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México

“Maestrazo” contra a política educacional de López Obrador

dezembro 27, 2023

No dia 5 de dezembro aconteceu a maior manifestação dos professores da CDMX (Cidade do México) do sexênio de AMLO (Andrés Manuel López Obrador) e uma das mais numerosas e combativas em muitos anos. O dia foi de paralisação e mobilização. Sem dúvida, esta luta que emergiu das bases marca uma viragem na relação entre os trabalhadores da educação e o governo da Cidade do México, cuja “Chefa”, Claudia Scheinbaum, é a candidata do governo à presidência nas eleições de 2024.

Por: CST – México

Mais de 15 mil professores do ensino fundamental, médio, auxiliares  e do Colégio de Bachilleres participaram da passeata pelo centro da cidade e a praça Zócalo. A maioria jovens, auto-organizados pelas escolas, convocadas pela CNTE – Coordenadora Nacional dos Trabalhadores em Educação. Organização que está a poucos dias de comemorar 44 anos de luta. O dia foi produto de um profundo e massivo descontentamento e indignação nas bases ao saber do insignificante aumento salarial acordado pelo Ministério da Educação da CDMX com os “pelegos”, a burocracia do SNTE.

Objetivamente, a CDMX é a entidade onde os professores têm seus salários e benefícios mais atrasados. Além disso, a maioria dos jovens professores tem um cargo, ao contrário dos mais velhos que têm dois cargos, a tempo inteiro e os seus salários são mais elevados. De forma mais geral, a questão salarial é um fator de desconforto generalizado entre os trabalhadores de todo o país, devido à política neoliberal de um dólar desvalorizado e de um “peso forte” causando escassez.

Diante desta verdadeira demonstração de força dos professores mobilizados, o governo recebeu uma Comissão Negociadora da CNTE e das Seções Democráticas 9ª, 10ª, 11ª e 60ª, quando na realidade até então tentava ignorar a sua representatividade, priorizando os “pelegos” como interlocutores. Já nas primeiras reuniões, o governo reconheceu que “a reivindicação dos professores é justa”, que o dia da greve não será descontado, que não haverá retaliações e que procurará adequar o orçamento da CDMX, para “buscar nas mesas de negociação uma solução para as demandas salariais.”

A CNTE diante de uma possível mudança de rumo

É fato que as “autoridades” e a candidata herdeira de Morena e do 4T já perceberam que a força emergiu das bases diante das queixas contra a educação pública e os professores durante este mandato de seis anos e o apelo da CNTE canalizou isso. O importante agora é que os professores e os inúmeros militantes da CNTE reflitam sobre como chegamos a essa situação de perda de benefícios e defasagem salarial.

Desde o início do seu mandato de seis anos, AMLO dedicou-se à fragmentação e dispersão do Coordenador Nacional. E para isso usou a sua tática privilegiada: hipnotizar os “companheiros” da CNTE com a sua retórica demagógica. Quase 20 reuniões no Palácio Nacional com os representantes das seções serviram ao mágico para anestesiar a todos, cooptar uns e neutralizar outros. Assim AMLO conseguiu impor uma “nova” reforma educativa, defraudando aqueles que enfrentavam a “erroneamente nomeada” reforma educativa de Peña Nieto. E o mais grave, conseguiu o que outros governos neoliberais não conseguiram fazer durante décadas: fragmentar e desmobilizar a CNTE para priorizar a sua relação com a continuidade do peleguismo no SNTE.

Os próximos meses e o próximo ano mostrarão se a mudança de rumo ocorrerá ou não. Para superar a fragmentação e caminhar em direção a uma verdadeira Coordenação Nacional, será necessária a construção de uma direção docente democrática e comprometida com as necessidades e lutas dos professores e não com candidaturas eleitorais, promessas de governadores ou do poder federal. A partir da CST e da LIT-QI contribuiremos com todos os nossos modestos esforços para atingir este objetivo.

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