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Argentina | Milei e o golpe $LIBRA

fevereiro 24, 2025

Por: Alejandro Iturbe

O presidente argentino Javier Milei está mais uma vez no centro das atenções da imprensa mundial. Primeiro foi seu discurso de ódio repugnante no último Fórum de Davos[1], depois ele replicou a política de Donald Trump e retirou a Argentina da OMS. Agora, por ter promovido a partir de sua conta pessoal em X o golpe realizado pela criptomoeda $LIBRA, que teve grande repercussão nacional e internacional.

Em 2022, observamos o crescente uso global de criptomoedas[2]. Afirmamos ali que são “um ativo [monetário] digital (não existe em forma física) que utiliza criptografia para garantir sua titularidade e assegurar a integridade das transações”.

Ao contrário das moedas de curso legal, as criptomoedas e suas transações não operam sob o apoio ou controle de nenhum banco central nacional ou internacional. Seu preço depende exclusivamente da oferta e demanda do mercado em que é vendido, com grandes oscilações.

A tendência geral das mais conhecidas e prestigiadas, como o bitcoin, tem sido de crescimento espetacular: sua primeira operação foi a venda de 50.000 unidades a US$ 35 no total[3]. Atualmente, cada unidade custa mais de US$ 100.000.

Se esse comprador tivesse mantido esses bitcoins em sua posse, ele poderia vendê-los por US$ 5 bilhões. É por isso que as criptomoedas são tão fascinantes para muitas pessoas, especialmente os jovens: elas parecem ser uma maneira de enriquecer rapidamente e sem esforço.

O surgimento e a implementação das criptomoedas e sua aceitação institucionalizada por bancos e fundos de investimento privados são um exemplo nítido da natureza cada vez mais especulativa e parasitária do capitalismo atual. O mercado de criptomoedas é uma enorme bolha financeira baseada no “esquema de pirâmide Ponzi” (agora proibido na maioria dos países do mundo): seu preço sobe e gera dinheiro para os compradores enquanto “novos investidores” continuam chegando. Quando esse crescimento para, a pirâmide entra em colapso e quem comprou no final do processo perde grande parte do seu investimento[4]. Novos investidores continuam entrando no mercado das criptomoedas mais fortes, como o Bitcoin, e seu preço está, portanto, aumentando constantemente.

Agora sim, as memecoins

$LIBRA é o que é conhecido como memecoin, uma criptomoeda de curta duração promovida por figuras influentes da mídia por meio de postagens em suas contas, nas quais incentivam seus seguidores a comprá-las com a promessa de lucros fáceis. Na maioria dos casos, isso é um golpe, pois após um forte aumento inicial no preço, eles rapidamente entram em colapso. Uma pirâmide Ponzi de vida muito curta.

Aqueles que compraram no pico do preço estão perdendo grande parte do seu dinheiro, que é embolsado por aqueles que lançaram a memecoin, o venderam por um preço alto e agora estão desprendendo essas unidades. Um exemplo recente foi o tigrinho brasileiro, lançado no ano passado, promovido por diversos influenciadores[5].

Quem planejou o golpe?

Com $LIBRA, o golpe foi concluído em apenas algumas horas. Foi lançado pelo trader argentino Mauricio Novelli (cofundador do Tech Forum), pelo empresário cingapuriano Julian Peh (CEO da KIP Protocol, especializada em transações de criptomoedas) e Hayden Davis (CEO da Kelsier Ventures, consultoria em operações de criptomoedas e investimentos digitais)[6].

A maior parte das transações de $LIBRA foram feitas por meio da Ripio, uma “carteira virtual” de criptomoedas (uma exchange do argentino Sebastián Serrano) que, em 2021, agregou fortes investimentos de amigos de Milei, como Marcos Galperín (dono da carteira virtual Mercado Pago) e Martin Migoya (CEO da empresa de tecnologia Globant). Serrano tentou se distanciar do golpe argumentando que os compradores sabiam que esses eram “ativos hipervoláteis” cujo preço poderia despencar em poucas horas. Ainda assim, outras bolsas de criptomoedas “sérias” o viam como cúmplice[7].

A curta vida de $LIBRA

Esta memecoin foi lançada na sexta-feira, 17/02/2025, com um preço inicial um pouco superior a US$ 0,40 por unidade. Em uma ação comum nesse tipo de golpe, os próprios promotores começaram a comprar grandes quantidades para aumentar o preço: em menos de 40 minutos, o preço disparou para US$ 4,56 a unidade[8].

Às 19h daquele dia, Milei fez uma publicação em sua conta pessoal do X, na qual ela joga toda sua influência e prestígio em um claro chamado para comprar $LIBRA. Após essa mensagem, milhares de seus seguidores, especialmente jovens, compraram a memecoin.

Estima-se que 44.000 pessoas compraram pelo preço máximo. Quando o fluxo de “investidores” acabou, o preço parou de subir, começou a cair e, diante da onda de vendas que isso gerou, caiu para seu valor atual de US$ 0,17 por unidade. É muito difícil estimar o valor total do golpe: algumas pessoas compraram pequenas quantias, outras perderam US$ 6.000 e outras perderam até US$ 100.000[9].

Milei tenta se separar

Quando já era evidente que se tratava de um “golpe de criptomoeda”, Milei apagou sua postagem no X, sete horas depois de tê-la publicado. Na segunda-feira, 17/2, $LIBRA já havia se tornado um escândalo nacional e internacional, com Milei no centro. Ele tentou justificar seu papel no processo em entrevista ao canal TN (Todo Noticias), veículo de comunicação que apoia integralmente o governo[10].

Nele, ele minimizou o alcance do ocorrido: afirmou que as vítimas foram “no máximo 5.000, quase nenhuma delas argentina” e que os compradores sabiam do risco envolvido nesse tipo de investimento: “Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação? Se você sabia as condições.”

Ele também disse que atuou “a título pessoal” e não como presidente, e que não se tratava de uma “promoção”, mas sim “da divulgação de uma ferramenta que considerava interessante” para “empreendedores tecnológicos” arrecadarem fundos para “investir na Argentina”.

Mais tarde, foi descoberto que Milei tinha um forte relacionamento com esses “empreendedores tecnológicos”. Ele trabalhou com a Novelli, dando palestras e cursos pagos para a empresa da Novelli, que os vendia a um preço muito bom para empreendedores interessados ​​em participar. Hayden Davis, um “jovem empresário” desconhecido, entrou na Casa Rosada para se reunir com Milei em 30 de janeiro e aparece no registro oficial de visitantes. Ambos estiveram no Tech Forum realizado recentemente em Buenos Aires, promovido pelo governo de Milei, junto com o já citado Julian Peh. Em uma foto do evento, os três, junto com outros participantes, aparecem ao lado de um orgulhoso Milei.

Como fato adicional, Charles Hotkinson, criador e dono da Ethernet (uma das maiores referências no campo das criptomoedas) revelou que “associados próximos” do governo de Milei lhe pediram propina para organizar uma reunião com o presidente: “Dê-nos algo e coisas mágicas podem acontecer.” Hotkinson recusou porque “isso seria uma violação da FCPA“, a lei dos EUA que criminaliza o suborno de autoridades de outros países[11].

Davis revelou publicamente que de fato pagou uma comissão a Karina Milei para marcar o encontro com seu irmão para convencê-lo a promover o lançamento do $LIBRA. “Javier Milei e sua equipe trabalharam durante semanas no lançamento deste token.” Davis acrescentou que está disposto a devolver os US$ 100 milhões que ganhou com o golpe[12].

Apesar da publicação de todas as informações, Milei insistiu que não obteve nenhum benefício financeiro pessoal. Acrescentou que, de qualquer forma, Cristina Kirchner, a principal líder da oposição peronista, cometeu “vários golpes” enquanto estava no poder.

Nesse momento, Santiago Caputo, Ministro da Economia de Milei, que estava atrás das câmeras como “assessor”, interrompeu a entrevista e disse a Milei que suas respostas o comprometeriam no tribunal. Ele pediu à equipe de produção do canal que editasse a entrevista e removesse várias partes. O canal fez isso e exibiu uma versão resumida. No entanto, a versão “bruta” vazou nas redes sociais e rapidamente viralizou[13].

A onda expansiva

O escândalo teve repercussões na Argentina e em outros países em vários níveis. Na Argentina, mais de 100 ações judiciais foram movidas contra Milei por “crimes de fraude, negociações incompatíveis com cargo público e associação ilícita”. Os processos foram aceitos e serão consolidados em um único caso a ser ouvido por um juiz federal com histórico controverso[14].

Este processo judicial terá muita cobertura da mídia. Entretanto, na Argentina, a legislação concede privilégios especiais aos presidentes em exercício, de modo que os tribunais não podem condená-los. Só poderá fazer isso quando deixar o cargo, como aconteceu, por exemplo, com os ex-presidentes Carlos Menem e Cristina Kirchner, embora eles nunca tenham sido presos[15].

Se o presidente estiver no cargo, a Constituição prevê que tais crimes sejam julgados em um processo de impeachment conduzido por ambas as câmaras do Congresso Nacional, o que pode destituir o presidente do cargo se for considerado culpado. Já existe um pedido de início por deputados do peronismo[16], e outro apresentado por dois deputados da FIT-U[17].

O processo de impeachment é muito complicado porque deve superar diversas barreiras legislativas para começar e ainda mais para emitir uma condenação[18]. No século XX e até agora no século XXI, nenhum pedido de impeachment contra um presidente em exercício foi apresentado para ser discutido em sessões. Dada a atual composição do Parlamento, isso acontecerá novamente. Nem mesmo foi aprovada a formação de uma comissão parlamentar de inquérito[19].

Nessas condições, pedir o impeachment de Milei não é uma forma de lutar contra ele, mas sim uma “jogada para a tribuna” destinada a gerar cobertura da mídia. Não é por acaso que esse é o caminho escolhido por Cristina Kirchner e o peronismo. Isso se encaixa perfeitamente em sua política geral em relação ao atual presidente: não promover e impedir as lutas contra o governo. Se limitam a dizer que devemos “deixar queimar”. Assim, Milei pode governar e fazer o “trabalho sujo” do ajuste e dos ataques que toda a burguesia argentina (incluindo o peronismo) apoia[20].

No âmbito desta política, tenta se preparar como substituto eleitoral e, neste quadro, ir recuperarando os votos que perdeu nas eleições de 2023, de sua base de eleitores tradicionais. Este escândalo da $LIBRA se encaixa perfeitamente nessa política. Em uma situação em que pesquisas anteriores mostravam um empate virtual entre aqueles que apoiam o governo e aqueles que são contra, estima-se que a imagem positiva de Milei caiu 2,5% devido a esse escândalo[21].

O lamentável é que deputadas de partidos que se dizem trotskistas estejam repetindo o pedido de impeachment e incluam, como um de seus pontos principais, “a intimação de Roberto Emilio Silva na qualidade de presidente da Comissão de Valores Mobiliários” (órgão estatal burguês argentino “encarregado de regular, supervisionar, promover e desenvolver o mercado de capitais”[22]). Uma expressão exacerbada da adaptação dessas organizações ao regime parlamentar burguês.

Fora do país

Os principais veículos de comunicação do mundo, como o New York Times, The Economist (Grã-Bretanha), El País (Espanha), Deutsche Welle (Alemanha), France 24, La Jornada (México), O Globo (Brasil) e muitos outros, dedicaram grande atenção ao que é chamado de criptogate de Milei. Outras abordagens foram diretamente irônicas, como a do comediante espanhol Joaquín Reyes, em seu programa de televisão.

Milei aspira se tornar uma líder na política mundial, uma referência séria do movimento parlamentar de extrema direita. A deterioração da sua imagem nacional e internacional após este escândalo afeta seriamente essas aspirações.

Ao mesmo tempo, um escritório de advocacia argentino especializado em casos internacionais de insolvência e fraude entrou com uma queixa no Departamento de Justiça dos EUA e no FBI contra Milei e os outros participantes do cryptogate. É bem possível que o sistema de justiça dos EUA inicie processos legais, já que várias das empresas envolvidas estão sediadas nos EUA e violaram a legislação americana, como a mencionada FCPA.

A lei dos EUA autoriza o Departamento de Justiça e o FBI a investigar casos de fraude financeira e suborno cometidos no exterior se houver suspeita de que bancos ou empresas dos EUA foram usados ​​no processo de transferência de dinheiro. Ela autoriza, inclusive, a organização a condenar e/ou solicitar a prisão de estrangeiros envolvidos e sua extradição para os Estados Unidos pela justiça de outros países. Foi o que aconteceu em 2015 com o chamado Fifagate, que levou à prisão de sete altos funcionários da FIFA em um hotel na Suíça[23].

Milei e seu entorno estão muito preocupados com a dinâmica desse processo judicial. Ele chegou a pedir que seu Ministro da Justiça, o advogado Mariano Cúneo Libarona, deixasse o cargo para assumir sua defesa jurídica[24].

É bem possível que esse julgamento e investigação continuem. O que parece muito difícil é que chegue ao nível de Fifagate (condenação e mandado de prisão). Acreditamos que o mais provável é que lhe deem um “susto” e um “desafio” por ter “jogado o seu próprio jogo” sem autorização dos “patrões”. Milei ainda é muito útil para o imperialismo americano.

Por isso, importantes bancos e empresas americanas “fazem vista grossa” diante desse escândalo e se propõem a continuar aproveitando as “oportunidades” que a Milei lhes oferece na Argentina. É o caso do Bank of America, que, em reunião com investidores, afirmou que o cryptogate já era “uma anedota[25]”. O JP Morgan[26] tem a mesma atitude. “Negócios são negócios”, diz uma velha premissa burguesa.

O impacto na economia argentina

Durante a maior parte de 2024, a economia argentina experimentou um declínio acentuado que foi acentuado pela política econômica e monetária do governo Milei. No último trimestre, começou uma recuperação leve e muito desigual, que, na melhor das hipóteses, mal compensará esse declínio geral[27].

Foi nesse contexto que esse escândalo eclodiu. Seu primeiro impacto foi uma queda de 6,5% no índice Merval da Bolsa de Valores de Buenos Aires, refletindo uma queda semelhante nas ações de empresas argentinas em Wall Street. Três dias depois, o Merval recuperou grande parte da queda.

Mas não o fez naturalmente, e sim porque o Ministro Caputo ordenou à ANSES (a agência que administra os fundos para cobrir aposentaodrias) que usaria seu Fundo de Garantia para comprar ações na Bolsa de Valores. O Banco Central também fez isso. Juntos, eles gastaram US$ 1 bilhão[28].

Outro tema quente é a questão do preço do dólar paralelo, que, depois de ter caído no ano passado, aproximando-se do preço do dólar oficial, iniciou uma tendência de alta, aumentando a diferença e pressionando por uma desvalorização que Milei não quer implementar, apesar do pedido de numerosos economistas (como Domingo Cavallo) e de vários setores burgueses.

Para evitar esse “disparo”, o governo deve vender permanentemente dólares das reservas do Banco Central[29]. Na realidade, a situação financeira monetária da Argentina é muito frágil devido ao terrível esgotamento representado pelo pagamento da dívida externa ao FMI e aos detentores de títulos privados[30]. Toda a política do governo Milei e Caputo visa pagar essa dívida, evitando que ela entre em colapso, para o que deve negociar permanentemente com o FMI, que impõe sua política econômica.

A primeira coisa que Milei e Caputo fizeram foi viajar aos Estados Unidos para se encontrar com a chefe do FMI, Kristalina Georgieva, para assinar um novo acordo que incluía um novo empréstimo de onze bilhões de dólares para sustentar o castelo de cartas[31]. Georgieva voltou a elogiar o feroz plano de ajuste que Milei está aplicando, mas não está disposta a liberar nenhum “novo dólar” até que Milei faça uma forte desvalorização e levante as “restrições cambiais” (o mesmo que vários economistas e setores burgueses da Argentina estão pedindo a ele)[32].

Até agora, Milei se recusou a fazê-lo e acredita que adotar essa medida seria uma grande derrota pessoal para seu governo e para a política econômica que ele implementou[33]. . A situação, então, é um círculo vicioso: o governo precisa assinar o acordo com o FMI, mas se recusa a realizar a desvalorização que este exige porque acredita que isso “custaria sua vida”.

Algumas conclusões

O lançamento do $LIBRA foi um golpe no qual Milei e seu círculo mais próximo estavam envolvidos. Mesmo sob as leis burguesas, Milei deveria ser julgado, condenado e preso por esse crime. Precisamos exigir e nos mobilizar para que isso aconteça. Mas devemos estar cientes de que é quase impossível que isso aconteça no marco do corrupto regime burguês argentino e suas instituições, a menos que seja imposto por uma gigantesca mobilização de massas como aconteceu no Sri Lanka e em outros países[34].

Gostaríamos de concluir este longo artigo com uma consideração importante. O lançamento do $LIBRA foi um golpe realizado à vista de todo o país. No entanto, no final das contas, afetou apenas 44.000 pessoas.

Em nosso país, existem outros golpes muito maiores que afetam milhões e são realizados legalmente. O mais importante é o pagamento da dívida externa, que nasceu como uma fraude durante a última ditadura militar e que depois foi legalizada por todos os governos burgueses (seja qual for sua cor) e continuou sendo paga, apesar de o país dever cada vez mais.

Esse golpe “legal” é o que gera os planos de ajuste permanente (mais do que nunca com Milei) e, para pagar por isso, “devora” os saldos da balança comercial. Ou seja, a pilhagem imperialista das riquezas geradas pelo esforço de milhões de argentinos. Esse é o grande golpe que precisamos acabar. O exemplo do Sri Lanka se aplica aqui mais uma vez.

Sobre a questão do golpe da $LIBRA, os trabalhadores não podem ter nenhuma confiança no Congresso Nacional ou no sistema de Justiça para investigar. É necessário formar uma comissão investigativa independente composta por representantes dos trabalhadores, organizações de direitos humanos e especialistas honestos para investigar e descobrir toda a verdade.


[1] https://litci.org/pt/2025/02/07/diante-do-ataque-brutal-de-milei-as-minorias-em-davos-uma-enorme-mobilizacao-popular-varreu-o-pais/

[2] https://litci.org/pt/2022/02/15/criptomoedas-o-dinheiro-do-futuro-ou-uma-grande-bolha-financeira/

[3] https://es.cointelegraph.com/news/12-years-ago-the-first-bitcoin-price-was-established-1-300-btc-for-us-1-dollar

[4] https://www.bbva.com/es/economia-y-finanzas/como-funciona-un-sistema-ponzi-conocelo-para-protegerte

[5]  ttps://www.reddit.com/r/farialimabets/comments/1hinv89/depois_do_tigrinho_memecoin_%C3%A9_o_futuro_dos/

[6] https://chequeado.com/el-explicador/libra-quien-es-quien-en-el-criptogate-que-involucra-al-presidente-javier-milei/

[7] https://www.bloomberglinea.com/latinoamerica/argentina/la-defensa-del-exchange-cripto-ripio-tras-haber-listado-a-libra-y-la-critica-de-buenbit/

[8] https://www.perfil.com/noticias/economia/criptomoneda-libra-a-cuanto-cotiza-la-memecoin-este-martes-18-de-febrero.phtml

[9] https://www.bbc.com/mundo/articles/cn8y8q35162o

[10] https://www.infobae.com/politica/2025/02/18/por-que-borro-el-tuit-criticas-a-cfk-y-su-vinculo-con-los-involucrados-12-frases-de-milei-sobre-libra/

[11] http://lapoliticaonline.com/politica/el-creador-de-libra-denuncia-que-karina-milei-cobro-una-coima/

[12] idem

[13] https://www.lanacion.com.ar/politica/santiago-caputo-interrumpio-la-entrevista-a-javier-milei-sobre-libra-y-el-gobierno-salio-a-dar-nid18022025/

[14] https://es.wired.com/articulos/milei-enfrenta-mas-de-100-denuncias-por-presunta-estafa-con-la-criptomoneda-dollarlibra

[15] https://chequeado.com/el-explicador/que-otros-ex-presidentes-fueron-condenados-en-la-historia-argentina/

[16] https://www.infobae.com/politica/2025/02/17/los-pedidos-de-juicio-politico-por-libra-llegan-a-diputados-con-la-comision-acefala-y-tensiones-cruzadas/

[17] https://www.parlamentario.com/2025/02/17/la-izquierda-presento-su-propio-pedido-de-juicio-politico/

[18] https://www.pagina12.com.ar/804655-como-es-un-proceso-de-juicio-politico-en-argentina-causas-pr

[19] https://www.infobae.com/politica/2025/02/20/el-senado-rechazo-crear-una-comision-investigadora-por-el-caso-de-la-criptomoneda-libra/

[20] https://litci.org/es/sobre-la-carta-de-cristina-a-milei/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[21] https://www.perfil.com/noticias/politica/primer-impacto-del-escandalo-libra-la-imagen-de-javier-milei-cayo-25-segun-un-estudio-regional.phtml

[22] https://www.argentina.gob.ar/cnv

[23] https://www.theguardian.com/football/2015/may/27/several-top-fifa-officials-arrested

[24] https://mnews.com.ar/politica/123900-Cuneo-Libarona-podria-dejar-de-ser-ministro-para-encarar-la-defensa-de-Milei

[25] https://www.infobae.com/economia/2025/02/21/un-gigante-de-wall-street-organizo-un-evento-sobre-argentina-los-inversores-consideraron-que-la-polemica-libra-ya-es-una-anecdota/

[26] https://www.eldestapeweb.com/economia/energia/jp-morgan-recomienda-invertir-en-ypf-y-dejo-mal-parado-a-javier-milei-quien-habia-criticado-a-estatizacion-202511021127

[27] http://tiempoar.com.ar/ta_article/brotes-verdes-imaginarios/

[28] https://www.lapoliticaonline.com/economia/caputo-ordena-a-la-anses-a-hacer-compras-masivas-de-acciones-para-atenuar-el-golpe-del-criptogate/

[29] https://www.lanacion.com.ar/economia/dolar/dolar-el-banco-central-ya-uso-us1602-millones-para-comprar-bonos-en-dolares-y-contener-la-brecha-nid21012025/

[30] https://www.lavoz.com.ar/opinion/programa-economico-del-gobierno-un-castillo-de-naipes/

[31] https://www.ellitoral.com/economia/javier-milei-reunio-titular-fmi-cara-eventual-nuevo-acuerdo-fondo-monetario-internacional-deuda-prestamo-dolares-luis-caputo_0_3R2lgjPUKc.html

[32] https://www.ellitoral.com/economia/javier-milei-reunio-titular-fmi-cara-eventual-nuevo-acuerdo-fondo-monetario-internacional-deuda-prestamo-dolares-luis-caputo_0_3R2lgjPUKc.html

[33] https://www.perfil.com/noticias/economia/no-vamos-a-devaluar-de-ninguna-manera-javier-milei-insiste-con-el-valor-del-tipo-de-cambio.phtml

[34] https://litci.org/pt/2022/07/12/sri-lanka-uma-revolucao-em-curso-derruba-o-presidente-rajapaksa/

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