O povo trabalhador sabe que nada pode esperar do estado de emergência decretado pela assassina Boluarte!

Por: PST – Peru
Unir as lutas em uma Paralisação Nacional contra o governo, os patrões, as demissões e o crime organizado!
A declaração de estado de emergência de 30 dias do governo Dina Boluarte em Lima e Callao é uma medida impotente contra o crime organizado e os constantes assassinatos que atormentam a população há algum tempo. Isso foi demonstrado pelos fracassados ”estados de emergência” declarados no ano passado em 13 distritos da região metropolitana de Lima e Ventanilla, em Callao.
Como dissemos então, a presença das forças armadas nas ruas, bem como a suspensão do direito à liberdade de reunião, à liberdade de movimento, à inviolabilidade do domicílio e ao respeito aos nossos direitos individuais, não conseguiram combater, muito menos eliminar, a extorsão e os assassinatos por encomenda a serviço do crime organizado. Somente no primeiro dia da declaração, 14 novos assassinatos ocorreram nas ruas de Lima nas mãos de pistoleiros.
Pelo contrário, o Congresso corrupto e reacionário, assim como o governo assassino, têm sistematicamente enfraquecido o arcabouço legal com o qual o Estado persegue as organizações criminosas, modificando e transformando em caricaturas instrumentos legais como batidas policiais, prisões preventivas e confisco de bens, que permitem ao Estado apreender os bens dos investigados por corrupção, narcotráfico, etc. para garantir o pagamento de reparações civis, etc.
Mas, acima de tudo, tanto Boluarte quanto o Congresso são responsáveis pela continuidade do modelo econômico neoliberal, que, junto com enormes lucros capitalistas, aumenta a pobreza da grande maioria do povo trabalhador, jogando-os a cair nas garras da criminalidade. Somente entre a juventude, um milhão e meio de peruanos não têm oportunidade de estudar ou trabalhar! Nove milhões de peruanos vivem abaixo da linha da pobreza monetária, e outros nove milhões estão vulneráveis a cair abaixo dessa mesma linha a qualquer momento. Assim, o capitalismo neoliberal cria potencial bucha de canhão para o crime organizado.
Não devemos confundir; o crime organizado não tem nada a ver com o batedor de carteira ou o “maconheiro” que rouba nos bairros. Organizações criminosas que extorquem e assassinam são verdadeiras empresas capitalistas que conduzem seus negócios fora da lei. E onde quer que haja uma empresa ilegal (tráfico de drogas, mineração, extração de madeira, pesca, tráfico de pessoas, etc.), há autoridades que se vendem e “fazem vista grossa”. Muitas vezes, essas autoridades estão no Congresso ou no Poder Executivo, como é o caso de Eduardo Salhuana, atual presidente do Congresso, que está ligado à mineração ilegal.
Portanto, fundamentalmente, o Estado peruano, subserviente aos interesses das grandes corporações (legais e ilegais), é impotente para combater a criminalidade. Em vez disso, ele usa os poderes que lhe são conferidos pela Constituição, como declarar “estados de emergência” e suspender direitos fundamentais, para reprimir aqueles que lutam com violência e autoritarismo.
Não é por acaso que esta nova declaração chega num momento em que, no dia 13 de março, uma grande mobilização operária percorreu as ruas do centro da capital denunciando o “pacote” antitrabalhista que o governo pretende impor. A mobilização, além de denunciar a tentativa de eliminação do Abono de Tempo de Serviço e dos bônus de julho e dezembro, trouxe à tona a questão das demissões coletivas, que os sindicalistas da Celima lideram, dando exemplo de luta após mais de 200 dias sem remuneração.
Seu plano de luta e resistência é um exemplo para toda a classe operária e, hoje, correm o risco de serem reprimidos pela declaração do estado de emergência. Temos certeza de que a associação patronal de Celima, liderada por Augusto Belmont Cassinelli, agradece o favor do governo.
Mas não é apenas o Sindicato Celima e a luta contra o pacote antitrabalhista que está surgindo. Em Cusco, as organizações populares acabam de aprovar uma greve por tempo indeterminado a partir de 3 de abril, exigindo a construção do Gasoduto Sul. Por sua vez, a Macrorregião Sul aprovou uma Jornada de Luta para 10 de abril contra o início das obras da Tía María e em apoio à reivindicação de Cusco. Tudo isso em um momento em que a crise governamental se agrava com a ruptura da aliança parlamentar que sustenta o governo, que pede a renúncia do ministro do Interior, Santivañez, justamente pelo fracasso no combate à criminalidade; situação que deixa Boluarte bastante frágil. Esta situação coloca na ordem do dia o apelo urgente à Paralisação Nacional por parte da direção da CGTP e das diversas organizações que lutam pelos pobres, para unir a mobilização.
Portanto, para nós, do Partido Socialista dos Trabalhadores, não há dúvidas de que os únicos que se beneficiam do “estado de emergência” são o governo, os partidos no Congresso e os empresários, que gostariam de manter os pobres e os trabalhadores de cabeça baixa. E por isso, além de denunciar a medida adotada por Boluarte e companhia por sua incompetência, alertamos para o risco de cair na tentação de acreditar que diante do crime o que é preciso é uma “mão firme” do Estado. Essa lógica só pode nos levar diretamente às mãos de um novo ditador.
A solução fundamental para o problema da criminalidade só pode vir da luta e da organização dos trabalhadores e do povo. A formação de comitês de autodefesa ou patrulhas urbanas para substituir a polícia corrupta e as forças armadas na luta contra gangues criminosas.
Mas também a luta para garantir emprego estável e salários iguais para todos. Uma luta que só pode ser liderada pela classe operária e que, junto com a reivindicação pelo fim das demissões coletivas, aumentos salariais, não o início da exploração de Tia María, como vem exigindo o povo do Vale do Tambo, prisão e castigo exemplar para os responsáveis pelos massacres de Ayacucho e Juliaca, e muito mais, deve unir todos os trabalhadores e o povo pobre do país contra este governo assassino, o Congresso corrupto e o modelo econômico neoliberal que só traz miséria e criminalidade.
Partido Socialista dos Trabalhadores
19 de março de 2025