Houthis firmam cessar-fogo com Trump, mas seguem atacando Israel

Por: Fábio Bosco
No dia 19 de maio, os iemenitas Houthis declararam que todas as embarcações indo ou vindo do porto de Haifa, principal porto israelense na Palestina ocupada, se tornarão alvos dos ataques iemenitas no mar vermelho, por onde circula 15% de todo o comércio mundial.
Os Houthis são o poder de facto nas principais áreas do Iêmen, localizadas no lado ocidental do país. Desde o início das agressões genocidas do estado de Israel contra os palestinos em Gaza, em outubro de 2023, os Houthis se posicionaram contra o genocídio e atacaram embarcações estrangeiras no mar vermelho em solidariedade com os palestinos.
“Eles são durões. Eles são combatentes”
Desta forma o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump descreveu os iemenitas Houthis com quem firmou um acordo em 5 de maio através de intermediários omanitas segundo o qual os Houthis cessaram os ataques contra embarcações estadunidenses no mar vermelho e a marinha americana cessou os ataques contra o povo iemenita.
O acordo foi motivado principalmente pelos riscos de ataques iemenitas contra alvos americanos (incluindo a própria comitiva presidencial) por ocasião da visita de Trump à Riad. O alerta foi feito pelas próprias autoridades sauditas. (1)
O outro motivo para Trump firmar o acordo foi o fracasso da empreitada militar. Apesar da pesada agressão estadunidense com 1100 bombardeios em 52 dias, os Houthis mantiveram seus ataques às embarcações no mar vermelho e derrubaram sete drones MQ-9 estadunidenses (cujo custo unitário é de USD 30 milhões). Além disso, dois caças Super Vespas F/A-18 (cujo custo unitário é de USD 67 milhões) caíram do porta-aviões Harry Truman no mar vermelho. O custo total da agressão ao Iêmen, denominado de operação “Rough Rider”, superou USD 1 bilhão apenas no primeiro mês. (2)
Trump firmou o acordo à revelia do governo israelense que, no dia anterior, recebeu um míssil iemenita no estacionamento do aeroporto Ben Gurion, o maior na Palestina ocupada, suspendendo todos os voos. Israel revidou bombardeando o porto de Hodeidah e o aeroporto de Sanaa, as duas principais portas de entrada da ajuda humanitária no país. No dia 9 de maio, foi a vez dos iemenitas revidarem, lançaram um novo míssil que, mesmo interceptado, provocou pânico entre a população israelense.
O fim das hostilidades entre os EUA e os Houthis, representou um revés para os sionistas mas não paralisou o genocídio em Gaza, onde Israel realiza preparativos para expulsar a população palestina, nem as violentas ações israelenses na Cisjordânia cujo objetivo é a anexação dessa região. O genocídio só terá fim com o fortalecimento da resistência palestina e da solidariedade internacional.
Notas:
https://www.middleeasteye.net/news/exclusive-saudi-arabia-pressed-trump-stop-attacks-yemen-ahead-visit
https://www.nytimes.com/2025/05/12/us/politics/trump-houthis-bombing.html