Mais de 10.000 trabalhadores sindicais de hotéis estão em greve em San Francisco, Seattle, Boston e Greenwich, Connecticut, interrompendo os lucros dos hotéis em um movimentado fim de semana do Dia do Trabalho. Esses membros do UNITE HERE no setor de serviços estão dando um exemplo importante para todos os trabalhadores. Paralisar sua mão de obra é a principal arma que os trabalhadores têm para forçar os empregadores a atender às suas demandas. Mais piquetes são possíveis em Baltimore, Honolulu, Kauai, New Haven, Providence e San Diego nos próximos dias.
Por: Ernie Gotta
De acordo com UNITE HERE “A indústria hoteleira dos EUA ganhou mais de US$ 100 bilhões em lucro operacional bruto em 2022, com executivos de hotéis da Hilton, Hyatt e Marriott levando para casa US$ 596 milhões em salário total entre 2020 e 2023. Enquanto isso, os funcionários por quarto ocupado nos hotéis dos EUA caíram 13% entre 2019 e 2022, já que muitos hotéis em todo o país mantiveram cortes de serviços da era COVID, incluindo redução de pessoal, fim da limpeza diária automática, eliminação de opções de comida e bebida e muito mais.”
Antes da pandemia, os trabalhadores hoteleiros do UNITE HERE estavam ganhando grandes concessões, defendendo as trabalhadoras de agressões sexuais e organizando hotéis não sindicalizados. Na greve UNITE HERE de 2018 nos hotéis Marriott, cerca de 8.000 atendentes de quarto, garçons de bar, recepcionistas, mensageiros de hotel e pessoal do serviço de banquetes, abandonaram o trabalho com a consigna “Um trabalho deveria ser suficiente”. Em San Francisco, por exemplo, os funcionários do hotel receberam aumentos de US $ 4 por hora.
Em Stamford, Connecticut, entre 2017 e 2018, uma campanha de organização fez com que dois hotéis do segundo maior mercado hoteleiro da Nova Inglaterra se juntassem ao UNITE HERE por meio da força da organização dos trabalhadores. Na verdade, foram os trabalhadores sindicalizados que agora estão em greve no Hyatt Regency em Greenwich que ajudaram a liderar a campanha de organização que lutou contra as duras campanhas antissindicais da patronal hoteleira e, no final, ganhou sérios aumentos salariais e melhorias nos benefícios de saúde. A pandemia da COVID deu um impulso à patronal hoteleira para tentar anular muitas das conquistas feitas com tanto esforço. 98% dos 300.000 membros do UNITE HERE foram demitidos devido à pandemia, e a patronal usou isso como pretexto para aumentar os lucros e piorar as condições de trabalho.
Os trabalhadores dos hotéis estão cansados e estão levantando novas demandas, respaldadas pela vontade de parar de trabalhar para vencer. Daniela Campusano, camareira do Hampton Inn & Homewood Suites Boston Seaport do Hilton há 12 anos, disse: “Estou em greve porque preciso de salários mais altos. Atualmente trabalho em dois empregos e trabalho cerca de 65 horas por semana. Agora tudo está muito caro: todas as minhas contas mensais subiram e preciso ganhar mais dinheiro para poder ajudar minha filha a pagar os estudos universitários. Um trabalho deveria ser suficiente.”
Da mesma forma, Rebeca Laroque, camareira do Hyatt Regency Greenwich por 12 anos, declarou: “Estou em greve porque preciso de mais salário, seguro saúde e menos quartos [para cuidar do hotel]. Eu trabalho muito duro e volto para casa exausta no final do dia, mas ainda não ganho o suficiente para pagar minhas contas. Entrar em greve é um grande sacrifício, mas é algo que tenho que fazer porque preciso de uma vida melhor para mim e meus dois filhos.”
“Meu trabalho sempre foi doloroso, mas agora é ainda pior”, disse Consuelo Escorcia, recepcionista do Marriott Marquis de São Francisco, onde os trabalhadores votaram para autorizar uma greve de 94% dos membros votantes. “Eles costumavam contratar seis de nós para limpar o saguão e os banheiros públicos a cada turno, mas desde a COVID, temos apenas dois ou três. Eu sacrifiquei muito por este trabalho ao longo dos anos. Tive que passar por quatro operações na mão e no ombro. Mas, em troca, o hotel só tornou meu trabalho mais difícil.
Não cruze os piquetes de UNITE HERE em: Fairmont Copley, Hilton Boston Park Plaza, Hilton Boston Logan, Hampton Inn / Homewood Suites Seaport, Westin Seattle, Seattle Airport Hilton & Conference Center, Doubletree Seattle Airport, SeaTac Hilton, San Francisco Marriott Marquis, Hyatt Regency em Greenwich, Connecticut, nem em qualquer lugar onde você veja um piquete!
A Voz dos Trabalhadores se solidariza com esses trabalhadores hoteleiros sindicalizados e sua greve. Incentivamos todos a irem aos piquetes com companheiros de trabalho, amigos e familiares. Também estendemos nossa solidariedade a todos os trabalhadores dos hotéis nas negociações e, se mais trabalhadores em todo o país entrarem em greve, também estaremos lá em solidariedade!
Tradução: Lílian Enck
