Peru | Todos com a Greve dos Motoristas de 10 de abril! Nenhum motorista assassinado mais! Greve Geral!

Por: Partido Socialista dos Trabalhadores (PST – Peru)
Desde as primeiras horas da manhã, a greve dos motoristas foi sentida fortemente em Lima e Callao.
Mais de 460 linhas de transporte interromperam suas operações a pedido de seus motoristas, que são vítimas diárias de assassinatos perpetrados por gangues criminosas em retaliação às empresas extorquidas.
O cansaço é justificado porque, assim como aconteceu durante a pandemia, são os trabalhadores/as e os pobres que são assassinados.
Mas a greve não apenas denuncia a violência criminosa e exige o fim dos assassinatos. Também denuncia a responsabilidade do governo incompetente de Dina Boluarte e do Congresso corrupto e reacionário, que pouco ou nada fizeram para conter a onda de crimes com a declaração de “estado de emergência”. Pelo contrário, enfraqueceram o sistema de investigação fiscal e flexibilizaram as leis existentes contra o crime organizado.
A classe trabalhadora se solidariza com a greve dos motoristas, apesar das dificuldades que a greve impõe para chegar ao trabalho, pois está ciente do trabalho social e econômico essencial dos trabalhadores do transporte e, como eles, quer ir trabalhar sem medo de ser assassinada durante sua jornada de trabalho.
Nós, do Partido Socialista dos Trabalhadores, nos solidarizamos com a greve dos motoristas de Lima e Callao. E convocamos toda a classe trabalhadora a se juntar a essa luta contra o crime organizado, que, por necessidade, é uma luta contra o governo Boluarte, o Congresso e o judiciário, todos dominados até os ossos por gangues criminosas que tecem suas redes de poder com base na compra de autoridades.
O que é crime organizado e por que ele está crescendo?
Como já dissemos antes, o crime organizado é composto por verdadeiras empresas capitalistas, onde há “donos”, “gerentes”, “capitães” e “soldados”. E para garantir seus lucros, eles impõem suas leis em partes do país e da cidade, pela força das armas e do dinheiro, com as quais compram autoridades (comissários, oficiais, juízes, supervisores municipais, etc.) que “fazem vista grossa” enquanto eles extorquem, traficam e matam. Como dizem as próprias gangues de extorsão, não adianta denunciar, porque “a polícia está do lado delas”.
Gangues que encontram o lugar perfeito no modelo econômico neoliberal, que saqueia nossos recursos, superexplora quando não demite a classe trabalhadora e joga a população em condições de miséria (vale lembrar que entre 9 e 10 milhões de peruanos vivem abaixo da linha da pobreza monetária e outros 9 a 10 milhões estão vulneráveis a cair abaixo dessa mesma linha a qualquer momento). Assim, o capitalismo neoliberal cria potencial bucha de canhão para o crime organizado. Portanto, o Estado patronal, que sustenta o modelo econômico, e o crime são inseparáveis.
Precisamos de uma Greve Nacional
Por todas essas razões, a greve, uma resposta genuína dos trabalhadores do transporte, é a única que abre caminho para uma luta real contra o crime organizado. Vale lembrar que foram as manifestações de 21 de março que de fato levaram à censura do corrupto ex-ministro do Interior, Juan José Santibañez.

Contudo, neste contexto, os dirigentes da classe trabalhadora, como a CGTP, voltam a brilhar pela sua ausência. É urgente que a CGTP unifique as lutas de todos os trabalhadores contra a violência criminal, mas também contra as demissões coletivas, por um aumento salarial geral e muito mais! E essa unidade só pode ser alcançada convocando uma Greve Nacional operária, popular e combativa, contra Boluarte e o Congresso, por sua derrubada imediata, pois são atualmente os principais obstáculos para enfrentar a criminalidade e os problemas urgentes que pairam sobre o país.
Um programa de classe contra a violência criminal
Porém, do ponto de vista de classe, precisamos ter nitidez: o Estado patronal não pode acabar com a criminalidade, pois defende os interesses do capital, que se aproveita da nossa miséria para lucrar, fomentando o desemprego, a precariedade e a lumpenização de setores da classe operária e do povo.
Nós, trabalhadores do país, juntamente com os pobres do campo e das cidades, temos a árdua tarefa de acabar com o crime organizado, como parte de nossa luta para acabar com o poder do capital, por meio de nossa ação combativa e nossa auto-organização.
É por isso que propomos:
1. Colocar em discussão nas nossas organizações (sindicatos, assembleias de bairro, frentes de defesa, etc.) a organização de patrulhas e comités de autodefesa urbana que, em conjunto com as patrulhas camponesas, combatam a ação da criminalidade.
2. Exigir que o Estado forneça armas para essas patrulhas e comitês, e que eles substituam a polícia em todos os lugares na proteção da segurança dos cidadãos e no combate ao crime.
3. Contra a “justiça” corrupta e patronal, criar tribunais populares que julguem e condenem sumariamente criminosos, incluindo criminosos de estado (corruptos, assassinos e extorsionadores), desde policiais até um presidente.
4. E para erradicar o criadouro do crime que arranca uma parcela da juventude pobre para transformá-la em assassinos de aluguel, é fundamental garantir emprego para todos, proibir demissões, reintegrar todos os demitidos, dividir a jornada de trabalho entre todos os que precisam trabalhar, garantindo salários equivalentes ao custo da cesta básica de consumo.
Esta é a árdua tarefa que temos pela frente: impedir que as pessoas morram nas mãos do crime, mas também da fome e da pobreza, e da repressão que, até agora, só serve para manter o governo Boluarte e o Congresso reacionário no poder.
FORA DINA E O CONGRESSO!
Lima, 10 de abril de 2025