômicos contra os trabalhadores e o povo, no assassinato de líderes sociais e requerentes de terra, aos que certamente vão apresentar como “falsos positivos” no cerceamento do direito de protesto e mobilização. A situação internacional aberta com o reconhecimento do espúrio governo provisório de Guaidó na Venezuela, apoiado por toda a direita continental e pelo governo imperialista de Donald Trump, confirma essa mudança de conjuntura a favor do governo.

Retomar a luta e a mobilização

Não temos dúvida, os estudantes e a juventude, os trabalhadores, os setores populares e dirigentes sociais, precisamos retomar a ofensiva na luta. Não ao terrorismo dos grupos paramilitares que assassinam dirigentes sociais sistematicamente com a cumplicidade do governo. Não às ameaças de acabar com o sistema de previdência RPM (Régimen de prima media), chega de salários miseráveis, basta de feminicídios. Não ao roubo de recursos da saúde, chega de corrupção e roubo nas empresas estatais, não ao aumento dos impostos para os trabalhadores e os mais pobres. Basta de intervenção ou ameaças do imperialismo dos EUA e um longo Chega! Basta!

O encontro nacional convocado para 9 e 10 de fevereiro por organizações sindicais, sociais, políticas dos trabalhadores, estudantes e organizações populares, é a melhor oportunidade de aprovar um plano para retomar a luta para levar a uma greve geral nacional. Os trabalhadores do Estado estão no processo de apresentação e negociação de suas reivindicações, eles podem encabeçar esse plano para unificar todos os setores explorados sob uma única lista de reivindicações nacional, que centralize as demandas mais urgentes dos trabalhadores e do povo.

Preparar pela base o plano de luta em direção à greve, em cada fábrica, em cada bairro, em cada local de trabalho e estudo por meio de assembleias democráticas, assim como os estudantes fizeram recentemente, é o caminho. Não aos chamados burocráticos, à greve nacional para depois recuar como fizeram ano após ano, esgotando essa inestimável ferramenta de luta diante dos trabalhadores. Temos que apresentar aos trabalhadores e setores populares uma alternativa verdadeira, confiável de luta e mobilização. Esta é a aposta do PST afirmando a construção de um partido nacional e mundial verdadeiramente socialista.

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