Solidariedade com os trabalhadores ferroviários! Não aos ataques de Biden e do Congresso à greve!

Em 30 de novembro, a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou, por 290 votos a 137, uma intervenção em uma possível greve ferroviária nacional, impondo um contrato de trabalho aos trabalhadores durante a disputa entre os sindicatos e as empresas ferroviárias. O Senado agora tem que considerar a questão.
Declaração do Workers’ Voice/La Voz de los Trabajadores – EUA
Os membros de quatro dos 12 sindicatos ferroviários – incluindo a Divisão de Transporte de Trabalhadores de Funilaria (SMART), a Fraternidade dos Empregados de Manutenção de Ferrovias, filiada à Fraternidade Internacional dos Caminhoneiros (BMWED) e dois sindicatos menores – votaram anteriormente contra o contrato elaborado em setembro pelo Conselho de Emergência Presidencial nomeado por Biden. O contrato havia sido provisoriamente aprovado pelas empresas ferroviárias e diretores do sindicato, mas não conseguiu atender às principais demandas dos trabalhadores. Os quatro sindicatos representam 60.000 dos 115.000 trabalhadores ferroviários sindicalizados.
Quando o prazo de 9 de dezembro para a greve aproximava-se, o Presidente Biden pediu ao Congresso que utilizasse a Lei do Trabalho Ferroviário para forçar um contrato com os trabalhadores sindicalizados que favorecesse os interesses dos patrões, como Warren Buffet, proprietário da Ferrovia BNSF. O presidente disse em uma declaração, “estou pedindo ao Congresso que aprove imediatamente a legislação para adotar o Acordo Tentativo entre trabalhadores e operadores ferroviários – sem qualquer modificação ou atraso – para evitar uma possível paralização nacional do sistema ferroviário“. Biden afirmou ser o presidente mais “pró-sindicato”, mas sua declaração mostra que sua lealdade e a do Partido Democrata é para com os donos das ferrovias e seus lucros.
A BMWED divulgou uma declaração respondendo ao presidente, dizendo: “Não é suficiente ‘compartilhar as preocupações dos trabalhadores’“. Um chamado ao Congresso para agir imediatamente para aprovar uma legislação que adote um acordo provisório que exclua as licenças remuneradas por doença ignora as preocupações dos ferroviários. Ela tanto nega aos ferroviários seu direito à greve, quanto lhes negam o benefício que provavelmente obteriam se não lhes fosse negado seu direito à greve“.
Por uma votação de 221 a 207, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei separado para garantir aos trabalhadores ferroviários sete dias de licença remunerada por doença – menos da metade do que os sindicatos pedem[i]. O contrato mandatado também não resolve as políticas opressivas de programação de turnos das ferrovias. Atualmente, 50% dos trabalhadores da Ferrovia BNSF têm que trabalhar em “plantão” de 24 horas por dia, sete dias por semana e depois correm o risco de ser demitidos por doença ou outras emergências. A situação dos ferroviários é agravada pelo fato de enfrentarem demissões nos últimos seis anos. Hoje, eles trabalham mais horas em condições abusivas para manter os lucros dos patrões.
Os trabalhadores precisam que os sindicatos deem o exemplo de luta. Caso os trabalhadores ferroviários mantenham-se firmes e em greve, eles receberam a solidariedade de todos os setores da classe trabalhadora. O que este episódio mostra é a necessidade de os trabalhadores formarem um partido próprio, um Partido dos Trabalhadores. Precisamos de um partido independente enraizado no movimento operário organizado, que não dependa dos democratas ou dos republicanos, pois estão ambos no bolso das empresas. Uma conferência convocada pelo movimento sindical para organizar tal partido poderia enfrentar os patrões e começar a reconstruir a resistência sindical com base na participação e militância dos trabalhadores.
Uma valiosa lição está sendo aprendida sobre as prioridades dos políticos em Washington. Nós nos opomos à intervenção do governo para favorecer os patrões e a qualquer tipo de fura-greves para manter as ferrovias funcionando sem o consentimento dos trabalhadores. Não confiamos nos patrões, no presidente Biden nem no Congresso para promulgar uma lei justa para os ferroviários. Sua força está nas ruas e nos piquetes de greve para manter seus empregos. Ataquem os patrões onde lhes dói, em seus bolsos.
Tradução: Marcos Margarido
[i] O site da BMWED informou, em 1º de dezembro, que o Senado norte-americano ratificou o contrato aprovado pela Câmara dos Deputados e rejeitou a lei que concedia 7 dias de licença remunerada por doença aos ferroviários.