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Palestina

Existe um “povo judeu”?

Nakba permanente
setembro 1, 2025

Por: Alejandro Iturbe |

Na Faixa de Gaza, o Estado israelense está cometendo genocídio contra os palestinos para anexar definitivamente esse território[1]. Embora em um ritmo mais lento, tem feito o mesmo em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, o outro território palestino[2]. Para justificar o que faz, o estado sionista afirma que “essas terras são uma parte inseparável da pátria histórica do povo judeu e pertencem a Israel”.[3] Alguns líderes falam ainda mais nitidamente: Se restar sequer um árabe em Gaza, nós, judeus, não poderemos viver naquela terra”.[4]

É uma versão nova e ainda mais grosseira do slogan central do movimento sionista: “Uma terra sem povo para um povo sem terra”. Este movimento foi fundado em 1897, na Suíça, por Theodore Herzl (um político austro-húngaro de origem judaica), com o objetivo de fundar um “lar nacional judaico” (Israel) na Palestina.

Desde 1947 (ano em que a Resolução 273 da ONU “criou o Estado de Israel”) ficou bem evidente que a afirmação “A Palestina é uma terra sem povo” é uma falsificação do sionismo e das potências que o apoiaram. É por isso que, desde a sua fundação, o Estado de Israel tentou torná-la realidade: expulsou o povo palestino de seu território histórico, com métodos genocidas. Agora, como vimos, os israelenses chegaram ao ponto de dizer, inequivocamente, que não pode haver “um único árabe” na Palestina para “os judeus viverem“.

O povo palestino chama essa situação  de nakba (catástrofe) permanente.[5] É muito interessante saber que algumas das maiores críticas à mentira sionista da “terra sem povo”, bem como denúncias da nakba, foram feitas por historiadores judeus israelenses que não queriam ser cúmplices intelectuais dela. É o caso de Anita Shapira, autora do livro Terra e Poder: O Recurso Sionista à Força, 1881-1948[6]. Também a do conhecido historiador Ilan Pappé em seu livro A Limpeza Étnica do Povo Palestino[7], que também foi traduzido para o português e publicado pela Editora Sundermann (Brasil).[8]

A Palestina não é a “pátria histórica do povo judeu”

Vejamos agora a segunda parte da equação: a Palestina era “a pátria histórica dos judeus” porque há milhares de anos os “reinos de Israel” tinham existido lá e essa terra havia sido “prometida a eles por Deus”, de acordo com a Torá (Bíblia Hebraica). Os judeus teriam sido expulsos de lá pelo Império Romano, o que deu início à “diáspora” (a dispersão dos judeus pelo mundo). Com base nisso, o movimento sionista argumentou que os judeus tinham o “direito histórico” de se apropriar da Palestina para construir ali seu “lar nacional”.

É outra falsificação do sionismo: na época do Império Romano, o reino da Judéia (como outros pequenos reinos judeus) havia desaparecido e os judeus eram apenas uma pequena minoria na Palestina. Para demonstrar isso, vamos recorrer a uma fonte inquestionável: o grego Heródoto, (século IV a.C.) que é considerado o fundador da História como disciplina, porque a tirou do campo das lendas e da tradição oral para usar o método de basear suas conclusões nos dados e fatos da realidade. Nesse sentido, ele dedicou grande parte de sua vida a viajar pelo mundo antigo para aprender diretamente sobre a realidade. Escreveu sobre essas viagens em sua obra Historiae ou Nove Livros de História[9].

Em uma delas, ele visitou a Palestina, como os gregos chamavam o território entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão. Palestina significa “terra dos filisteus”, um povo que desde o século XII a.C. dominou a região costeira que hoje é a Faixa de Gaza. Heródoto relata que a Palestina era habitada por fenícios (cananeus), sírios (arameus) e árabes. Não há referência aos judeus que, naquela época, eram uma minoria quase insignificante após o chamado “exílio babilônico” no século VI a.C.[10] Quando o Império Romano dominou a região, ela foi integrada a uma província chamada Síria-Palestina. 

“A Invenção do Povo Judeu”

Uma das críticas mais contundentes a essa concepção do “povo judeu” como herdeiros dos habitantes dos reinos da Judéia e Israel (expulsos pelo Império Romano) foi feita pelo historiador israelense Shlomo Sand em seu livro A Invenção do Povo Judeu (2008).[11]

É muito interessante conhecer a biografia de Sand: ele nasceu em 1946, na Áustria, em uma família judia polonesa ligada ao Partido Comunista; em 1948, a família mudou-se para Israel (Jaffa) como parte da imigração massiva de judeus europeus, após a Segunda Guerra Mundial, impulsionada pelo movimento sionista. Em Israel, trabalhou como operário e cumpriu o serviço militar obrigatório. Em 1967, lutou na “Guerra dos Seis Dias” e depois interveio na ocupação de Gaza e da Cisjordânia. Os métodos usados pelo exército israelense causaram-lhe uma profunda crise. Em 1975 formou-se em História pela Universidade de Tel Aviv.

Naquele mesmo ano, “determinado a abandonar tudo o que é israelense”, mudou-se para a França, onde viveu até 1985. Então retornou a Israel e é professor na Universidade de Tel Aviv. Viaja para o exterior permanentemente, pois também é professor na Universidade da Califórnia, Berkeley e na École des hautes études en sciences sociales de Paris.

Em seu livro, Sand afirma que a ideia de que existe uma “nação judaica” expulsa de Jerusalém pelos romanos nada mais é do que um mito cristão e antissemita para perseguir os judeus, do qual o sionismo se apropriou para justificar seu objetivo: “O que foi inventado para provar que os judeus foram punidos por Deus por terem crucificado Cristo,  é reciclado para justificar a existência de um estado colonial.

Após anos de estudos e pesquisas, a conclusão de Sand é que os dois principais ramos das comunidades judaicas no mundo foram o resultado da conversão de pessoas de outros povos ao judaísmo. Isso foi verdade tanto com os sefarditas (judeus espanhóis expulsos pelos Reis Católicos no século XV) quanto com os Ashkenazim (os judeus da Europa Central e do Império Russo). Sand afirma que entre os dois ramos e os Misrajis (judeus que permaneceram no mundo árabe) não havia unidade genética. Menos ainda com os Falashas (os judeus negros da Etiópia) ou com os judeus chineses da cidade de Kaifeng. O livro de Sand teve um grande impacto no estado israelense. Logicamente, ele foi duramente atacado por historiadores sionistas.

Uma análise marxista

Vamos agora nos referir ao livro de Abraham León Concepção Materialista da Questão Judaica, de 1942[12]. O autor era um judeu polonês nascido no Gueto de Varsóvia em 1918. Sua família depois se mudou para a Bélgica, onde ele se juntou ao trotskismo e à Quarta Internacional. Abraham León foi executado no campo de extermínio de Auschwitz (1944).

Abraham León queria elaborar uma explicação marxista para a perseguição aos judeus Ashkenazim na Europa (levada ao extremo pelo nazismo). Seu livro é uma referência essencial para os marxistas, especialmente para os trotskistas. Várias décadas antes do livro de Sand, Leon também afirmou que a suposta continuidade histórica de um “povo judeu” herdeiro dos habitantes da Judéia é uma falsificação sionista.

Ele também considera que os judeus Ashkenazim se originaram da conversão de comunidades europeias ao judaísmo, na Idade Média, para usufruir do direito de realizar atividades comerciais que era negado aos cristãos. Eles realizavam essa atividade a partir das aldeias existentes nos espaços deixados livres pelos territórios feudais. Os mercadores mais ricos tornaram-se agiotas usurários tanto para os artesãos dos burgos quanto para os próprios senhores feudais[13].

Marx já havia analisado que a economia monetária, em geral, é, no fundo, estranha a essa forma de sociedade [feudalismo]. O capital vive nos poros desta sociedade. O judeu é introduzido nesses poros.[14]

A conclusão de Abraham León foi que os judeus europeus originários da conversão ao judaísmo foram transformados no que ele chama de um povo-classe:

“Os judeus constituem na história, acima de tudo, um grupo social com uma função econômica determinada. São uma classe, ou melhor ainda, um povo-classe. Aqui ele novamente recorre a Marx para explicar que era errado “partir da religião para explicar a história judia, pelo contrário, a preservação da religião ou das nacionalidades judias devem ser explicada pelo ‘judeu real’, isto é, pelo judeu em sua função econômica e social”. Esse povo-classe judeu europeu foi distribuído em vários países, mas tinha uma certa unidade cultural através do uso cotidiano do idioma iídiche (derivado do alemão arcaico, que é escrito com caracteres hebraicos) e da tradição religiosa.

Ou seja, Abraham León caracteriza que existe sim um povo-classe judeu europeu. Mas afirma categoricamente que não é o herdeiro dos “judeus bíblicos” da Judéia e de Israel, como afirma o sionismo, mas que foi formado ao longo dos séculos como resultado dos processos socioeconômicos desenvolvidos na Europa. Portanto, esse povo-classe judeu europeu não tinha nenhum “direito histórico” de se apropriar da Palestina.

Tendo feito essa caracterização, Abraham León afirma que o desenvolvimento do capitalismo e, essencialmente, o surgimento de estados europeus modernos (substituindo a sociedade feudal) mudaram globalmente as condições nas quais o povo-classe judeu europeu havia sido formado. A burguesia não estava disposta a ceder parte da mais-valia que extraía na produção aos usurários judeus (como faziam os senhores feudais). Por um lado, começou a promover a formação de bancos capitalistas modernos; por outro, a perseguir os usurários judeus (e os mercadores judeus em geral) para deslocá-los do “negócio do dinheiro”.

E esta é a base mais profunda do antissemitismo com o qual se justificou a perseguição aos judeus europeus ao longo de vários séculos, especialmente a partir do século XVIII. A expressão mais exacerbada disso foi o nazismo, que levou essa perseguição ao extremo de promover o extermínio dos judeus. Uma realidade que desempenharia um papel central na justificativa usada pelo sionismo para realizar o roubo das terras dos palestinos e a “criação” do Estado de Israel. 

 O sionismo é um agente do imperialismo

Durante suas primeiras décadas, o movimento sionista limitou-se a arrecadar fundos para promover a emigração de pequenos grupos de judeus europeus para a Palestina e ajudá-los a comprar terras e se estabelecer. Esses imigrantes judeus foram acolhidos com a tolerância tradicional do povo palestino. No entanto, o movimento sionista estava plenamente consciente de que seu projeto estratégico era criar um enclave imperialista no meio do mundo árabe, com uma população transplantada. Por isso, começou a buscar o apoio das potências imperialistas para esse projeto.

O primeiro apoio foi a Declaração Balfour, redigida em 1917 pelo Secretário de Relações Exteriores britânico. Nesse breve documento, a Grã-Bretanha declarava sua “simpatia pelas aspirações sionistas”.[15] Foi entregue a Lionel Walter Rothschild, um grande banqueiro inglês de origem judaica e um dos principais financiadores do movimento sionista. Esse apoio do imperialismo britânico foi muito importante, pois, pelo Acordo Sykes-Picot (1916), a Grã-Bretanha e a França concordaram secretamente com a divisão das possessões do Império Turco, que derrotariam na Primeira Guerra Mundial. 

Por sua vez, a Palestina ficaria sob o domínio britânico, o que foi feito em 1920, quando a Sociedade das Nações criou o Mandato Britânico sobre a Palestina.

No entanto, a ascensão ao poder do nazismo na Alemanha e sua política de “fazer uma nova divisão do mundo” (aliada ao Japão e à Itália fascista) levaram à Segunda Guerra Mundial. O imperialismo britânico teve que mudar suas preocupações e o projeto de criar um “lar nacional judeu” teve que ser adiado. Ao mesmo tempo, a terrível perseguição nazista aos judeus europeus nos países que dominava derivou, desta vez, em uma verdadeira diáspora. Os judeus que conseguiram fugir da Europa emigraram para países como Estados Unidos e Argentina (onde as comunidades judias já existiam há décadas). O sionismo tentou tirar proveito dessa situação e chegou ao incrível extremo de fazer um pacto de colaboração com os nazistas para promover a emigração de judeus para a Palestina, conhecido como Acordo de Haavara[16].

Na Segunda Guerra Mundial, o Eixo Alemanha-Japão-Itália foi derrotado pelos Aliados (Grã-Bretanha, França, Estados Unidos e União Soviética). O imperialismo estadunidense emergiu dessa guerra como a potência hegemônica política, econômica e militar (à qual as outras potências se subordinavam).

Agora eram os EUA que estavam “dando as cartas” no mundo, e o sionismo conseguiu seu apoio para criar um enclave imperialista na Palestina, camuflado como o Lar Nacional Judeu. Isso foi concretizado na mencionada Resolução 273 da ONU (1947), votada por proposta dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e o apoio da URSS dirigida pela burocracia stalinista. Como resultado desse apoio, essas potências ajudaram dezenas de milhares de judeus europeus que sobreviveram ao Holocausto a emigrar para a Palestina. O apoio stalinista não era apenas político: através da Tchecoslováquia, o bloco soviético enviou armas para a milícia sionista Haganá, que foram usadas para iniciar a limpeza étnica da Palestina.

A criação do Estado de Israel foi justificada pelo sionismo e pelas potências que a promoveram, baseou-se no sentimento de solidariedade com os judeus europeus depois de tantos anos de dor e sofrimento que sofreram com os nazistas. Era completamente lógico que esse “povo judeu” tivesse “uma terra onde pudesse viver em paz” e “curar suas feridas”. Este era um sentimento muito justo.

O grande problema é que naquela “terra” (Palestina) já vivia outro povo. Como vimos, o Estado de Israel só poderia ser construído expulsando e destruindo o povo palestino por meio de métodos genocidas de limpeza étnica. Em uma reviravolta cruel da história, isso levou o sionismo a usar contra os palestinos o mesmo raciocínio e os mesmos métodos que os nazistas usaram contra os judeus europeus: “Se houver um único árabe em Gaza, nós, judeus, não poderemos viver naquela terra”.

No auge do cinismo e da hipocrisia que sempre o caracterizaram, o sionismo responde àqueles que dizem que o Estado israelense está cometendo genocídio contra o povo palestino com a acusação de que aqueles que afirmam isso são “antissemitas” (na verdade, é assim que eles descrevem qualquer um que critique Israel). Essa mentira é tão grande que um número crescente de intelectuais israelenses já falam de “genocídio”.[17] O número de cidadãos de outros países, de origem judaica, que denunciam o genocídio também está crescendo. É o caso do movimento Não em Nosso Nome, nos Estados Unidos, e “Judeus pela Palestina”, na Argentina.

A questão não termina na acusação do sionismo. O Estado israelense conseguiu fazer com que as críticas às ações israelenses ficassem a um passo de serem consideradas crime em vários países. Nos EUA, a Câmara dos Representantes censurou Rashida Tlaib, uma legisladora de origem palestina, por suas declarações sobre a situação em Gaza e o sofrimento do povo palestino como resultado da ocupação israelense. A resolução de censura a acusa de “espalhar falsidades”.[18] Ao mesmo tempo, o governo Trump sancionou três membros do Tribunal Penal Internacional (um organismo que não tem sede nos EUA nem está sob sua jurisdição) pela falsa acusação contra Israel pela guerra em Gaza”.[19] A penalidade consiste em “congelar os ativos que os funcionários designados possuem nos EUA ” e “bloquear sua entrada no país”. Ou seja, são considerados inimigos dos Estados Unidos.

Na Argentina, Vanina Biassi, deputada nacional da FITU, está sendo processada por ter publicado várias mensagens em sua conta da rede X que comparam as ações israelenses em Gaza com as do regime nazista. A DAIA (Delegação de Associações Israelitas na Argentina) iniciou uma ação judicial alegando que essas mensagens eram “antissemitas” e a Justiça concordou em iniciar um processo judicial por essa acusação.

Em vários artigos já citados, afirmamos que a ideologia sionista sobre a qual o Estado israelense foi construído, e que se destina a justificar o atual genocídio em Gaza, era análoga à dos nazistas[20]. Agora queríamos mostrar as grandes falsificações nas quais essa ideologia nazi / sionista quer se basear.  


[1] https://litci.org/es/hoy-el-gueto-de-varsovia-es-gaza/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[2] https://litci.org/es/cisjordania-el-otro-frente-del-ataque-israeli-a-los-palestinos/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[3] https://www.larazon.cl/2025/07/24/el-parlamento-israeli-aprueba-la-anexion-de-cisjordania/

[4] https://www.instagram.com/reel/DNDeWwExG0e/?igsh=cDl4amRqOXFxZWJl

[5] https://litci.org/es/oslo-la-paz-de-los-cementerios-para-la-continua-nakba/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[6] Este livro foi publicado pela Stanford University Press em 1999. O original em inglês pode ser visto em https://books.google.com.ar/books/about/Land_and_Power.html?id=h4K06WBjCrAC&redir_esc=y

[7] A versão em espanhol pode ser encontrada em  https://books.google.es/books?id=ZPRmNheISREC&printsec=frontcover&hl=es#v=onepage&q&f=false

[8] https://litci.org/es/ilan-pappe-en-brasil/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[9]https://www.suneo.mx/literatura/subidas/Her%C3%B3doto%20de%20Helicarnaso%20Los%20Nueve%20LIbros%20de%20la%20Historia.pdf

[10] https://www.britannica.com/event/Babylonian-Captivity

[11] https://www.google.com.ar/books/edition/La_invenci%C3%B3n_del_pueblo_jud%C3%ADo/UUm-kiApHJAC?hl=es&gbpv=1&printsec=frontcover

[12] https://revistaedm.com/wp-content/uploads/2021/06/Concepcion-materialista-de-la-cuestion-judia.pdf

[13] Essa figura foi retratada no personagem Shylok, na peça de William Shakespeare, O Mercador de Veneza

[14] Citado por Otto Bauer em seu livro A Questão das Nacionalidades e da Social-Democracia (1907).

[15] https://www.bbc.com/mundo/noticias-internacional-41824831

[16] https://www.haaretz.com/jewish/2016-08-25/ty-article/.premium/1933-jews-make-accord-with-nazi-germany/0000017f-f487-ddde-abff-fce7d5500000

[17] https://litci.org/es/hoy-el-gueto-de-varsovia-es-gaza/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[18] https://www.infobae.com/estados-unidos/2023/11/08/la-camara-de-representantes-de-eeuu-censuro-a-una-congresista-por-defender-la-eliminacion-del-estado-de-israel/    

[19] https://itongadol.com/internacionales/ee-uu-sanciona-a-otros-tres-miembros-de-la-corte-penal-internacional-por-la-falsa-acusacion-contra-israel-por-la-guerra-en-gaza

[20] https://litci.org/es/hoy-el-gueto-de-varsovia-es-gaza/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

Tradução: Lílian Enck

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