A Liberdade do Povo Senegalês das Prisões do Regime Ditatorial!
O Senegal é um país considerado como exemplo de estado de direito na África, e sobretudo na África subsaariana dos golpes de estado, desde a sua parcial independência em 1960, servindo de estado protetorado de França, para que o Neocolonialismo possa crescer tendo um presidente lacaio do imperialismo ao serviço direto do estado francês e vendendo uma imagem de um Senegal das liberdades enquanto reprime os seus opositores ao poder e também deixa o seu povo na penúria.
Por: UPRG-CASSACÁ-64 Cassacá-64
Os 30% dos senegaleses que vivem na extrema pobreza são empurrados pelo desemprego juvenil numa frustração total cujas vidas são empilhadas na migração clandestina ao mediterrâneo enquanto as elites políticas senegalesas entregam o país ao imperialismo para sugar toda riqueza que podia servir para tirar o povo das situações precárias em que se encontra.
O que Macky Sall está a fazer no Senegal, com a oposição liderada por Sonkó, é a velha tática do primeiro presidente ditador do Senegal, Léopold S. Senghor, que silenciou todas as vozes opostas à sua prepotência, que o levou a fazer um referendo constitucional em 3 de março de 1963, para o presidencialismo, para que Senghor pudesse exercer o seu poder autoritário sem nenhuma oposição. Este referendo foi contestado pelo partido Bloc Des Masses Sénégalaise, criado por Cheik A. Diop, mas infelizmente o referendo foi aprovado, e para retalhar oposição e fortalecer mais o seu poder ditatorial, logo em seguida, em 14 de outubro extinguiu o partido BMS , e também prendeu seu líder que era o Diop. Por outro lado, para ter total controle do país e assegurar os interesses políticos e econômicos do imperialismo, sobretudo da burguesia francesa, fez outro prisioneiro político de peso, o seu ex- primeiro ministro Mamadu Dia, no 18 dezembro, acusado por tentativa de golpe de estado.
Na atualidade, a extinção do PASTEF e encarceramento dos mais 1000 presos desde as primeiras vãs tentativas de colocar no calabouço o seu feroz adversário político e, consequentemente da França, o país registrou mais de duas dezenas de mortes, a sangue frio, pelas mãos dos aparatos repressivos do regime ditatorial nas manifestações desencadeadas contra o terceiro mandato do Macky sall. Ora o mesmo povo que se enfrentou num passado histórico com Abdoulaye Wade (antecessor de Sall), na tentativa de fazer um terceiro mandato, que não teve sucesso devido à resistência heroica do povo, que culminou com eleições em 2012 com vitória de Macky Sall, é o mesmo a sofrer nas garras do agora ditador.
Em 2021 Ousamane Sonkó foi acusado de ter violado uma mulher que era sua massagista e também por difamação à uma figura do governo de Sall, teve uma condenação de 6 meses de pena suspensa do caso de difamação, à acusação de violação juntou-se acusações de incitação à violência atentado terrorista contra o estado e aliciamento de menores não tendo transitado em julgado. Em 1 de junho Sonko foi condenado a dois anos de prisão num veredito final e desde lá a sua casa voltou a ser cercada pelas forças policiais, culminando com a sua detenção no final de julho do ano corrente.
O estado senegalês não só oprime seu povo, mas também é um estado satélite
para geopolítica francesa na África subsaariana.
Em 1998 no conflito Civil, apelidado 7 de Junho na Guiné, entre uma junta Militar, liderado pelo Brigadeiro Ansumane Mané, chefe de estado maior na altura, com o governamental liderada por Nino Vieira, um ditador no poder há 19 anos, aliado da França, Isso fez com que Senegal (enquanto aliado francês enviasse a sua força militar para combater ao lado da governamental, com objetivo de salvaguardar os interesses pendentes no litígio da zona da exploração conjunta(ZEC) dos dois países.
Além disso, o estado do Senegal com apoio da França, obrigou, através da sua negação à independência, o povo casamance a pegar em armas, há mais de 40 anos na luta pela sua secessão.
O caráter ditatorial de Sall transcende as fronteiras do Senegal, porque foi o padrinho na criação do regime ditatorial da Guiné-Bissau comandado por Embaló, suporte que se mantém presente a um regime que manda espancar assassinar os adversários políticos e nega a liberdade de expressão, tal como Sall está a fazer no Senegal. Por isso, é fundamental, na verdade, chamarmos unidade e luta dos dois países, independentemente de estarem a viver sob regimes ditatoriais, mas também por serem do mesmo povo, divididos pelo imperialismo através da conferência de Berlim (1884/1885).
Todas essas atrocidades que Sall, está a cometer contra o povo senegalês não é por acaso, mas sim, é sustentada numa convicção ideológica de luta de classes, o partido de Sall, que é APR , é membro da internacional liberal, na qual o maior testa de ferro da França, em África. O presidente da Costa de Marfim, Alassane Ouattara, e o seu partido também fazem parte, bem como a Iniciativa Liberal de Portugal. Por isso, que Sall, precisa sangrar o seu povo para que o seu partido possa manter interesse intacto da exploração do petróleo, gás e lítio descobertos nos anos 2014 e 2016. Tudo isso também é a base material do silêncio e suavização das mídias internacionais ao regime ditatorial no Senegal, devido os interesses da Total SA, uma empresa petrolífera que usa a dolorosa combinação oprimir para melhor explorar financiando através dos contratos neocoloniais o governo ditatorial para melhor assegurar seus interesses no Senegal.
A única televisão que transmite de fato o que se passa no Senegal, a Walf TV, foi suspensa durante 30 dias para melhor massacrar o povo senegalês, mesmo assim, a ditadura não escondeu a sua verdadeira face xenófoba ao expulsar 79 cidadãos Conakry-Guineenses, por terem participado nas manifestações contra a ditadura. Esta determinação dos expulsados demonstra a importância do internacionalismo e de uma organização política revolucionária da vanguarda da classe trabalhadora no Senegal, em África e no mundo, porque esses homens e mulheres expulsos do Senegal são trabalhadores e trabalhadoras que criam a riqueza ostentada pelo estado lacaio do imperialismo no Senegal.
Por isso, lá estavam nas ruas a defender os seus interesses enquanto aqueles que produzem a riqueza do Senegal. No entanto, o povo de Senegal não se deve desarmar, apesar de todas as brutalidades da máquina opressiva do estado burguês, mas sempre deve organizar e chamar unidade a todes os setores oprimidos e explorados, desde os emigrantes, Lgbt’s, as mulheres os camponeses e em geral toda a classe trabalhadora para lutar de uma forma coesa criando mecanismos de autodefesa contra o regime ditatorial!
Exigimos:
Liberdade a todos os presos políticos!
Fora Macky Sall e seu regime ditatorial!
Viva povo senegalês!
Referências Bibliográficas:
https://www.dw.com/pt-002/senegal-televis%C3%A30-suspensa-ap%C3%B3s-noticiar-prote stos/a-65885521
https://www.dw.com/pt-002/senegal-l%C3%ADder-da-oposi%C3%A7%C3%A3o-foi-detido-i mprensa/a-66380901
https://www.dw.com/pt-002/sobe-para-15-n%C3%BAmero-de-mortos-em-protestos-no-sene gal/a-65816863
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/Squerra-civil-na-quine-bissau
https://www.facebook.com/SonkoOfficiel/videos/1353833485209265/?app=fbl https://observador.pt/2016/04/20/infografia-os-maiores-acidentes-migrantes-no-mar-mediterr aneo/
https://www.casafrica.es/pt/pessoa/cheikh-anta-diop#
https://www.dadosmudiais.com/africa/senegal/divida.php
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/rebeldes-de-casamanca-ameacam-entrar-na-guine-bissau -se-forem-atacados n1294986