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Uruguai | Para quem governará a Frente Ampla?

dezembro 4, 2024

Por: IST – Uruguai |

A Frente Ampla (FA) venceu as eleições e Yamandú Orsi, do Movimento de Participação Popular (MPP), será o próximo presidente do Uruguai. Orsi, que contou com o apoio de José Mujica e faz parte do seu mesmo setor, obteve 49,8% dos votos no segundo turno, superando o candidato governista de direita que teve 45,9%.

Quando o resultado foi divulgado, trabalhadores, estudantes e aposentados saíram para comemorar em massa na avenida Montevidéu, na Avenida 18 de Julio e em bairros populares como La Teja e El Cerro, independentemente da forte tempestade que desabou durante a noite. O mesmo aconteceu em diversas cidades do interior do país.

Os cantos e expressões contra o governo Lacalle Pou, especialmente dos jovens – que se dirigiram à Torre Executiva – expressaram a profunda raiva acumulada durante estes anos contra o governo de coligação antioperário.

Os narcotraficantes, os pedófilos e os corruptos estão indo embora”, “vá embora cuquito (apelido de Lcalle, ntd.)” e “vão embora”, foram alguns dos que repercutiram fortemente. Foi uma expressão popular genuína de raiva contida.

Mas não foi apenas uma expressão de raiva, mas também de alegria, emoção e esperança de que um novo governo de Frente Ampla pudesse responder às exigências populares. Um sinal de que as bases querem uma guinada à esquerda, ou seja, uma guinada a favor dos trabalhadores e dos setores populares, como também demonstram os quase milhões de votos no plebiscito da Seguridade Social.

Os trabalhadores esperam receber respostas concretas às suas demandas. Querem aumentar os salários e as aposentadorias que vimos perdendo Querem acabar com a reforma educacional privatizante. Querem encerrar o trabalho das AFAP e poder se aposentar novamente aos 60 anos. Querem acabar com a privatização da água e com a impunidade dos milicos da ditadura. A juventude quer acabar com o genocídio contra os palestinos.

Todas estas reivindicações pelas quais temos lutado contra o governo Lacalle Pou estão no fundo.

O que esperar do novo governo?

Nós da IST respeitamos profundamente os sentimentos de cada militante e trabalhador que saiu para celebrar e partilhamos o ódio ao governo corrupto de Lacalle Pou.

A partir da IST queremos estabelecer um diálogo respeitoso e fraterno com a base da FA e com os trabalhadores em geral que nos ajude a preparar-nos para o que aí vem.

Nesse sentido, temos de salientar que enquanto os trabalhadores querem um giro à esquerda, a direção máxima da FA está girando cada vez mais para a direita.

Demonstraram-no nitidamente colocando-se, juntamente com o governo Lacalle Pou, contra o plebiscito da seguridade social e nomeando Gabriel Oddone como ministro da economia. Orsi esteve, junto com Delgado, em todos os eventos sionistas no Uruguai, com os quais estão massacrando os palestinos.

Devemos alertar que os dirigentes da FA se preparam para todo tipo de acordos com os partidos de direita, inclusive com os defensores dos torturadores do partido Cabildo Abierto que ruíram eleitoralmente. Tudo em nome da governabilidade.

É por isso que lhes dizemos de forma fraterna, mas firme que o governo Orsi não será um governo para os trabalhadores. Será um governo ao serviço das AFAP e dos grandes empresários. Um governo de pactos com a direita.

A IST estará com as bases nos bairros, nos locais de trabalho e de estudo, ouvindo e dando a nossa opinião fraterna sobre o que está por vir. Sabendo que com vocês estaremos lado a lado em todas as lutas que temos pela frente, para as quais será muito importante que nos organizemos desde baixo.

A partir daí continuaremos também a propor a necessidade dos trabalhadores construírem o nosso próprio partido, revolucionário e socialista, para pôr fim a este capitalismo decadente.

935 mil votos para continuar a luta

Os quase um milhão de votos em branco do SIM foram uma grande conquista obtida graças à campanha sacrificada e abnegada realizada a partir de baixo. São uma expressão contundente de rejeição às aposentadorias de fome e um forte questionamento de um dos pilares do capitalismo uruguaio.

Temos a tarefa fundamental de dar continuidade a esta luta. Vamos discutir desde baixo como o fazemos, confiando apenas nas nossas próprias forças e nos nossos métodos de luta. Para isso foi estabelecido um programa nítido: 1) Aposentadoria aos 60 anos, 2) Aposentadoria mínima igual ao salário mínimo e 3) Fora com as AFAP. Vamos lutar para impô-lo!

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