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Especial Nahuel Moreno

Nahuel Moreno: “Uma única corrente trotskista ortodoxa”

abril 29, 2024

O dia 21 de abril marcou o 100º aniversário do nascimento de Nahuel Moreno, fundador da LIT-QI (em 1982) e, desde 1944, construtor da tendência do trotskismo internacional conhecida como morenismo.

Por: Alejandro Iturbe

É quase impossível resumir a carreira política e os desenvolvimentos de Moreno ao longo de suas mais de quatro décadas de militância trotskista. Digamos também que esta trajetória e essas elaborações têm sido muito criticadas por outras correntes que se dizem trotskistas ou provenientes dessa origem.

Em 2012, escrevi um artigo no aniversário da sua morte (janeiro de 1987) do qual reivindico as suas considerações centrais[1]. Nesse artigo, dizia que “uma biografia [política] completa ainda não foi escrita”. Continuo a considerar que esta biografia política e um balanço da carreira de Moreno, e da corrente morenista enquanto ele a dirigiu, é uma tarefa essencial para nós, como a LIT-QI, que nos reivindicamos morenistas. Um balanço que ajude a orientar-nos na complexa situação mundial atual e, essencialmente, nos ajude a compreender as mudanças ocorridas desde a sua morte.

A fundação do LIT-QI

Vários anos depois, me pergunto mais uma vez como resumir num pequeno artigo tantos anos da trajetória militante e das elaborações de Moreno. Optei por fazê-lo através das palavras do próprio Moreno, em 1982, quando foi fundada a LIT-QI. Uma Conferência de Emergência foi realizada em janeiro daquele ano. A Fração Bolchevique (a organização internacional das forças morenistas após sua ruptura com o Secretariado Unificado-SU, e alguns dirigentes da corrente trotskista conhecida como lambertismo, como o peruano Ricardo Napurí e o venezuelano Alberto Franceschi[2], participaram dela.

Esta reunião decidiu tornar-se a Conferência Fundadora da LIT-QI, como uma nova organização trotskista internacional, com um funcionamento centralista democrático. Nela, Moreno fez uma importante intervenção prévia para explicar a necessidade da fundação da LIT-QI. O centro de sua intervenção foi: “Esta Conferência é um fato político que reflete a existência de uma única corrente trotskista consistente em escala global, formada pela ex-FB, enriquecida e fortalecida pela presença de camaradas de outras vertentes, principalmente do antigo CORCI”. Moreno resumia esta visão com a expressão: “O trotskismo ortodoxo existe”[3].

A principal base de fundação da LIT-QI foi a Fração Bolchevique (ou seja, a corrente morenista da época) à qual se juntaram outros setores que não provinham do morenismo. Mais tarde, outras forças que não vinham do morenismo se juntariam à LIT-QI, como o setor britânico WRP liderado por Bill Hunter (hoje ISL), e o atual PdAC italiano.

A nosso ver, a declaração de Moreno em 1982 implica um balanço do morenismo até aquele momento e, de fato, de sua própria trajetória. A corrente morenoísta era a principal força do “trotskismo ortodoxo” e, portanto, a única capaz de atrair e organizar na LIT-QI outras forças “trotskistas ortodoxas”.

Essa referência de Moreno ao caráter da corrente que dirigia havia começado muitos anos antes. Em 1957, dentro do Comitê Internacional do IV (que tinha reagrupado as forças que se opunham à política de capitulação de Michel Pablo ao stalinismo e à metodologia burocrática com a qual dirigiu o IV “oficial”), formou o SLATO (Secretariado Latino-Americano do Trotskismo Ortodoxo) com sua organização argentina (o POR), o peruano Hugo Blanco e o chileno Luis Vitale.

Uma longa batalha

Para compreender o significado que Moreno dava a este conceito, é necessário compreender o complexo processo que as forças trotskistas e a Quarta Internacional viveram após o seu reagrupamento depois da Segunda Guerra Mundial, processo ao qual Moreno se incorporou em 1948.

O pequeno núcleo de quadros e militantes trotskistas agrupados na IV, após o fim da Segunda Guerra Mundial, foi submetido a duras pressões e testes. Teve que fazê-lo sem a presença de Trotsky e da sua grande experiência revolucionária acumulada, com uma liderança muito fraca e inexperiente.

A guerra produziu, segundo as previsões de Trotsky, um grande ascenso

revolucionário no mundo e o surgimento de novos Estados operários que se somaram à ex-URSS. Ao mesmo tempo, contra estas previsões, a IV não ganhou peso de massas e incidência nestes processos, mas continuou a ser um pequeno núcleo. Foi o stalinismo que os dirigiu. Algo que, somado ao papel da ex-URSS na derrota do nazi-fascismo, deu ao estalinismo a direção principal do movimento operário e de massas mundial.

Nesse contexto, a maioria da nova direção da IV não passou no teste. Diante desta realidade, as forças trotskistas tenderam a dividir-se em duas grandes correntes. Uma delas, encabeçada por Michel Pablo e Ernest Mandel, que assumiram a direção da IV, adotaram um rumo oportunista. No seu desejo de intervir nos processos revolucionários em curso e de estar ligado a eles, capitulou cada vez mais às suas direçãoes burocráticas e pequeno-burguesas. Chegou ao extremo de não apoiar os processos de revolução política na Europa Oriental na década de 1950 (um ponto central do trotskismo ortodoxo).

A outra corrente tomou um rumo sectário: como os processos não seguiam as previsões de Trotsky, não foram revoluções nem surgiram novos Estados operários. Ao não os reconhecerem como tais, foram incapazes de intervir nos novos processos revolucionários e refugiaram-se, então, numa propaganda de defesa do programa, da estratégia e dos princípios. Posteriormente, várias dessas organizações (especialmente o healismo inglês e o lambertismo francês) separaram-se da construção centralizada do IV, tornando-se o que Moreno chamou de nacional-trotskistas (o essencial era construir “seu” partido nacional. Na melhor das hipóteses, eles construíram partidos fracos organizações colaterais internacionais.

O SWP dos EUA, então o partido trotskista mais forte e que contava com quadros mais experientes, como James Cannon (e a quem Moreno considerava seus “mestres”), apesar de ter posições semelhantes às de Moreno em  pontos centraiss, tanto em relação à defesa das revoluções políticas na Hungria e na Alemanha Oriental como ao reconhecimento dos novos Estados operários deformados no Leste e em Cuba, sofreu um desvio que o levaria a desempenhar um papel extremamente negativo na a crise do IV. O SWP nunca assumiu a tarefa central de construir a direção da IV, que lhe correspondia considerando seu peso e experiência. Os seus dirigentes não viam como sua grande tarefa ser o eixo de construção da Internacional e, de fato, viam a IV como uma federação de partidos e não como uma direção internacional centralizada.

Dessa forma, foi responsável por omissão pela crise vivida pela organização. Precisamente, a grande batalha de Moreno contra a direção do SWP, naqueles anos, foi sobre a necessidade de o Comitê Internacional do IV se tornar uma organização internacional centralizada. Este é outro ponto essencial do que Moreno considerava “trotskismo ortodoxo”. Posteriormente, o SWP começou a revisar o próprio trotskismo e finalmente o abandonou como sua referência.

Podemos dizer que toda a trajetória de Moreno, especialmente a sua militância internacional nas diversas organizações em que participou ou construiu, foi uma longa batalha em defesa do trotskismo ortodoxo contra os revisionistas que capitularam e contra as visões nacional-trotskistas ou federativas da IV. .

Algumas elaborações centrais

Neste contexto de divisão e crise do trotskismo, Moreno teve que “pensar com a própria cabeça” para tentar manter o rumo trotskista ortodoxo. Por um lado, manter uma defesa intransigente dos princípios e da estratégia trotskista. Neste quadro, procurou desenvolver explicações marxistas dos novos fenômenos e impulsionou as necessárias atualizações programáticas. Ao mesmo tempo, sempre teve a obsessão de que as organizações trotskistas, especialmente as que ele dirigia, interviessem e se construíssem nos processos concretos de luta das massas, aproveitassem as oportunidades e superassem a marginalidade que as caracterizava. Por isso, grande parte de suas elaborações foram escritas em forma de polêmicas com outras correntes e pretendiam analisar, caracterizar e orientar-se em processos políticos concretos e, neles, desenvolver questões teóricas ou conceituais.

Numa breve revisão, certamente incompleta, queremos destacar alguns daqueles que consideramos mais importantes. Dos seus debates contra Ernest Mandel, reivindicamos O Partido e a Revolução (também conhecido como “O Morenaço”), de 1973, que polemiza com a guerrilha, a ultraesquerda e o desvio vanguardista. Alguns dos seus capítulos, como o Partido Leninista ou o Partido Mandelista, com a sua análise da relação entre ação, experiência e consciência, o método para elaborar consignas e a sua relação com o programa, educaram toda uma geração de quadros morenistas.

Também A Ditadura Revolucionária do Proletariado que polemiza com um novo desvio de Mandel: uma tentativa de adaptar o conceito de ditadura do proletariado ao conteúdo da democracia burguesa. Junto com uma nítida sistematização do que significa a ditadura do proletariado e suas diferentes variantes, Moreno faz uma previsão: se Mandel continuasse neste caminho, o mandelismo acabaria abandonando o campo do trotskismo e dos revolucionários para passar ao do reformismo. A previsão, infelizmente, se concretizou.

Outras polêmicas estão em suas obras sobre a revolução boliviana de 1952, a revolução portuguesa de 1974 e os textos de ruptura com o lambertismo, que contêm importantes elaborações sobre a frente popular e a teoria dos “campos”[4].

Outras elaborações

Consideramos que uma das suas principais elaborações se baseou numa revisão crítica das Teses da Revolução Permanente, escritas por León Trotsky em 1929, como conclusão da sua avaliação da derrota da revolução chinesa de 1923-1928. Para Moreno, esta formulação de Trotsky era muito “fechada” e entrava em contradição com o que aconteceu na Segunda Pós-guerra e os processos que tinham levado ao surgimento de novos Estados operários deformados. Completou sua visão crítica estudando os processos de luta contra as ditaduras latino-americanas no final dos anos 70 e início dos anos 80. Ou seja, estamos no campo teórico das tarefas e revoluções democráticas e da sua inserção no processo geral da revolução permanente.

Moreno chegou à conclusão de que era necessário corrigir e atualizar esta formulação das Teses. E fez com um método marxista muito sério: reivindicou os fundamentos da revolução permanente (ou se avança em direção à revolução socialista a nível nacional e internacional ou as revoluções são “congeladas”, derrotadas ou retrocedem). Neste sentido, como afirmou Trotsky, as tarefas da revolução democrática fazem parte da revolução socialista e só podem ser garantidas até ao fim através dela.

Ao mesmo tempo, Moreno chegou à conclusão de que podem alcançar triunfos e avançar até certo ponto com sujeitos sociais e políticos diferentes dos previstos por Trotsky. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de um processo de revolução democrática requer uma resposta programática específica de intervenção[5]. Esta elaboração de Moreno é uma das mais criticadas por algumas forças trotskistas construídas com visões antimorenistas.

Por fim, queremos destacar uma obra puramente teórica: “Lógica Marxista e Ciências Modernas” (1973), inicialmente escrita como prólogo de um livro do americano George Novack e posteriormente publicada como um caderno independente. Em suas páginas compactas, Moreno afirma a influência de Hegel sobre Marx, expõe brevemente as leis da dialética, apresenta uma história das lógicas e, entre elas, destaca a lógica hipotético-dedutiva descoberta por Jean Piaget, que ele considerava um sistema análogo ao da lógica marxista e que o enriquece[6]. Para nós que já atuávamos no morenismo naqueles anos, foi também uma obra fundamental na nossa formação teórica. Do nosso ponto de vista, nele Moreno mostra seu profundo conhecimento do marxismo e, ao mesmo tempo, sua disposição de atualizá-lo com as contribuições que surgiram em outros campos da ciência e do conhecimento e que o enriqueciam.

Moreno “construtor”

Como vimos, Moreno desenvolveu sua militância em condições muito difíceis. No campo subjetivo, com as forças trotskistas divididas, e muitas delas em processo de revisão e até de abandono dos princípios e estratégia trotskista. No terreno objetivo ocorreram numerosos processos revolucionários nos quais surgiram fortes vanguardas. Mas estas vanguardas foram atraídas por direções que não eram trotskistas (algumas eram até claramente contrarrrevolucionárias). Já nos referimos ao stalinismo. Em muitos países latino-americanos, as lideranças nacionalistas burguesas, como o peronismo, tiveram uma forte influência. Mais tarde foi acrescentado o atrativo da liderança cubana (castro-guevarismo) e até do maoismo.

Por isso, em sua longa carreira, Moreno mostrou-se um “mestre” na tarefa de desenvolver e propor táticas concretas para intervir na realidade, aproveitar as oportunidades que ela oferecia e conquistar um setor da vanguarda para construir organizações no coração do movimento de massas, especialmente na classe operária. Com base em análises rigorosas das diferentes situações na Argentina e em outros países, as numerosas táticas “possíveis” e “aplicáveis” propostas constituem, em conjunto, um verdadeiro “catálogo” de construção revolucionária. Vão desde intervenções em processos eleitorais e aproveitamento da legalidade até a militância na mais absoluta clandestinidade, luta armada contra ditaduras e participação nas lutas e organização sindical dos trabalhadores.

Seria muito longo listar todas. Mas, graças a elas, em vários países (como Argentina, Brasil, Peru, Colômbia e Nicarágua) as organizações orientadas por Moreno conseguiram “romper o cerco” da marginalidade, ser participantes proeminentes em importantes processos de luta de classes e construir-se neles[7].

Para além do curso posterior dessas experiências, permanecem como lições importantes de que, com uma política correta e ousada, o trotskismo pode dar saltos importantes na sua construção, mesmo em momentos que parecem realmente muito difícil. É um dos principais legados que Moreno nos deixou.

Autocrítica como ferramenta

Nesta “longa marcha” em defesa do trotskismo ortodoxo para se vincular aos processos da realidade e aí construir as suas forças, Moreno cometeu muitos erros tanto em algumas elaborações como em algumas das táticas que aplicou.

Ele tinha muita consciência disso: sempre dizia às forças militantes que dirigia: “cometemos muitos erros, vocês devem pensar por si mesmos, pois a nossa direção não é garantia de genialidades. Queremos por todos os meios incutir um espírito autocrítico, marxista, e não uma fé religiosa em uma modesta direção, provinciana pela sua formação e bárbara pela sua cultura […] Avançamos através de erros e golpes e não temos vergonha de dizer.

Por isso, fez da autocrítica uma ferramenta de sua militância. Todos nós que o conhecemos na sua ação política lembramos como dias, meses ou anos depois de defender apaixonadamente um conceito ou uma proposta política ele dizia que tinha cometido um erro e que era preciso corrigi-lo. Chegou a formular, embora nunca tenha escrito, uma história da corrente morenista na Argentina em que as diferentes etapas da construção foram analisadas não com base em acertos e avanços (que existiram em quase todos os períodos), mas com base em desvios em cada um deles.

Uma das coisas que mais me marcou foi a que ele fez sobre suas expectativas de que a direção da revolução cubana avançasse em direção a posições revolucionárias relacionadas ao trotskismo e à orientação de nos construirmos dentro da ampla corrente de vanguarda guerrilheira que havia surgido na América Latina. Mais tarde compreendeu que, por razões de classe, esta dinâmica da direção cubana era impossível e retomou plenamente a política de construção de um partido operário leninista-trotskista dentro da classe operária. O seu debate com Mandel em O Morenaço expressou esta mudança. Posteriormente, elaborou um documento sobre a guerrilha e sua base de classe, que foi discutido e votado pela LIT-QI[8].

A LIT-QI é o principal legado de Moreno

O movimento trotskista que Moreno conheceu e do qual participou (que ele definiu como “uma corrente ou movimento independente do aparato burocrático embora não tivesse uma unidade organizacional”) não existe mais como tal. Num verdadeiro “vendaval oportunista”, setores importantes desse movimento “ultrapassaram a linha” e abandonaram o campo revolucionário, o trotskismo e a sua estratégia. Outras correntes continuam a reivindicar o trotskismo e a IV, mas sofreram uma forte adaptação eleitoral à democracia burguesa.

A LIT-QI também sofreu as consequências do “ vendaval oportunista” e, após a morte de Nahuel Moreno, passou por uma crise profunda e divisões que quase levaram ao seu desaparecimento. Mas, tentando seguir o conselho de Moreno, superou a crise e seguiu em frente. Hoje, no contexto da pior crise económica internacional desde 1929, que nega categoricamente o triunfo ou a superioridade do capitalismo, sua seções e militantes procuram intervir ativamente nos processos reais da luta de classes.

No quadro de uma grande dispersão das forças trotskistas ou dessa origem, a LIT-QI é o principal legado que Moreno nos deixou. Sua construção principal está de pé e ainda em combate. É a única organização internacional que merece ser definida como “trotskista ortodoxa”.

No entanto, como consta dos seus estatutos, não se autoproclama a IV, e sim coloca a sua própria construção ao serviço da Reconstrução da IV Internacional como uma direção revolucionária alternativa para as massas, num momento em que isso é cada vez mais necessário[9].

Hoje, a LIT-QI também está sujeita a testes exigentes: um mundo convulsionado por guerras, grandes processos de luta, no quadro de uma crise profunda do capitalismo imperialista e de uma destruição acelerada da natureza. Mudanças muito profundas ocorreram desde a morte de Moreno e devemos responder sem a sua presença a todo este desafio de atualização na elaboração e nas respostas programáticas.

Esta atualização essencial deve ser feita tendo Moreno como referência e ponto de partida. Isto é, com o seu método autocrítico em relação aos erros cometidos e com a seriedade e profundidade com que atualizou e enriqueceu a teoria da revolução permanente de Trotsky. Em outras palavras, com base na nossa essência: a LIT-QI é o trotskismo ortodoxo.


[1] https://litci.org/es/nahuel-moreno-un-militante-por-la-clase-obrera-el-socialismo-y-el-internacionalismo/

[2] Para profundizar la historia del morenismo previa a la fundación de la LIT-CI, recomendamos leer: https://litci.org/es/un-breve-esbozo-de-la-historia-de-la-lit-ci-2/

[3] https://archivoleontrotsky.org/view?mfn=2409

[4] LA TRAICIÓN DE LA OCI (1982) – Nahuel Moreno

[5] Para quem tenha interesse em conhecer a aplicação concreta desta visão, recomendamos ler 1982: COMIENZA LA REVOLUCIÓN (1983) – Nahuel Moreno,  escrito no qual analisou a caída da ditadura argentina e orientou a construção do MAS.

[6] LÓGICA MARXISTA Y CIENCIAS MODERNAS (1973) – Nahuel Moreno

[7] Ver a parte sobre este ponto em Nahuel Moreno: un militante por la clase obrera, el socialismo y el internacionalismo – Liga Internacional de los Trabajadores (litci.org)

[8] TESIS SOBRE EL GUERRILLERISMO (1986) – Nahuel Moreno

[9] Por la reconstrucción de la IV Internacional – Liga Internacional de los Trabajadores (litci.org)

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