El Salvador | Organizar um instrumento classista, socialista, internacionalista e revolucionário
Por: Plataforma da Classe Trabalhadora | PCT – El Salvador
As e os revolucionários da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional em El Salvador empreenderam um esforço para reorganizar os revolucionários em torno do Partido da Classe Trabalhadora, é necessário esclarecer os quatro pilares na construção do Partido da Classe Trabalhadora diante da grave situação de Ditadura que o país está vivendo, em que nossa classe está órfã:
Classismo, socialismo, internacionalismo e seu caráter revolucionário.
Queremos organizar em nosso instrumento, apenas o povo da classe trabalhadora, e vamos defender apenas os interesses da classe trabalhadora. Tudo a partir destes quatro pilares:
Um partido classista
Desde o momento em que vamos para a escola somos ensinados que somos todos iguais, na Constituição de El Salvador está estabelecido em seu artigo 3 que somos todos iguais perante a lei, que somos todos cidadãos e que temos os mesmos direitos. No PT acreditamos que isso é uma grande mentira, não somos todos iguais, para nós existem centralmente dois tipos de pessoas, que compõem duas classes sociais. A primeira, a mais numerosa, é a classe trabalhadora. Somos todos aqueles que vivem do nosso próprio trabalho, que vão 5, 6 ou até 7 dias por semana trabalhar 8, 9, 12 ou até mais horas, em troca de um salário ou que por iniciativa própria nos esforçamos para sustentar a nossa casa trabalhando por conta própria, ou seja, vivemos pelo nosso próprio esforço e não pelo trabalho dos outros. Por outro lado, há um grupo de privilegiados, um grupo muito pequeno, a classe burguesa. São as pessoas que vivem do trabalho dos outros, do nosso trabalho. São os donos das fábricas, das empresas, dos bancos, das montadoras e que se tornam milionários às custas da riqueza que nosso trabalho produz.
Essas duas classes sociais têm interesses completamente opostos: por um lado, os trabalhadores querem melhores rendas, melhores salários, bem-estar para nossos filhos; por outro lado, eles querem ser mais ricos e é por isso que não aumentam nossos salários, aumentam os preços do que consumimos, controlam as leis em seu benefício; precisamos de saúde, educação e habitação, mas eles não querem pagar impostos para financiar esses serviços; queremos ter trabalho, mas eles querem que haja desemprego para que possam ameaçar nos demitir e que haja um exército enorme de desempregados que vendem seus produtos sem direitos trabalhistas, sem jornada de trabalho, deixando o melhor de suas vidas nas ruas. Todos os problemas que vemos no país não podem ser resolvidos a favor das duas classes sociais, e o que sempre fizeram foi resolvê-los a favor dos patrões, dos grandes empresários e prejudicando a classe trabalhadora.
A partir do PT queremos organizar em nosso partido apenas o povo da classe trabalhadora, e vamos defender apenas os interesses da classe trabalhadora. É por isso que nos consideramos um partido classista.
A maioria dos partidos fala sobre o bem comum, e o que é melhor para El Salvador, e que vão fazer um governo para todos, etc. Isso é uma grande mentira, mesmo que eles não admitam, na realidade são partidos da outra classe, da burguesia. Eles usam as necessidades que nós, trabalhadores, temos, para fazer promessas para que os trabalhadores votem neles e, assim, continuem a governar para os ricos.
Todos os partidos como a FMLN, ARENA, PCN, PDC, GANA, VAMOS, NUEVAS IDEAS, etc., usam um discurso em que falam de cidadãos, do povo salvadorenho, com isso querem esconder a diferença entre a classe trabalhadora e a classe burguesa, os empresários e querem nos fazer acreditar que somos todos iguais. Esses partidos dizem que vão governar para todos, mas na realidade governam apenas para os ricos.
A única maneira pela qual nós, trabalhadores, podemos conquistar melhores condições de vida é através da organização e mobilização independente da classe trabalhadora, assumindo e empurrando nosso próprio destino, sem qualquer tipo de aliança com a burguesia.
Como classe trabalhadora, devemos deixar nítido que não basta votar em um Partido da Classe Trabalhadora. Os problemas que nós, trabalhadores, temos como baixos salários, custo de vida, empregos extenuantes, falta de acesso à educação, saúde, custo de vida, etc., são problemas que só serão resolvidos se nos organizarmos como classe para lutar por eles, não através das eleições que eles controlam.
Os demais partidos nos dizem que tudo o que temos a fazer é colocar um X em um pedaço de papel e magicamente eles resolverão nossos problemas. Isso é uma mentira. A burguesia hoje Cyan, anteriormente Vermelho e mais anteriormente Tricolor dominam tudo, a assembleia legislativa, os tribunais, as empresas, tudo. A única maneira da vida dos trabalhadores mudar é se nos organizarmos e lutarmos para que isso mude, ninguém vai nos fazer nenhum favor.
É por isso que queremos construir o PT e colocá-lo a serviço das lutas das e dos trabalhadores, essa é a nossa tarefa central, e nesse marco também propomos participar das eleições, para que os trabalhadores tenham a possibilidade de votar em um partido que defenda seus interesses. Mas sabendo que este não é o nosso campo.
Um Partido Socialista
Nós do PT acreditamos que o capitalismo de certa forma lança as bases para o socialismo. A produção de mercadorias e riqueza hoje é feita de forma social, ou seja, produzimos juntos. No entanto, a apropriação dessa riqueza não é social, é privada. Por exemplo, a riqueza que é produzida entre todos os trabalhadores de uma fábrica não é deixada para os trabalhadores, mas deixada para o dono da fábrica que não fez nada.
Por outro lado, o dono desta fábrica produz o que deseja na quantidade que lhe parece mais conveniente, não produz realmente o que é necessário.
Tudo isso é o que leva o capitalismo a produzir cada vez mais miséria para a maioria da humanidade. A única saída para isso é a construção de uma economia socialmente planificada, onde é o conjunto dos trabalhadores, e não um punhado de burgueses e acionistas, que decidem como, quanto, o quê e para que produzir. Ou seja, uma sociedade onde a produção é colocada a serviço da satisfação das necessidades da humanidade e não dos caprichos e privilégios de poucos.
A única maneira de conseguir isso é acabar com a propriedade privada dos meios de produção. Isso não significa que não tenhamos o direito de ter uma casa, um veículo ou coisas necessárias para viver bem, como alguns tentam ridicularizar; isso significa que grandes empresas e indústrias, onde a riqueza é produzida, não podem ser de propriedade privada.
Após a restauração do capitalismo na União Soviética e na Europa Oriental, o imperialismo e as burguesias nacionais dos diferentes países lançaram uma forte ofensiva para tentar convencer a classe trabalhadora de que o socialismo havia fracassado e que era a demonstração nítida de que o capitalismo era superior ao socialismo. Essa campanha pressionou muito os ativistas e organizações de esquerda que acabaram derrotados e deixaram de reivindicar a luta pelo socialismo e assumiram a tarefa de “humanizar o capitalismo” e tentar distribuir riquezas. É o que reivindicaram a FMLN e os partidos e governos “progressistas” da América Latina.
Nós do PT acreditamos que querer “humanizar o capitalismo”, redistribuir a riqueza e conquistar definitivamente melhores condições para a classe trabalhadora, tudo isso sem acabar com o capitalismo é uma utopia reacionária. Uma utopia porque o que eles propõem é impossível de realizar. Acreditamos que o capitalismo não pode ser humanizado, a riqueza não pode ser redistribuída no capitalismo. Dizemos que é reacionário porque essas ideias servem apenas para sustentar o capitalismo e impedir que os trabalhadores decidam lutar pelo socialismo até o fim e se contentar com reformas cosméticas no sistema.
Hoje, mais do que nunca, está ficando nítido que é impossível humanizar o capitalismo. A Europa, que era a referência do “capitalismo com rosto humano”, mostrou que isso era apenas uma máscara, e que debaixo se escondia o capitalismo tal como é : voraz e predatório. No contexto da crise econômica, está mostrando sua verdadeira face e está arrebatando todas as conquistas da classe trabalhadora, aumentando a idade de aposentadoria, tirando os serviços de saúde, aumentando a miséria e o desemprego.
A distribuição da riqueza também não é possível no âmbito do capitalismo, pelo contrário, cada vez mais os ricos estão ficando mais ricos e os pobres mais pobres.
Há até um punhado de empresas que excedem o PIB da maioria dos países subdesenvolvidos.
Alguns companheiros acreditam que é possível distribuir riquezas, por exemplo, quando nos organizamos e lutamos podemos ganhar um aumento de salários, o que pode ser visto como uma forma de distribuir riquezas. Isso é verdade, de fato, a única maneira de tentar arrancar algo do capitalismo é lutando, mas devemos levar essa luta às últimas consequências e derrotar o próprio capitalismo, caso contrário, mais cedo ou mais tarde, perderemos o terreno que conquistamos. É o caso das escalas, dos acordos coletivos, das horas extras, do direito a férias ou da jornada de 8 horas. Essas foram conquistas muito importantes da classe trabalhadora, mas como resultado da deterioração da economia capitalista, são cada vez mais um conto do passado e cada governo burguês que vem nos arranca essas conquistas.
É por isso que não basta lutar por melhores condições para a classe trabalhadora, é necessário lutar para destruir o capitalismo e construir uma nova sociedade socialista, onde essas conquistas sejam permanentes.
Um partido internacionalista
O internacionalismo é parte do entendimento de que os interesses da classe trabalhadora são essencialmente os mesmos em todo o mundo e que a luta pelo socialismo não pode ocorrer em um único país. Mas, para além da solidariedade com as lutas dos trabalhadores em qualquer parte do mundo, que é fundamental, acreditamos que o internacionalismo se concretiza na construção do partido mundial da revolução socialista.
O internacionalismo não é uma ideia romântica, é a única conclusão a que pode se pode chegar analisando o caráter mundial da economia capitalista. A economia capitalista desde o seu início funcionou em uma base global. O mercado mundial foi criado no processo de consolidação dos Estados nacionais, ao mesmo tempo em que se criou uma divisão internacional do trabalho e a troca de mercadorias. Hoje, nenhum país pode ser autossuficiente ou funcionar de forma isolada economicamente. Basta olhar ao nosso redor e perceber que estamos cheios de coisas que foram produzidas em outros países ou com materiais importados de outros países.
Este funcionamento internacional da economia capitalista também torna internacional a luta de classes, a luta entre a burguesia e o proletariado. Hoje vemos muito nitidamente, no quadro da crise capitalista mundial, comandada pelo imperialismo, os planos da burguesia em todos os países são essencialmente os mesmos: cortes nos gastos sociais (saúde, educação, habitação, etc.), aumento da idade de aposentadoria, redução ou estagnação dos salários, aumento do desemprego e um longo etc. Isso exige que a resposta da classe trabalhadora não possa ser dada isoladamente, a resposta dos trabalhadores também deve ser internacional.
Assim como os ataques aos trabalhadores são comandados através das diferentes organizações de dominação imperialista (FMI, Banco Mundial, OEA, União Européia, etc.), nós trabalhadores devemos nos organizar em nossa própria organização internacional, o partido mundial.
Esta conclusão não é nova, já no manifesto comunista de 1848, Marx escreveu “Proletários de todos os países, uni-vos!” Também não é por acaso que o nome do hino da classe trabalhadora é “A Internacional”. No entanto, hoje a maioria das organizações que se proclamam de esquerda já renunciaram à derrota do capitalismo, e estão preocupadas apenas em aprovar leis nos parlamentos de seus países e é por isso que renunciaram à construção de um partido mundial.
O PT é um partido decididamente internacionalista, então cada passo que damos o fazemos pensando não apenas nos interesses dos trabalhadores de El Salvador, mas nos interesses dos trabalhadores de todo o mundo. É por isso que o PT faz parte da Liga Internacional dos Trabalhadores, que reivindica a construção do partido mundial, a Quarta Internacional.
Um partido revolucionário
O objetivo do PT é acabar com o capitalismo e construir uma sociedade socialista. O oposto do que defendem outros partidos de esquerda, que acreditam que o capitalismo pode ser reformado.
Os defensores do capitalismo dizem que o socialismo é uma utopia. Utópico, no entanto, é tentar humanizar o capitalismo. É impossível ter justiça social e soberania dos povos dentro de um sistema baseado na exploração e na guerra.
Os capitalistas, para defender suas riquezas e lucros, não hesitam em massacrar os explorados. O capitalismo também usa a opressão para dividir a classe trabalhadora e explorá-la melhor.
Os revolucionários lutam contra o machismo, o racismo, a lgbtfobia, a perseguição dos imigrantes e povos indígenas. Lutamos para unir a classe e acabar com o capitalismo. Para acabar com esse sistema, é necessária uma revolução socialista que exproprie as propriedades dos banqueiros e outros capitalistas e estabeleça uma economia organizada coletivamente, controlada democraticamente pelos trabalhadores e destinada a satisfazer as necessidades da maioria. A revolução é a necessidade mais urgente e presente da humanidade para salvar o mundo da barbárie capitalista.
O socialismo exige uma economia mundial planificada a serviço dos trabalhadores. Com o fim da exploração, será possível acabar com as guerras. O socialismo abrirá o caminho para acabar com a opressão para sempre.
Os capitalistas dizem que o socialismo fracassou na ex União Soviética, na China e no Leste Europeu. No entanto, as revoluções nesses países foram usurpadas por líderes privilegiados que traíram os trabalhadores, instalaram ditaduras brutais e depois restauraram o capitalismo. O socialismo não tem nada a ver com isso.
A classe operária à frente de toda a classe trabalhadora será capaz de levar os explorados e oprimidos ao poder para construir o socialismo. Esse papel é uma consequência de seu lugar no capitalismo como uma classe que produz toda a riqueza que existe. Um partido revolucionário busca impulsionar a organização, a luta e a confiança dos trabalhadores em suas próprias forças para governar.
O objetivo de uma revolução socialista é ganhar um governo dos trabalhadores baseado em conselhos populares. O socialismo terá a democracia mais ampla: os representantes eleitos terão mandatos revogáveis a qualquer momento e não poderão ganhar mais do que um operário ou um professor.
Os trabalhadores só podem chegar ao poder se tiverem total independência. Qualquer aliança com setores burgueses, como fizeram a FMLN e outros partidos de esquerda, é uma traição que leva à derrota e à desmoralização. As únicas alianças que fortalecem os trabalhadores são com os setores populares, oprimidos e estudantes.
Decepcionados com a FMLN, muitos rejeitaram todos os partidos e elegeram Bukele. Essa reação é compreensível, mas equivocada. Os movimentos sociais e sindicais são fundamentais, mas insuficientes para conduzir a luta da classe trabalhadora para acabar com esse sistema.
Somente um partido revolucionário pode transmitir a experiência de mais de dois séculos de lutas operárias e defender as tarefas necessárias para que os trabalhadores tomem o poder. Nosso partido tem como objetivo principal a organização da luta dos trabalhadores.
Participamos das eleições para disseminar ideias e propostas socialistas, fortalecer as lutas e o próprio partido. Para nós, a eleição de parlamentares está subordinada às lutas e não o contrário. A organização de um partido revolucionário requer liberdade de discussão e ação centralizada. Parte fundamental dessa democracia é que os dirigentes se submetam a decisões coletivas e sejam supervisionados pela base.
Quando falamos de um Partido Revolucionário não equivale à luta armada, acreditamos que é a ação direta das massas que deve tomar as rédeas do processo revolucionário e não um punhado de homens em armas, não vemos a luta armada como uma estratégia, é mais uma tática como as eleições, que é o povo que decidirá qual caminho seguir, nós acreditamos na ação direta das massas.
El Salvador está novamente em uma encruzilhada em sua história, é agora ou nunca, é urgente e necessário construir o Partido da Classe Trabalhadora, chegou a nossa hora.
Tradução: Lílian Enck