6º Encontro da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas: Contra as guerras imperialistas, os ataques aos direitos e em defesa do meio ambiente
Entre 13 e 16 de novembro de 2025, cerca de 200 sindicalistas e ativistas de organizações sindicais e movimentos sociais reuniram-se na cidade de Chianciano Terme, na Itália, para participar do 6º Encontro da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas. O evento reafirmou a necessidade de fortalecer a ação internacional da classe trabalhadora diante da intensificação dos conflitos, do avanço da extrema-direita, das políticas antissociais e da crise ambiental que afeta todo o planeta.
Representação internacional ampla e diversa
Delegações vindas de mais de 21 países participaram do encontro, incluindo Palestina, Ucrânia, Brasil, Colômbia, Equador, Paquistão, Costa do Marfim, Itália, Argentina, República Centro-Africana, Estado Espanhol, Venezuela, Senegal, França, Polônia, Grã-Bretanha, Portugal, Estados Unidos, Alemanha e Suíça.
Sindicatos de Sudão, Benim, Togo, República Democrática do Congo e Burkina Faso também estavam previstos, mas seus representantes não puderam viajar por falta de visto — um reflexo direto das desigualdades globais e do fechamento de fronteiras que afeta especialmente militantes de países periféricos.
A Rede Sindical Internacional congrega organizações interprofissionais, federações, sindicatos nacionais e locais, bem como correntes sindicais e movimentos sociais, respeitando as distintas realidades de luta em cada país.
Debates centrais: guerra, democracia e meio ambiente
O encontro foi fundamental para discutir estratégias de enfrentamento às ameaças que rondam a classe trabalhadora: a ascensão de governos autoritários e da extrema-direita, a precarização generalizada das relações de trabalho, a intensificação das privatizações, os ataques aos serviços públicos, e os impactos do capitalismo sobre o ambiente e sobre as populações migrantes.
Ao longo dos quatro dias, os participantes se dividiram em reuniões setoriais por categoria profissional — indústria, educação, saúde e assistência social, transporte, aposentados, call centers, setor público, cultura, logística, postal, comércio e serviços. Também foram realizadas mesas temáticas sobre ecologia, feminismo e direitos das mulheres e minorias de gênero, anticolonialismo, antirracismo, migração e repressão aos movimentos sociais.
A defesa do meio ambiente esteve presente em várias intervenções — e, simultaneamente ao encontro, uma delegação da CSP-Conlutas participou em Belém (Brasil) dos protestos contra a COP30, denunciando o esvaziamento das políticas ambientais e a prevalência dos interesses das grandes corporações.
Painéis centrais: sindicalismo em tempos de guerra e avanço da extrema-direita
Dois debates em plenário marcaram o encontro. O primeiro abordou “o sindicalismo em contextos de guerras imperialistas”, com intervenções de representantes da Palestina e da Ucrânia. Os sindicalistas sudaneses, que também fariam parte da mesa, não puderam comparecer devido à negativa de vistos.
Realizado na Itália — país que recentemente registrou greves gerais e grandes manifestações em solidariedade ao povo palestino —, o evento teve forte caráter simbólico. A Rede contou com ativistas que estiveram na Marcha Global por Gaza e na Flotilha Global Sumud, ações de destaque na denúncia do genocídio e do apartheid impostos ao povo palestino.
O segundo painel, composto por representantes de sindicatos de base italianos e por uma dirigente do metrô de Buenos Aires, tratou das “respostas sindicais ao crescimento global da extrema-direita”, destacando o papel das organizações de base na defesa das liberdades democráticas e dos direitos sociais.
Manifesto reafirma princípios e atualiza desafios
No sábado, o plenário discutiu e aprovou o Manifesto do 6º Encontro, reafirmando os princípios centrais da Rede desde sua fundação: um sindicalismo combativo, democrático, autônomo, independente de patrões e governos, anticapitalista, ecologista, internacionalista e comprometido com o combate a todas as formas de opressão — machismo, racismo, homofobia, xenofobia, entre outras.
O manifesto também atualiza análises sobre o contexto internacional e reforça a importância de que esse sindicalismo não se limite às lutas econômicas imediatas, mas se enraíze no cotidiano das categorias e dos territórios.
Internacionalismo como condição para enfrentar a crise global
O último dia foi dedicado à votação de diversas moções em apoio a lutas sindicais e populares, bem como de denúncias contra processos de repressão em diversos países. O encerramento ficou a cargo das quatro organizações que compõem a coordenação da Rede: Solidaires, CGT, CUB e CSP-Conlutas.
As organizações presentes reafirmaram sua oposição aos governos imperialistas que utilizam a guerra e a violência para garantir seus interesses econômicos. O 6º Encontro demonstrou a importância de ampliar o diálogo e a cooperação entre experiências sindicais e movimentos de luta em diferentes países. A crise ambiental, a escalada das guerras e os ataques aos direitos básicos mostram que a classe trabalhadora enfrenta inimigos comuns: governos autoritários, empresas multinacionais e políticas que priorizam o lucro em detrimento da vida humana e do planeta.
Ao conectar essas lutas, a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas reforça seu papel estratégico na construção de um futuro socialista — na defesa de um mundo onde a exploração e a opressão não sejam toleradas.




