Uruguai: Todos à Greve Geral de 17 de agosto
Em apoio aos sindicatos em conflito e a todas as lutas
Em 17 de agosto, a Central convocou uma greve geral parcial em todo o país, das 9h às 13h. A medida terá mobilização e entre os pontos da plataforma destaca-se a solidariedade com os sindicatos em luta. Esta medida foi imposta à cúpula sindical, como reconhecem seus altos dirigentes, “devido à situação de ebulição bastante importante tanto no setor público como no privado”.
Por: IST-Uruguai
Um exemplo dessa situação é o longo conflito entre os trabalhadores da Acodike; a luta dos controladores de tráfego aéreo, que denunciam a ilegalidade do decreto de essencialidade para obrigá-los a trabalhar; a luta dos trabalhadores da OSE (Obras Sanitárias do Estado), aquela que ocorre na UTE (Usinas e Transmissões Elétricas) ao qual se soma a greve geral na Ancap (Administração Nacional de Combustíveis). Junto com isso, os alunos e professores reocuparam e pararam o IAVA (Instituto Alfredo Vásquez Acevedo) e assim poderíamos continuar com dezenas de sindicatos que estão aplicando medidas para exigir aumento de salários e melhores condições de trabalho.
Os autoconvocados à frente na luta pela Água Potável
Nesse quadro e em meio ao problema da água salgada não potável que sai de nossas torneiras, a luta dos autoconvocados ganhou força.
No dia 3 de agosto, voltaram a se destacar em um protesto em frente ao MIDES, do qual também participaram as panelas populares, conseguindo mobilizar centenas de pessoas. Junto com a luta dos sindicatos operários e entidades de estudantes, essa organização autoconvocada, presente em vários bairros, tornou-se referência para parte da juventude e moradores.
Governo e patrões na ofensiva
Fazendo ouvidos moucos e de forma muito arrogante, o governo de direita continua a desencadear, juntamente com os empregadores privados, um ataque violento contra as conquistas dos trabalhadores. Os salários reais continuam caindo, as demissões e o desemprego aumentaram e não há um plano sério de solução para o dramático problema da água potável. A nova lei da Previdência aplicada pela coalizão de direita elevou a idade de aposentadoria de 60 para 65 anos, reduz aposentadorias futuras com os novos cálculos e aprofundou a privatização por meio das AFAPs, que usam dinheiro dos trabalhadores para enriquecer e o destinam à especulação e fraudes financeiras.
Um decreto acaba de regulamentar o corte de 25% do salário para quem adoece no setor público. Na educação pública, a repressão sindical e o retrocesso de conteúdo continuam com a aplicação da “Transformação Educacional”.
O problema da água potável fica ainda mais comprometido com a chegada de multinacionais que vão explorar o “hidrogênio verde” e utilizar muitos milhões de litros de água subterrânea de aquíferos de água doce. Fazem isso em meio à crise hídrica e ao impacto do projeto Neptuno, que agravará os problemas existentes de acesso à água potável de qualidade. As multinacionais e os empregadores nacionais estão em festa, com o aumento das vendas que obtêm com a água engarrafada que também saqueiam dos nossos aquíferos e nascentes.
A Frente Ampla e a direção sindical
Infelizmente, a direção e os parlamentares da FA (Frente Ampla) estão em campanha eleitoral e estão preocupados apenas com a luta entre seus candidatos e as eleições e seus olhos estão voltados para a obtenção de seus cargos futuros. Todos eles se distanciaram totalmente das necessidades urgentes dos trabalhadores e humildes, negando a mobilização e luta nas ruas. Até um setor se recusa a recolher assinaturas para anular toda a nova lei da Previdência, e querem menos ainda mexer com as AFAPs, seguindo o caminho que fizeram antes com a LUC (Lei de Urgente Consideração).
No PIT CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores), a alta direção que vem exaltando a greve geral de 73 em conversas e atos, agora quando é preciso prepará-la e a partir das bases há grande vontade de aprofundar a luta, decreta -sem consultar as bases- uma greve de 4 horas parciais, isolada, sem continuidade, que todos sabemos que não são muito eficazes. Justamente no momento em que o governo ataca violentamente o movimento operário e os setores populares.
Nós da IST criticamos esta decisão da direção burocrática. Mas convocamos para participar da greve. Vamos parar e nos mobilizar, mas sabendo que não é essa a direção que pode nos levar a derrotar de Lacalle e sua coalizão de direita.
Precisamos construir no calor das dezenas de lutas que estão ocorrendo, uma nova direção combativa sem regalias materiais, que vá ao fundo da luta e que consulte a base em grandes assembleias em que as decisões sejam tomadas apoiadas pela democracia operária. Que a base decida cada passo dessa dura luta contra o governo antioperário. Todos à greve e à mobilização de 17 de agosto contra os patrões e o governo
Viva a luta dos autoconvocados pela água
Abaixo o governo corrupto e ajustador de toda a direita
Não ao decreto de essencialidade
Por um novo sindicato e direção política
Abaixo a Prestação de Contas – Não ao pagamento da dívida externa