Correio Internacional| França, Grã-Bretanha…a classe operária se faz ouvir
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Este número especial do Correio Internacional apresenta uma síntese recente da situação heterogênea em que se encontram os proletariados europeus, ainda que compartilhem um contexto de crise econômica e social em meio à Guerra da Ucrânia. Damos ênfase especial às ondas de luta que ocorreram na Grã-Bretanha e na França este último ano. Ambos os países vivem importantes mobilizações operárias, enquanto o resto do continente mantém um clima de “paz social”. Na França, generalizou-se a onda de greves contra a reforma previdenciária, organizada por uma ampla frente sindical, onde o proletariado industrial e os trabalhadores dos transportes tiveram um papel fundamental. Na Grã-Bretanha, a vanguarda das lutas foram os trabalhadores públicos, primeiro os ferroviários e os funcionários do governo, agora seguidos pelo pessoal da saúde e da educação.
A nível nacional, em ambos os países, vemos que as burocracias sindicais têm sido um verdadeiro obstáculo para avançar para uma maior coordenação e auto-organização dos trabalhadores e conduzir a greves gerais vitoriosas. Macron conseguiu impor sua reforma por enquanto, mas não conseguiu convencer 90% dos franceses que ainda hoje a rejeitam, nem desarmar completamente o movimento social. O presidente francês está politicamente isolado e a simpatia pela luta dos trabalhadores franceses está se espalhando por toda a Europa. A nível continental, a heterogeneidade da mobilização social e a falta de uma verdadeira solidariedade internacional deve-se à atuação das burocracias sindicais europeias, alinhadas com o aparato neoliberal da União Europeia (UE), que procuram sufocar as lutas internas e impedir a respostas europeias unificadas.
Os vários artigos mostram como os proclamados “valores europeus” da UE se tornaram ocos, e a eleição de Meloni na Itália, que se integrou perfeitamente nas instituições europeias, é a melhor expressão disso. Outro exemplo que não podemos ignorar são as ações de Macron contra o estado de bem-estar e os direitos trabalhistas na França, a repressão brutal de protestos e o apoio da UE a governos de extrema direita e suas políticas racistas de imigração. Mas as políticas insuficientes do governo Sánchez na Espanha e Costa em Portugal também mostram que nem os governos burgueses nem o marco da UE podem fornecer uma resposta real aos problemas crescentes da classe trabalhadora. Além disso, para superar a atual crise econômica, a UE planeja impor novas políticas de austeridade, que afetarão especialmente os países periféricos altamente endividados e significarão uma redução brutal do padrão de vida dos trabalhadores.
A guerra ucraniana teve importantes implicações geoestratégicas. Desorganizou o pacto de energia entre a Alemanha e a Rússia, beneficiando as empresas de energia estadunidenses e enfraquecendo o domínio econômico da Alemanha na UE. Também fortaleceu a OTAN e aumentou a influência militar e política dos EUA na Europa. A LIT vem apoiando a resistência ucraniana desde o seu início, dando especial ênfase ao papel da resistência operária e à solidariedade internacional com a mesma. Tanto as contrarreformas neoliberais de Zelensky quanto os empréstimos da UE e do FMI são uma ameaça à independência e ao bem-estar presente e futuro do povo ucraniano. É por isso que afirmamos hoje mais do que nunca a necessidade de construir uma direção independente da classe operária na resistência e no processo de reconstrução, que defenda uma vitória contundente dos trabalhadores ucranianos na guerra e uma reconstrução operária e socialista que estabeleça as bases materiais da verdadeira independência nacional.
A única saída para a guerra, a inflação galopante e a crise ambiental que ameaça o planeta é avançar na construção de uma organização que possa coordenar as lutas para levá-las a questionar a origem comum desses problemas: o sistema capitalista. A resistência na Ucrânia ante a invasão russa é prova tanto da necessidade da revolução socialista mundial como da sua possibilidade.
Diante da crescente polarização social e do fortalecimento dos movimentos de ultradireita, devemos construir partidos socialistas, revolucionários e internacionalistas da classe trabalhadora que defendam a independência de classe, a democracia operária e se coloquem a serviço da organização de lutas para sua vitória, e para construir os passos necessários para avançar rumo ao socialismo. Com esse objetivo, apresentamos esta edição do Correio Internacional, como um instrumento que serve para unir aqueles que estão dispostos a lutar pela construção de um projeto socialista, revolucionário e internacionalista junto conosco.
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