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Ucrânia

Salvemos os prisioneiros de guerra nas garras de Putin

Liberdade e dignidade para prisioneiros de guerra: uma luta contra a desumanização e a opressão imperialista.

Liga internacional de los trabajadores

dezembro 19, 2025

Durante a agressão imperialista russa contra a Ucrânia, as tropas invasoras capturaram milhares de prisioneiros de guerra das forças ucranianas. Muitos mais milhares de soldados da Federação Russa, FR –tanto russos como estrangeiros– se entregaram prisioneiros às Forças de Defesa da Ucrânia FDU. No entanto, o tratamento de ambas as partes em relação aos prisioneiros é completamente diferente. São tristemente conhecidas e amplamente divulgadas as imagens de vídeos de tropas russas executando soldados ucranianos com as mãos atadas às costas no mesmo lugar onde se entregaram como prisioneiros. E o grotesco espetáculo dos simulacros de “julgamentos sumários”, onde sentenciam os prisioneiros ucranianos com longas condenações. Além disso, o comando da FR continua entregando centenas de cadáveres  de prisioneiros ucranianos –sem identificar–, capturados vivos. E, ainda mais macabro, entre eles os legistas encontram corpos de soldados russos.

É difícil obter cifras precisas, em parte porque a Rússia negou o acesso aos prisioneiros por parte do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), o que impossibilita saber o número real de prisioneiros e as condições de seu cativeiro. No entanto, os prisioneiros de guerra ucranianos retornam com sua saúde debilitada – muitos deles morreram pouco depois de sua libertação – e as organizações de direitos humanos denunciam péssimas condições sanitárias, tratamento desumano e constantes torturas durante o cativeiro.

Por outro lado, o regime de Putin –semelhante ao de Stalin, que dizia “Não temos ‘nossos’ do outro lado da frente”– não tem interesse em repatriar rapidamente os milhares de prisioneiros de suas tropas por dois motivos: o problema ideológico que representa seu retorno à Rússia, porque derrubam os mitos construídos pelo Kremlin depois do que viram e experimentaram na frente de batalha e nos territórios ocupados; e o fato de que uma parte significativa desses soldados russos são ex-condenados –assassinos, estupradores, assaltantes ou traficantes–, que foram contratados em troca de cumprir suas penas na “Operação Militar Especial” e serem anistiados após um prazo de serviço.

Segundo a Anistia Internacional, «o cativeiro sistemático em regime de incomunicação por parte da Rússia aos prisioneiros de guerra e aos civis ucranianos reflete uma política deliberada projetada para desumanizá-los e silenciá-los, deixando suas famílias em agonia enquanto esperam notícias de seus entes queridos»… «As autoridades ucranianas consideram dezenas de milhares de ucranianos como desaparecidos em circunstâncias especiais. Muitos provavelmente estão detidos, enquanto outros podem ter sido assassinados»…

Neste contexto alarmante, recebemos, por parte de familiares de prisioneiros de guerra e ativistas solidários da Ucrânia, este chamado urgente:

“Pela libertação dos ativistas de esquerda, defensores de Mariupol: Denys Matsola e Vladislav Zhuravlev

Há mais de três anos, os prisioneiros de guerra ucranianos que participaram da heroica defesa de Mariupol, Denys Matsola e Vladislav Zhuravlev, encontram-se em cativeiro russo.

Ambos não são apenas fuzileiros navais do Batalhão 501, mas também conhecidos ativistas de esquerda que passaram anos lutando consistentemente pelos direitos humanos, pela justiça social e contra toda forma de autoritarismo, de Putin ao regime oligárquico ucraniano.

Denys Matsola é publicitário, cientista político, ativista dos direitos humanos e ex-membro do sindicato estudantil independente de esquerda “Ação Direta” e da organização “Movimento Social”. Na Crimeia, defendeu o meio ambiente, apoiou o movimento de resistência tártaro da Crimeia e, após a ocupação, ajudou o exército ucraniano. Trabalhando em Kiev e Lviv, participou da evacuação de civis, documentou crimes de guerra e publicou análises. Denys se juntou ao exército voluntariamente em 2021, convencido de que defender a Ucrânia é também uma luta pelo futuro da justiça social e da liberdade.

Vladislav “Iskra” Zhuravlev é anarquista, artista e voluntário. Antes da guerra, participou ativamente de iniciativas culturais e sociais de base, se pronunciou contra a repressão política na Crimeia e apoiou publicamente as ideias de autonomia, solidariedade e autogoverno. Desde 2017, serviu em um batalhão de fuzileiros navais, onde posteriormente convidou Denys.

Hoje, ambos se encontram em cativeiro russo em condições desumanas. Zhuravlev está recluso em completo isolamento, sem comunicação com o mundo exterior, e Matsola está há mais de dois anos recluso em regime de isolamento, onde o deixam morrer de fome deliberadamente. Há informações confirmadas sobre torturas, em consequência das quais sua saúde se deteriorou gravemente. Suas vidas estão sob ameaça direta”.

Este caso demonstra claramente que aqueles que foram capturados pelo regime russo não são “neonazistas”, como afirmam o Kremlin e o coro de estalinistas e de outros que se dizem de “esquerda”, mas sim representantes do povo: trabalhadores, soldados, ativistas de diversas tendências, incluindo revolucionários, socialistas e anarquistas. É precisamente essa diversidade ideológica e social da resistência ucraniana que dá testemunho de seu caráter verdadeiramente democrático e popular, independente do governo de turno. O Kremlin não combate contra uma “ideologia”, combate aqueles que defendem a liberdade e a soberania da Ucrânia.

Fazemos um  apelo URGENTE às autoridades ucranianas

Pedimos para incluir imediatamente a Denys Matsola e Vladislav Zhuravlev nas listas de prioridades para a troca e fazer tudo o que for possível para garantir sua liberação.

Às organizações internacionais de direitos humanos, aos governos dos países democráticos, aos movimentos de esquerda e anti-autoritários de todo o mundo, os exortamos a exigir o fim da tortura, a garantia dos direitos básicos dos prisioneiros de guerra e a utilizar todos os mecanismos políticos e midiáticos de pressão sobre a Federação da Rússia.

Chamamos as organizações sociais e políticas progressistas a apoiar a campanha de informação e denúncia. Porque o silêncio já não é uma opção. Denys e Vladislav são os rostos da resistência que unem a luta pela liberdade do país e por um futuro social mais justo. Sua libertação é nossa responsabilidade comum.

No seu recente 6º Encontro na Itália, de 13 a 16 de novembro, a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, RSISL adotou uma resolução para impulsionar esta campanha pela sua libertação.

https://laboursolidarity.org/arquivo/editor/file/Release%20Denys%20Matsola%20and%20Vladislav%20Zhuravlev%20-%20Engl.pdf.

Diante da urgente necessidade, reiteramos o pedido de enviar mensagens ao Comando Geral de Coordenação para o Tratamento dos Prisioneiros de Guerra, que se ocupa das questões da troca de prisioneiros. Esta sede coordena todas as etapas de preparação e implementação das trocas, incluindo a formação de listas, a logística e a interação com organizações internacionais.

Dirigir as mensagens de organizações sindicais, estudantis e de direitos humanos às autoridades do Comando Geral de Coordenação para o Tratamento dos Prisioneiros de Guerra:

Tenente General Kirill Budanov, Chefe da Direção Geral de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia.

General de Brigada Dmitry Usov, Secretário do Comando Geral.

Seu site –  https://koordshtab.gov.ua /  – E-mail: koord@gur.gov.ua

Exigimos que a Federação Russa preste contas por todos os prisioneiros políticos e o imediato cessar dos abusos e da tortura aos prisioneiros de guerra e aos milhares de reféns civis em cativeiro.

Liberdade para Denys Matsola e Vladislav Zhuravlev! Liberdade para todos os prisioneiros de guerra ucranianos!

Alto à tortura e à privação de alimentos! Salvemos suas vidas! Permitir a comunicação dos presos com suas famílias!

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