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Equador

Paralisação Nacional no Equador: Governo assassina líder indígena e mobilização se amplia

Foto: @CONAIE_Ecuador.
setembro 30, 2025

Por: Lena Souza

A Paralisação Nacional que sacode o Equador entrou em um momento decisivo. A violência do governo de Daniel Noboa atingiu um novo patamar com o assassinato do líder indígena Efraín Fueres em Imbabura, resultado da repressão militar. Longe de deter os protestos, esse crime alimentou a indignação em todo o país e consolidou a resistência popular.

Noboa desencadeia todo o aparato repressivo: bombas, armas e militarização das províncias

O governo mobilizou a Polícia Nacional e as Forças Armadas contra as manifestações, usando gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral e até armas de fogo contra comunidades inteiras. Depoimentos que circulam em diferentes províncias relatam batidas policiais, prisões arbitrárias, assédio e ataques a centros comunitários onde os manifestantes se abrigam.

A violência do Estado busca esmagar um povo que protesta contra o alto custo de vida, a eliminação de subsídios e a falta de saúde, educação e segurança. No entanto, o que é evidente é que cada novo ato de repressão gera mais resistência no bloqueio das rodovias, nas comunidades e nas cidades.

Imbabura em luto: Exército mata líder indígena Efraín Fueres

Na província de Imbabura, durante uma operação militar contra manifestantes, balas do exército mataram Efraín Fueres, um reconhecido líder comunitário. Seu assassinato expôs a brutal repressão estatal a toda a população e se tornou um motor para uma maior unidade entre as nacionalidades indígenas e os setores populares.

Os protestos nas ruas ressoam com o grito de guerra: “Imbabura, aguente firme, Equador se levanta!”, acompanhado de acusações diretas contra os militares, a quem a população chama de “assassinos!” e da reivindicação “Fora Noboa!”, que ganha força como consigna central da resistência.

Criminalização e Perseguição: Manifestantes Acusados ​​de Terrorismo e Transferidos para Prisões com Alto Risco

A repressão também se manifesta na criminalização aberta do protesto. O governo declarou “terroristas” doze manifestantes detidos na província de Imbabura, e eles foram transferidos para prisões em outras províncias, as mesmas onde vêm ocorrendo massacres sangrentos entre gangues de narcotraficantes, colocando suas vidas em sério risco.

Essa ação revela não apenas a intenção de aterrorizar a população mobilizada, mas também a estratégia do governo de usar o sistema prisional — marcado pela superlotação, violência e controle mafioso — como mecanismo de punição e extermínio de ativistas sociais.

Reprovação nacional e internacional da repressão governamental

Diversas organizações de direitos humanos, nacionais e internacionais, emitiram declarações condenando a repressão do governo equatoriano. A Organização Mundial Contra a Tortura expressou preocupação com o uso desproporcional da força e exigiu garantias para o direito de protesto. Organizações como a Aliança Equatoriana de Direitos Humanos apontam em um de seus relatórios que os direitos mais violados são o direito de protesto, a integridade pessoal, a liberdade de expressão e a liberdade individual[1]. Outras organizações, incluindo a Anistia Internacional, alertaram que o assassinato de Efraín Fueres e a criminalização de manifestantes constituem graves violações de direitos humanos[2].

Essas vozes reforçam o que a população já grita nas ruas: que a repressão não é um “excesso”, mas uma política de Estado promovida por Noboa, cujo governo se sustenta na violência e no desprezo pela vida.

Noboa fecha as portas ao diálogo e intensifica a repressão: apagões de energia e internet e um estado de sítio de fato.

Noboa declarou[3] que não dialogará com a CONAIE nem com as organizações mobilizadas. Fortalecido pelo aparato militar, o governo recorre a táticas de guerra interna: apagões de energia e internet em áreas mobilizadas, militarização de territórios indígenas e ataques a rádios comunitárias que noticiam os fatos.

Essas medidas de controle e silêncio buscam isolar o movimento indígena e popular, impedindo que as comunidades se comuniquem entre si e com o restante do país. Trata-se de uma política autoritária que confirma o curso repressivo do regime atual.

A população mobilizada também denuncia que o aumento do IVA de 12% para 15%, imposto pelo governo Noboa sob o pretexto de “resolver a crise econômica”, tem sido, na realidade, usado para fortalecer o aparato militar e repressivo. Enquanto milhões de equatorianos enfrentam um aumento brutal no custo de vida, esses recursos são usados ​​para comprar armas, equipamentos antimotim e financiar a repressão contra os mesmos cidadãos que rechaçam as medidas neoliberais.

A mídia comunitária relata a verdade, enquanto a grande imprensa encobre e apoia o governo

Nesse cenário, a mídia comunitária desempenha um papel fundamental: é ela quem reporta com veracidade o que acontece nos bloqueios de rodovias, nas comunidades e nas províncias em resistência. Diante das tentativas do governo de silenciar o movimento, as rádios e plataformas populares mantêm os fatos reais vivos, dando voz às vítimas da repressão.

Em contraste, a grande mídia — alinhada aos interesses do governo e de grupos econômicos — minimiza a repressão, justifica a violência estatal e criminaliza os manifestantes. Enquanto a grande imprensa fala em “desordem” e “terrorismo”, é a mídia comunitária que exibe imagens da população mobilizada e denuncia o assassinato de Efraín Fueres dizendo o que realmente é: um crime de Estado.

A Paralisação se amplia: A CONAIE anuncia ampliação dos bloqueios e da resistência no nono dia de luta

Longe de enfraquecer, a Greve Nacional entra em seu nono dia com ainda mais força. A CONAIE anunciou a expansão de suas ações para novas províncias, intensificando bloqueios de estradas, manifestações urbanas e autodefesa comunitária.

Grupos estudantis, camponeses e moradores locais se unem aos protestos, formando um amplo bloco popular que exige a revogação das medidas neoliberais, justiça para os mortos, liberdade para os presos e uma vida digna para o povo equatoriano.

A solidariedade internacional torna-se urgente e indispensável

A situação no Equador exige uma resposta imediata dos povos e organizações do mundo. Cada denúncia, cada declaração, cada ato de solidariedade internacional contribui para conter a violência estatal e tornar visível a luta do povo equatoriano.

O assassinato de Efraín Fueres, a criminalização dos doze manifestantes em Imbabura e o grito popular de “Fora Noboa” não podem ser silenciados. A comunidade internacional deve denunciar este plano repressivo que busca impor o medo e o silêncio. A luta no Equador é também uma luta continental contra o neoliberalismo, a militarização e a entrega da soberania.


[1] Paro indígena: la Alianza por los DD.HH señala que entidades financieras vulneran a dirigentes por congelar sus depósitos

[2] Desaparecidos: “Las familias que buscan a sus familiares enfrentan barreras brutales para conseguir justicia”

[3] (8) Facebook

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