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Colômbia | Diante da armadilha do progressismo, reorganizar a luta

fevereiro 25, 2025

Por: PST – Colômbia

O ano de 2025 marca o início aberto da campanha eleitoral presidencial. O governo Petro e os principais líderes do Pacto Histórico se apressam em apresentar um relato detalhado do que consideram ser suas grandes realizações: principalmente uma lista de medidas isoladas de caráter assistencialista e de promoção do “empreendedorismo” que expressam a essência do caráter limitado e reacionário do programa utópico do capitalismo de rosto humano que se pretende apresentar como a solução definitiva para as desigualdades, injustiças e penúrias que nós, trabalhadores e oprimidos, suportamos.

A crise em Catatumbo, alimentada por uma combinação de fatores estruturais do desenvolvimento predatório do capitalismo no país, o fracasso dos movimentos guerrilheiros cujo isolamento das massas os transformou em estruturas armadas vinculadas ao narcotráfico e o fracasso da política de paz total, é respondida com a militarização da região e ajudas temporárias à população como parte de seus decretos de comoção interna[1]. Isso não são apenas paliativos temporários que não atacam as causas profundas da crise e, portanto, a adiam no tempo, mas também refletem o beco sem saída dos graves problemas do país, que está sendo conduzido por sua desastrosa política de conciliação de classes com a burguesia colombiana.

Por outro lado, a ascensão de Trump à presidência dos Estados Unidos e o consequente ataque aos imigrantes latinos, com invasões e deportações em condições degradantes, somado ao genocídio perpetrado pelo sionismo contra o povo palestino, que apesar do cessar-fogo ainda continua, colocaram novamente na pauta a urgência de renovar a luta anti-imperialista em todo o mundo. Petro, assim como se opôs – pelo menos verbalmente – ao genocídio em Gaza, também enfrentou Trump exigindo que os compatriotas deportados fossem tratados com dignidade, um gesto correto, embora insuficiente, pois não ataca as causas últimas da dominação imperialista em nosso país e em geral em toda a América Latina, que Trump, como um imperador, aspira a subjugar ainda mais, sob os ditames de seu plano de reconquista do mundo eufemisticamente chamado de “América Primeiro”. Sintomática dessa perspectiva é a visita de seu emissário Marco Rubio ao Panamá e à Venezuela, que revela não apenas as novas exigências de Washington aos países latino-americanos, mas também a atitude servil e submissa de seus governos burgueses, mesmo os chamados “progressistas”.

No plano nacional, o governo Petro não conseguiu implementar as principais reformas que apresentou ao Congresso, como a reforma da saúde, que, apesar de não questionar nem o sistema capitalista colombiano nem o regime autoritário em que se baseia, enfrenta a feroz oposição dos partidos burgueses, que não estão dispostos a fazer concessões, por menores que sejam. Além da insegurança e das necessidades não atendidas, outro sintoma da crise social é uma onda assustadora de violência machista. Até agora, as medidas não foram eficazes, nem os orçamentos foram alocados para combater esse flagelo. O desemprego, a pobreza e os efeitos dos conflitos armados têm um impacto brutal especialmente nas mulheres.

Petro e o Pacto Histórico estão embarcando em uma campanha de propaganda na qual tentarão nos convencer de que as supostas reformas de mudança estão no caminho certo e, junto com todos os partidos e movimentos chamados de esquerda, nos dirão que o correto será dar nosso voto a eles por mais quatro anos. Nada é dito sobre as reivindicações levantadas pelas massas de trabalhadores, jovens e povo pobre das grandes cidades durante as greves de 2019 e 2021, as quais, certamente acreditam, encontrarão uma solução em um futuro indeterminado quando alcançarmos um desenvolvimento capitalista harmonioso e democrático para todos. Esse é o projeto utópico e reacionário ao qual somos convidados a dar nosso apoio. E suas grandes conquistas são tão limitadas que o próprio Petro admite que 146 das 195 promessas até agora não foram cumpridas.

As limitações do projeto progressista, impostas por sua política de governar com setores da burguesia, ficaram mais que expostas a todo o país durante o Conselho de Ministros televisionado de 4 de fevereiro e a consequente crise ministerial. À falta de execução se somaram as tensões naturais geradas por governar para duas classes sociais antagônicas; os representantes da burguesia acabam isolando e deixando em segundo plano aqueles que vêm da classe trabalhadora e dos setores oprimidos, mesmo que seja a própria vice-presidenta. Os três anos de governo de Petro mostram-nos que, através dos mecanismos formais da democracia burguesa e das suas instituições corruptas, como o Congresso e os Tribunais, os oprimidos, não encontraremos a solução para os nossos problemas mais urgentes, muito menos confiando em messias ou caudilhos. A melhor alternativa para a classe trabalhadora e o povo em geral é confiar na sua própria força, na sua capacidade de luta e organização, a cujo serviço nos colocamos.

Por isso, saudamos o dia de protesto dos imigrantes latinos nos Estados Unidos na segunda-feira, 3 de fevereiro, assim como as grandes mobilizações que estão ocorrendo na Argentina e na Alemanha contra as iniciativas da extrema direita e do imperialismo. Esta é a linha de ação correta a ser tomada contra as medidas autoritárias e xenófobas de Trump e seus aliados, uma expressão da natureza reacionária e da violação das liberdades democráticas no país que se proclama defensor da liberdade e cujo desenvolvimento econômico tem se baseado principalmente na exploração de imigrantes e na pilhagem de suas semicolônias. Apelamos aos trabalhadores, camponeses, indígenas, afro-colombianos, mulheres e jovens para que retomem a luta para realizar as mudanças necessárias para garantir condições de vida dignas para todos, tanto nas cidades como no campo, por meio da mobilização de massas independente e unificada. Aproveitemos o dia 8 de março para ir às ruas no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.


[1] O estado de comoção interna é uma disposição prevista na Constituição de 1991, que autoriza o presidente da República a adotar medidas excepcionais em situações de crise que ameacem a segurança e a ordem pública. (Ndt.)

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