Liberdade para líderes sindicais e solidariedade com a luta popular no Panamá

Por: CSP Conlutas
Privatização da previdência social, reabertura ilegal de mina de cobre e outros ataques provocam a resistência do povo panamenho
Uma campanha internacional ganha força por solidariedade ao povo panamenho e pela libertação dos líderes do Suntracs (Sindicato Único dos Trabalhadores da Construção e Similares), que estão sendo alvos de perseguição e detenção por parte do governo de José Raúl Mulino.
Eleito em maio de 2024, Mulino intensifica seus ataques contra o povo e os trabalhadores e trabalhadoras do Panamá.
A administração implementa um plano de ajuste brutal que ameaça os direitos trabalhistas e previdenciários conquistados ao longo de décadas. Um dos principais ataques é a privatização da CSS (Caixa de Seguro Social), por meio da controversa Lei 462, aprovada pelo governo, que trata de uma reforma do sistema de previdência, com intuito de privatizar, com uma possível transferência da gestão das aposentadorias para bancos. A reforma já eliminou benefícios para os trabalhadores do setor bananeiro, em saúde e nas aposentadorias.
Mulino também busca reabrir a mina de cobre, em Donoso-Colón, operada pela canadense First Quantum Minerals. A mina foi fechada em 2023, após ser declarada inconstitucional graças a uma ampla mobilização ambiental.
Não bastasse tudo isso, o governo e a administração do Canal do Panamá planejam a construção de uma represa no rio Índio. A iniciativa, que visa elevar o nível do canal em épocas de seca, resultaria na inundação de vastas áreas, no deslocamento de comunidades e na destruição ambiental da região. Em abril, Mulino também assinou um memorando de entendimento com os Estados Unidos que concede acesso a tropas norte-americanas às instalações aéreas e navais no Panamá, colocando em debate a questão da soberania nacional diante dos planos imperialistas de Donal Trump.
Greves em diversos setores
Em resposta aos ataques governamentais e empresariais, as greves se prolongam por mais de um mês, incluindo a paralisação dos trabalhadores da produtora americana de bananas Chiquita, em Bocas del Toro; a expansão da greve de professores por todo o país e a continuidade da greve da construção civil. Recentemente, mobilizações massivas de mulheres e profissionais da saúde ocorreram nacionalmente. Os protestos devem continuar.
Fortes represálias e repressão
Em represália à paralisação, a empresa Chiquita promete demitir de 1.600 trabalhadores que ainda fazem parte de seu quadro de funcionários após mais de um mês de greve contra a reforma da previdência. Iniciamente, a empresa havia demitido mais de 4 mil. Agora, anuncia a interrupção das operações.
Em uma tentativa de conter as greves e mobilizações e de avançar com suas medidas de ajuste, o governo panamenho desencadeou uma repressão feroz contra os manifestantes. Mulheres envolvidas nos protestos nas comunidades de Darién foram presas, e estudantes universitários foram punidos, com o reitor da Universidade Nacional do Panamá entregando seus dados pessoais às forças repressivas.
O governo declarou as greves ilegais, agrediu e atirou em trabalhadores que bloqueavam estradas e rodovias, e decretou estado de emergência em Bocas del Toro.
A repressão atingiu níveis sem precedentes, com seu ponto mais crítico na prisão e encarceramento dos dirigentes do Suntracs, forte sindicato, uma das entidades à frente da luta popular panamenha. Desde 2022, o governo tem orquestrado julgamentos fraudulentos, resultando na prisão preventiva dos líderes Jaime Caballero e Genaro López. Saúl Méndez, outro dirigente, aguarda asilo político na embaixada boliviana, enquanto Erasmo Cerrud é procurado como “foragido”.
Solidariedade internacional
Entidades sindicais, organizações políticas e movimentos presentes à reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas que aconteceu neste último final de semana em São Paulo aprovaram toda solidariedade à luta do povo panamenho. A exigência é pela libertação imediata dos líderes do Suntracs detidos e perseguidos, e expressar apoio incondicional às lutas e reivindicações do povo panamenho contra o governo repressivo e pró-imperialista de José Raúl Mulino.
Nesta quinta-feira (5), o Setorial Internacional da CSP-Conlutas realiza um ato em solidariedade ao povo panamenho, em frente ao consulado do Panamá, em Santos (SP), às 10 horas.
Todo apoio à luta contra a reforma da Previdência! Em defesa da soberania do Panamá! Basta de repressão e perseguição!