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Rechaçar a ameaça intervencionista de Donald Trump e do imperialismo americano! Pela defesa da soberania da Venezuela! Nenhum apoio ao governo Maduro!

UST Venezuela

outubro 21, 2025

A UST denuncia a escalada militar dos EUA contra a Venezuela e alerta: defender a soberania não significa apoiar o governo Maduro.

Por: UST – Venezuela

O governo dos EUA, liderado pelo extremista de direita Donald Trump, continua o envio de forças militares para o Mar do Caribe, próximo às águas territoriais venezuelanas. Essas forças incluem navios de guerra, aeronaves de vigilância, helicópteros e tropas de operações especiais, mobilizadas sob o pretexto de “combater o narcotráfico”.

Essa mobilização militar dos EUA se intensificou, incluindo ataques contra embarcações venezuelanas, deixando mais de vinte mortos até o momento, sem a menor evidência de que estivessem realmente traficando drogas.

O mais recente dessa escalada é o anúncio, divulgado em 15 de outubro pelo The New York Times, segundo o qual o governo Trump autorizou ações secretas da CIA na Venezuela. Esta medida também “autoriza” o uso de força letal pela agência norte-americana em território venezuelano e a realização de qualquer tipo de operação que leve à derrubada do ditador venezuelano Nicolás Maduro. Tudo isso levanta a possibilidade de intervenção armada dos Estados Unidos na Venezuela.

Não ao intervencionismo norte-americano na América Latina e na Venezuela. O pretexto é o narcotráfico

Os Estados Unidos têm um longo histórico de intervenções militares diretas e indiretas (apoiando e financiando golpes de Estado) na América Latina. Não é objetivo deste texto explorar em detalhes o histórico dessas intervenções ou os argumentos utilizados pelo imperialismo ianque da época para realizá-las (o que poderia ser tema de outro artigo). Mas é pertinente observar que esta não seria a primeira vez que o pretexto do combate às drogas e ao narcotráfico seria utilizado para “justificar” uma intervenção armada.

Basta lembrar a intervenção de 1989-1990 no Panamá contra o então presidente Manuel Noriega, um oficial militar e ex-aliado dos EUA que trabalhou como informante da CIA e mais tarde foi acusado de tráfico de drogas devido aos seus conflitos com a Casa Branca. Ele foi finalmente deposto em 3 de janeiro de 1990. Em dezembro de 1989, mais de 20.000 soldados americanos invadiram o Panamá com o objetivo de capturar Noriega. Seguiu-se uma guerra que durou quase um mês, deixando mais de 4.000 mortos e levando também à dissolução das forças militares panamenhas. Isso, juntamente com a intervenção na ilha de Granada em 1983, constitui as duas últimas intervenções militares diretas do imperialismo americano em território latino-americano. Ou seja, os EUA não realizam uma intervenção militar direta com suas tropas neste continente há 35 anos. Isso não significa que não tenha se engajado em políticas intervencionistas, como o apoio ao golpe de Estado contra Chávez em 2002, entre outros golpes e tentativas militares.

Assim, longe de combater o narcotráfico, a intenção do governo Trump com essa mobilização militar é reafirmar que a América Latina é o “quintal” do capitalismo estadunidense, numa reedição da chamada “Doutrina Monroe”. O que busca é, por meio da competição com outras potências capitalistas, como a Rússia e, principalmente, a China, fortalecer seu domínio na região, retomando o caminho das ameaças militaristas e buscando o retorno da “política do porrete” e da “diplomacia das armas” para derrotar a classe trabalhadora e os povos do nosso continente e, assim, impor seus interesses políticos, geopolíticos, militares e econômicos. Este é o verdadeiro objetivo da ameaça intervencionista contra a Venezuela.

A partir da Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), expressamos nosso repúdio categórico a essa ameaça intervencionista do imperialismo estadunidense contra a Venezuela, bem como contra qualquer outro país do continente e do mundo. Apelamos às organizações e ativistas de esquerda, bem como aos ativistas operários, sindicais, de base e estudantis, para que se posicionem contra uma possível intervenção militar contra a Venezuela e rejeitem essas pretensões do imperialismo ianque.

É necessário defender a soberania do país contra o imperialismo e Maduro

É evidente que, com a atual mobilização militar, o menos que Trump e seu governo buscam é combater e derrotar o narcotráfico; seu verdadeiro objetivo é interferir pela força nos assuntos políticos venezuelanos, buscando reforçar a proteção de seus interesses econômicos, políticos, geopolíticos e militares em uma região historicamente estratégica para o imperialismo norte-americano, substituindo o atual regime ditatorial liderado por Maduro por um mais conveniente aos seus interesses e que ofereça maior estabilidade e governabilidade para aprofundar a pilhagem dos recursos naturais, minerais e hidrocarbonetos do país.

Donald Trump, que tem sido a principal força motriz por trás da imposição de sanções contra a Venezuela, buscando fortalecer seu domínio imperialista em nosso país, agora busca levar sua violação da soberania venezuelana a um novo patamar, tentando reimpor o método de fazer valer os interesses ianques no continente por meio de ação militar direta.

É necessário que a classe trabalhadora e os setores populares rejeitem e enfrentem esta política de agressão à nossa soberania, bem como a qualquer país do continente.

Isso não deve nos confundir; nossa defesa da soberania nacional e nossa rejeição a qualquer agressão e interferência imperialista não significam apoio político, muito menos defesa, ao governo Maduro. Pelo contrário, denunciamos que o governo Maduro tem sido um dos mais entreguistas de nossa soberania em favor dos interesses imperialistas norte-americanos, russos e chineses.

Prova disso é que Maduro vem entregando o Arco Mineiro do Orinoco a corporações transnacionais imperialistas, principalmente norte-americanas, uma área equivalente a 12% do território nacional, rica em reservas de ouro, diamantes e outros minerais como o coltan, utilizado na fabricação de baterias elétricas e essencial para as indústrias tecnológica e militar. Situação semelhante ocorre no Cinturão Petrolífero do Orinoco, onde a transnacional Chevron (cuja licença para operar na Venezuela foi recentemente renovada por Donald Trump) opera livremente, sem a obrigação de contribuir com dinheiro para o tesouro nacional por meio de impostos e royalties. Acordos semelhantes estão prestes a ser assinados com corporações transnacionais como a Shell e a British Petroleum.

Além disso, segundo o The New York Times, fontes próximas às negociações do governo venezuelano com Richard Grenell (comissário do governo dos EUA para a Venezuela) relatam que Maduro teria oferecido a Trump os recursos minerais e energéticos da Venezuela, rescindindo contratos de exploração com a Rússia e a China, assinando contratos com empresas americanas, garantindo o fornecimento seguro de petróleo e também cortando o fornecimento de petróleo bruto para países caribenhos, incluindo Cuba. Tudo isso em troca de sua permanência no poder.

Assim, ser consistentemente anti-imperialista hoje significa rejeitar e confrontar as ameaças de agressão do imperialismo estadunidense, denunciar as ações criminosas do governo Trump contra embarcações venezuelanas e exigir a retirada das tropas americanas do Mar do Caribe e das proximidades das águas territoriais venezuelanas. Mas também devemos denunciar Maduro por vender os recursos minerais e energéticos do país, exigir o fim dos acordos sobre o Arco Mineiro do Orinoco e o Cinturão Petrolífero do Orinoco, o fim das joint ventures e a nacionalização total da indústria petrolífera.

Da mesma forma, é necessário continuar organizando, construindo e realizando mobilizações para derrotar as medidas de austeridade que Maduro vem implementando contra os trabalhadores e o povo humilde da Venezuela há anos. Devemos exigir a restauração dos salários (atualmente inferiores a US$ 0,70 por mês), a restituição dos direitos trabalhistas contratuais e legais violados, a restauração das liberdades sindicais, a libertação de presos políticos e a defesa das liberdades democráticas em geral.

Da mesma forma, defender a soberania venezuelana implica denunciar a recente laureada com o Prêmio Nobel da Paz, María Corina Machado (MCM), e o setor burguês da oposição que ela representa. Além de apoiar explicitamente uma intervenção militar dos EUA contra a Venezuela, ela oferece a empresas americanas US$ 1,7 trilhão em lucros ao longo de 15 anos, caso ela e seu grupo liderem a mudança de regime no país sul-americano.

María Corina Machado, um Prêmio Nobel que apoia a intervenção armada

Recentemente, a mídia nacional e internacional fervilhou com a notícia da concessão do Prêmio Nobel da Paz à líder da oposição burguesa venezuelana María Corina Machado. Isso nada mais é do que uma demonstração do apoio político e respaldo do governo Donald Trump e das instituições do setor imperialista que representam seu candidato preferido para liderar a mudança de regime.

O argumento para a concessão dessa distinção é sua suposta “longa história de luta democrática” e pela “restituição da democracia no país”. No entanto, a verdade é que a MCM não é a líder democrática que estão querendo fazer aparecer. Pelo contrários tem um longo histórico de golpes. Já em 2002, apoiou o golpe contra o governo Chávez, conspirando com o então presidente americano George Bush (responsável pelas invasões do Iraque e do Afeganistão) para executar o golpe contra um governo que, apesar das nossas divergências com ele, contava com o apoio majoritário da população na época.

Da mesma forma, apoiou publicamente governos que desencadearam políticas de terror contra ativistas sindicais, de base, estudantis e indígenas, incluindo o de Álvaro Uribe Vélez, bem como seu apoio público e explícito ao sionismo e ao genocídio que ele está realizando contra a população palestina na Faixa de Gaza. Isso inclui suas repetidas expressões de apoio a uma possível intervenção militar dos EUA e seus apelos para que o governo Trump a empreenda. Assim como uma longa lista de ações semelhantes.

Este Prêmio Nobel da Paz nada mais é do que a concessão do imperialismo americano e de Donald Trump à sua fiel servidora na Venezuela e no continente. Nós, trabalhadores e povo venezuelano, não podemos ter esperanças ou expectativas de democracia ou reivindicação social em uma líder burguesa e pró-imperialista como a MCM e o setor de oposição que ela representa, muito menos em Donald Trump e o imperialismo.

Derrotar a ameaça intervencionista imperialista e o governo Maduro

Durante séculos, o imperialismo norte-americano roubou os recursos naturais, minerais e energéticos da América Latina e da Venezuela, bem como de outros continentes, derramando oceanos de sangue para realizar esse saque. Hoje, em sua disputa interimperialista com a China e a Rússia, busca reafirmar seu domínio na América Latina, para o qual não hesitará em retornar aos velhos métodos do “bastão”, expressos em intervenções militares diretas; e é aí que reside a atual ameaça intervencionista contra a Venezuela.

No entanto, a história mostra que a ação unificada e a resistência das massas pode derrotar essa política. Por isso, apelamos às organizações da esquerda revolucionária e independente, aos dirigentes e ativistas operários, sindicais, populares, estudantis, indígenas e camponeses, entre outros, para que realizem ações políticas unificadas para rejeitar esta ameaça de intervenção militar contra a Venezuela.

O chamdo aos trabalhadores e ao povo venezuelano deve ser para que descartem quaisquer ilusões democráticas e de reivindicações sociais por uma intervenção militar dos EUA. A história está repleta de exemplos que demonstram que nenhum país onde o imperialismo estadunidense interveio militarmente se tornou um “paraíso da democracia”, muito menos que as massas elevaram seu padrão de vida. Pelo contrário, governos fantoches foram instalados, tão ou mais repressivos quanto os governos derrubados, e as massas continuaram a sofrer dificuldades.

Por essa razão, chamamos à ação política unificada para derrotar a ameaça representada por Donald Trump e suas tropas, exigimos a retirada das forças militares dos EUA do Mar do Caribe e das proximidades da costa venezuelana e, ao mesmo tempo, continuamos construindo e expandindo mobilizações para derrotar as medidas de austeridade antioperárias e antipopulares que Maduro está implementando contra os trabalhadores e o povo venezuelano.

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