A guerra dos microchips
Atualmente, a imprensa internacional publica permanentemente artigos sobre “a guerra dos chips” que está se desenvolvendo entre os EUA e a China[1]. Ao mesmo tempo, outros artigos informam sobre uma situação de superprodução nos mercados internacionais de chips, um componente essencial dos produtos industriais de maior valor agregado[2]. O que está acontecendo no “setor estrela” da economia capitalista-imperialista?
Por: Alejandro Iturbe
Para responder uma pergunta, devemos começar por entender o que é um microchip e sua utilidade[3]. Um microchip é um dispositivo muito pequeno que aproveita as propriedades semicondutoras do silício. Um semicondutor é um material que, de acordo com determinados fatores, atua bloqueando a passagem da corrente elétrica (isolante) ou a deixa passar (condutor) [4]. Se conseguir controlar essa ação, é possível transformar um semicondutor em transmissor de uma “mensagem elétrica” composto por diversas combinações de sequências “pulso-não pulso”.
Foi o que a computação/informática fez quando começou a partir da década de 1950. Ao controle da passagem da corrente elétrica através de elementos semicondutores foi adicionada a aplicação do “sistema numérico binário” (que trabalha só com dois dígitos: 0-1). Cada pulso ou não pulso, passava a ser equivalente a um 0 ou a um 1, um bit(b), a menor unidade de informação deste sistema. Oito bits se agrupavam em um byte(B), e, a partir daí, a formação de blocos cada vez maiores de B, que aumentavam o volume de informação que podia ser transmitida, processada e armazenada.
Inicialmente, eram utilizados enormes computadores, que ocupavam o tamanho de um apartamento, porque usavam como semicondutores as mesmas válvulas dos velhos televisores. Em uma visão atual, sua capacidade de processamento de dados era muito pequena e, ao mesmo tempo, deviam ser atendidas por vários engenheiros já que essas válvulas se superaqueciam, distorciam a passagem da eletricidade ou queimavam diretamente. Sua capacidade de armazenamento direto era praticamente nula.
Dessa época até hoje, houve um desenvolvimento muito grande dos dispositivos que são usados como semicondutores (transistores, circuitos integrados, etc). O objetivo sempre foi poupar espaço, aumentar o volume de informação que podem processar, a velocidade com que podem fazê-lo, a capacidade de armazenamento e, também, diminuir a quantidade de energia requerida pelo produto final no qual este semicondutor está integrado.
Ao mesmo tempo, foram ocorrendo outros desenvolvimentos, como a transmissão de dados à distância e o surgimento da internet, primeiro através das redes telefônicas, depois por satélites e inclusive transmissões por fibra ótica. Nasceu assim uma fusão de dois desenvolvimentos que se denomina telemática. Outra aplicação desta função dos dispositivos semicondutores foi a robótica, cada vez mais aplicada na produção industrial.
Agora sim, os microchips
Os microchips são os produtos mais recentes resultantes deste desenvolvimento dos dispositivos semicondutores. Na realidade, trata-se de um circuito integrado muito pequeno composto por vários dispositivos menores. Os próprios microchips vivem sua própria evolução permanente com os mesmos objetivos que já analisamos no desenvolvimento tecnológico dos semicondutores em geral.
No caso dos microchips, a melhoria de sua capacidade é medida pelo que se denomina “índice de desempenho por nó” (os pequeníssimos dispositivos que compõem seu circuito integrado). Esse índice de desempenho se relaciona com a “largura” do “corredor” do nó. Uma largura que é medida com uma unidade tão pequena como o nano-mícron (nm), equivalente a um milionésimo de um milímetro. Quanto mais “estreito” for o corredor de um nó e conseguir manter a capacidade de circulação de dados de um mais largo, mais potente, rápido e eficiente será o microchip que integre esses nós, embora mantenha o mesmo tamanho do mais “antigo”.
O mesmo acontece com os produtos finais onde os microchips são usados. Por exemplo, os celulares, que desde sua antiga função de telecomunicação, foram incorporando tarefas e utilidades que os transformaram em pequenos computadores. O mesmo acontece com os computadores propriamente ditos.
A mais recente tecnologia aplicada em ambos, lançada em 2019, mas que já se generalizou, se denomina 5G (quinta geração) [5]. Apesar do pouco tempo decorrido, já se fala de uma próxima geração de aparelhos com tecnologia 6G, tanto pelas possibilidades que os avanços dos microchips ofereceriam como pela necessidade do capitalismo imperialista de criar e impor novas “necessidades” de consumo em massa[6].
Isso inclui, por um lado, o que se denomina de redução artificial da “vida útil” de uma tecnologia e os produtos que a incorporam (hoje um celular deve ser descartado e substituído a cada três anos) e, por isso, por outro lado, a geração de uma quantidade cada vez maior de “lixo eletrônico” poluente, como as baterias que são descartadas.
Outra aplicação do avanço dos microchips são os veículos de última geração: automóveis e trens cada vez mais automatizados e “governados” por pequenos computadores[7]. Finalmente, a chamada inteligência artificial (IA), à qual a página da LIT-QI tem dedicado vários artigos[8].
Dissemos que a qualidade e atualização de um microchip se expressa na menor largura de seus nós. Nos últimos anos, o padrão do microchip de última geração caiu de 14 nm para 10 e, posteriormente, para 7nm (até agora, um piso muito difícil de “perfurar”). Está em curso uma corrida entre os “grandes jogadores”, as empresas fabricantes que dominam os mercados internacionais de chips. A taiwanesa TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company Limited) se propõe a diminuí-lo para 5nm e a sul-coreana Samsung a 4 nm[9]. Por seu lado, a estadunidense INTEL se associou com a IBM, que informa que está desenvolvendo em testes de laboratório, nós de 2 nm (já havia conseguido, também em testes de laboratório, nós de 5 nm). Ao obter efetivamente esta redução, segundo a IBM, poderia ser aplicada ao desenvolvimento e um salto da IA, e a uma grande ampliação da vida útil das baterias [10].
Inclusive, cientistas australianos estão desenvolvendo um microchip que incorpora, entre seus componentes, células provenientes do cérebro humano e de pequenos roedores (cultivadas em laboratório). Portanto, estes microchips poderiam ser capazes de “aprender novas habilidades continuamente sem perder os conhecimentos anteriores”[11]. Não sabemos o grau real do desenvolvimento em que esta pesquisa se encontra. Mas, ao concretizar-se, já teríamos entrado diretamente no terreno do que a ficção científica denominou de ciborg (a combinação de partes cibernéticas e orgânicas em uma unidade).
Neste artigo, deixaremos de lado outro caminho que está sendo testado para o avanço da telemática: a chamada computação quântica, que parte de princípios distintos tomados de um campo da física moderna (a mecânica quântica)[12].
O clube exclusivo dos microchips
Já nos referimos a alguns dos grandes fabricantes de microchips (e à concorrência que têm entre eles). A verdade é que o “clube de fabricação” dos microchips avançados é muito reduzido e limitado a algumas poucas empresas e países privilegiados. O capitalismo imperialista desenvolve cada vez mais esta tecnologia, mas guarda zelosamente seu segredo e a utiliza como um mecanismo para gerar dependência tecnológica e de apropriação de mais-valia de grande parte do mundo.
O ponto de partida desta situação é que os microchips avançados só podem ser produzidos por uma máquina gigantesca que “pesa 180 toneladas, está composta por 100.000 peças e consome quantidades siderais de eletricidade”. É considerada “um dos objetos mais sofisticados criados pela humanidade, que fabrica os chips por meio de uma duplicação impressão em 3D através de um complexíssimo processo de precisão inferior ao mícron[13].
Esta máquina se chama Twinscan NXE e é fabricada exclusivamente pela empresa holandesa ASML (Advanced Semiconductor Materials Lithography) na pequena cidade de Veldhoven, localizada a 120 km de Amsterdam. Esta empresa tem 28.000 trabalhadores distribuídos em alguns poucos países: fora da Holanda, algumas partes do sistema são feitas na Califórnia e em Connecticut (EUA) e em Taiwan. A Alemanha também intervém contribuindo com partes.
Estima-se que o custo de fabricação de cada unidade desta máquina seja de 150 milhões de dólares. Mas a questão central não é esse custo e sim, em primeiro lugar, o “segredo” de como é fabricada e, em segundo lugar, que só é vendida a contadíssimas empresas privilegiadas, sediadas em alguns poucos países. Aí entram os grandes fabricantes que dominam os mercados de microchips, como a taiwanesa TSMC, a Samsung sul-coreana e a Intel (com sede na Califórnia), associada com a IBM. No campo de prova e controle do processo, a estadunidense KLA, com sede na Califórnia, é dominante.
Existem empresas com participações menores como a Qualcomm (com sede em San Diego, California) e a Texas Instruments (com sede em Dallas, Texas). NVidia (com sede na Califórnia) se especializou no desenvolvimento de hardware e software para a IA e para os “cérebros” de automóveis e veículos.
A Alemanha procura se incorporar ao seleto grupo de países fabricantes de microchips e fez um acordo com a TSMC para a instalação de sua primeira fábrica na Europa. Também fez um acordo semelhante com a INTEL[15]. A Espanha é um país imperialista menor da Europa que também quer entrar no “clube” [16]
Inclusive o México, um país que tem uma associação subordinada aos EUA em algumas produções industriais, quer entrar por essa via neste negócio. No marco da política do governo de financiar o desenvolvimento e a fabricação de microchips nos EUA, quer se associar aos lucros na pesquisa e produção[17].
O atraso tecnológico da China
Nas últimas décadas, a China se transformou em uma potência industrial, a qual se denomina “a fábrica do mundo”. Parte importante dos produtos industriais (ou suas partes) que são consumidos internacionalmente provêm deste país e são exportados massivamente, inclusive para os EUA. Algo muito evidente na área de celulares e computadores pessoais.
A China produz muitos chips para seu próprio consumo e inclusive aumentou sua produção. Mas o faz a partir de uma localização de atraso tecnológico de vários anos: os chips que fabrica estão “envelhecidos” tecnologicamente em relação aos do “clube privilegiado”.
A verdade é que a China carrega um atraso de quase duas décadas neste campo, já que fabrica chips com tecnologia de 2004/2005 e não tem nenhuma possibilidade de acessar esta nova tecnologia, apesar de que há muitos anos faz investimentos para diminuir a distância. Ainda que o custo da máquina seja alto, mas não inacessível, é uma tecnologia que “não consegue desenvolver, copiar nem comprar, embora tenha passado as últimas décadas tentando fazê-lo”.
Apesar de seus esforços, a China não consegue fechar ou diminuir significativamente esta “brecha tecnológica”: no ano passado festejou o fato de ter produzido “autonomamente ”microchips de 14 nm (um padrão que, como vimos, está desatualizado há anos) [18]. Isto significa que no terreno desta tecnologia, a indústria chinesa é dependente dos países que têm a capacidade de produzi-la.
Uma “guerra” desigual
É neste contexto que o imperialismo estadunidense e seus associados iniciam o que agora se chama de “guerra dos chips” contra a China. É a tentativa de bloquear qualquer possibilidade de avanço significativo chinês neste campo e inclusive da importação por parte da China de chips de última geração. Sem falar da “máquina mágica”[19]. Uma “guerra” que o governo de Donald Trump iniciou e que agora o de Joe Biden mantém.
Nesta “guerra”, enquanto o imperialismo estadunidense utiliza “munição pesada”, pelo seu atraso tecnológico, a China só pode responder com o que tem à mão: a restrição às exportações de gálio e germânio (dois “metais menores” necessários na fabricação de microchips e na indústria militar). A China produz 80% do gálio e 60% do germânio que são consumidos no mundo[20].
A medida chinesa teve certo impacto: “No mês passado, um porta-voz do Pentágono informou que os EUA tinham reservas de germânio, mas não de gálio”. Acrescentou que “o Departamento de Defesa está tomando medidas para aumentar a exploração mineira interna e o processamento de materiais críticos para a cadeia de insumos para a indústria espacial e a microeletrônica, incluindo gálio e germânio”. Nesse sentido, “espera-se que as restrições da China às suas exportações tenham um limitado impacto a longo prazo”.
Então, em uma “guerra” onde os “combatentes” usam armas de impacto desigual, os analistas consideram que é o imperialismo estadunidense que vai ganhando a guerra. “A corrida tecnológica iniciada no desenvolvimento e fabricação de microchips colocou os Estados Unidos em vantagem sobre a China nos últimos meses, depois de uma série de controles restritivos que buscam limitar a capacidade de Pequim de comprar e produzir semicondutorese assim atrasar seu progresso tecnológico e militar. O país asiático experimentou um duro golpe após o cancelamento de contratos milionários entre empresas estadunidenses e chinesas que o deixou, por ora, sem possibilidade de continuar se desenvolvendo” [21]. Como veremos no ponto seguinte, os EUA também sentem o impacto que a “guerra dos chips” tem sobre o comércio mundial.
Estão sobrando chips
Depois da recuperação pós pandemia da economia mundial, esta vive agora uma dinâmica recessiva. Ou seja, desacelerar e depois, possivelmente, cair[22]. Este contexto necessariamente impacta na indústria dos chips, já que os produtos industriais em que são utilizados (como os celulares e os computadores pessoais) são menos vendidos.
Por isso, cai o volume de suas vendas. “Começou a sobrar chips” ou, o que é o mesmo, existe uma capacidade de fabricação não utilizada porque os mercados não podem absorver a totalidade. Em especial, depois que esta capacidade foi muito ampliada durante a pandemia.
Um artigo de uma mídia especializada informa que “a indústria dos semicondutores desmorona cerca de 18,6% em 2023”[23], e que esta queda será maior. Os “grandes jogadores”, como TSMC e Samsung, já calculam quanto suas vendas serão reduzidas e informam aos seus investidores quanto seus lucros podem ser reduzidos[24].
A “guerra dos chips” iniciada pelo imperialismo estadunidense agrava este quadro já difícil porque impede a venda à China dos chips mais avançados e, por isso, como vimos, obriga empresas como a Apple a reduzir seus contratos de fabricação na China. Indiretamente, o clima “rarefeito” do comércio mundial que gera esta “guerra” contribui para aprofundar a tendência recessiva da economia mundial.
Entretanto, a política estadunidense tem sido endurecer as medidas restritivas. Mas as consequências desta política começaram a atingir as próprias empresas estadunidenses: devido à restrição de exportar chips de aplicação na IA para a China, as ações da NVidia caíram 1,8%[25]. As da Apple caíram 3%, embora neste caso se considera que a causa principal é a tendência recessiva mundial [26]. Ou seja, o imperialismo estadunidense está ganhando a “guerra dos chips”, mas a custo de provocar um “dano colateral” às suas próprias empresas de tecnologia.
Algumas conclusões finais
Queremos terminar este artigo com algumas considerações que foram abordadas nos já publicados sobre IA a que nos referimos[27]. O desenvolvimento tecnológico gerou uma profunda mudança nos produtos que são consumidos e nos hábitos com que são comprados. Mudanças muito profundas também nos processos industriais, de planificação, administração e comunicação no processo econômico.
Em si, este desenvolvimento representa um grande avanço porque permite poupar tempo e esforço de trabalho humano: “o desenvolvimento tecnológico atual já permitiria uma redução drástica da jornada de trabalho, uma libertação quase total do trabalho penoso e a inclusão no processo de produção de todas as pessoas desempregadas”.
Mas o capitalismo é um sistema que funciona baseado na busca do lucro para as empresas através da venda de mercadorias e da exploração da força de trabalho humano. Então, estes avanços gigantescos, ao invés de servirem para melhorar a vida da Humanidade acabam transformando-se em seu oposto: um fator que a piora cada vez mais.
A classe trabalhadora se divide cada vez mais entre um setor condenado ao desemprego (ou a uma situação de precarização permanente como a dos trabalhadores de aplicativos) e outro que devem aceitar jornadas de 12 horas diárias para obter um salário que cubra suas necessidades básicas. Algo que ocorre não apenas nas indústrias de trabalho intensivo, como de alimentação ou têxtil, mas também nas indústrias de tecnologia de ponta. “Aqueles que não estejam dispostos a aceitar turnos de 12 horas não deveriam entrar na indústria de chips”, expressou Mark Liu, CEO da empresa taiwanesa TSMC[28]. Uma situação que será agravada pela dinâmica recessiva em curso.
Somente uma sociedade socialista, cuja economia seja planificada de forma centralizada em função de satisfazer melhor as necessidades humanas, e não do lucro das empresas privadas, poderá aproveitar toda a potencialidade da tecnologia a favor da Humanidade. Neste, como em outros campos, a revolução socialista é imprescindível.
[1] La ‘guerra de los chips’ entre EEUU y China, una batalla por la hegemonía con Europa como víctima colateral | Internacional (elmundo.es)
[2] TSMC manda alerta sobre queda global de chips com previsão de receita menor em 2023 (bloomberglinea.com.br)
[3] El microchip y sus innumerables aplicaciones (cientifiko.com)
[4] Semiconductor – Qué es, definición, características y ejemplos (definicion.de)
[5] O que é o 5G e como ele pode mudar as nossas vidas – BBC News Brasil
[6] O que é 6G [e quando isso vai acontecer]? – Tecnoblog
[7] El auto del futuro: una computadora sobre ruedas – DW – 01/03/2021
[8] Ver: inteligencia artificial – https://litci.org/pt/2023/07/04/consideracoes-sobre-a-inteligencia-artificial/
[9] Corea del Sur pone contra las cuerdas a Taiwán con un avance histórico en el terreno de los chips que hace peligrar el dominio de TSMC (3djuegos.com)
[10] IBM: el «gran avance» en la industria de los microchips que puede multiplicar por 4 la vida de tu batería – BBC News Mundo
[11] Austrália cria chip de computador com células cerebrais humanas (olhardigital.com.br)
[12] ¿Qué es y cómo funciona la computación cuántica? – Iberdrola
[13] A máquina mais valiosa do mundo | Super (abril.com.br)
[14] El gigante de chips taiwanés TSMC elige a Alemania para su primera planta en Europa (france24.com)
[15] La estadounidense Intel levantará en Alemania una fábrica de microchips | Euronews
[16] España se lanza al diseño y fabricación de microchips con una inversión de 12.500 millones de euros | Euronews
[17] https://www.elfinanciero.com.mx/opinion/clemente-ruiz-duran1/2023/08/09/el-gran-reto-del-desarrollo-de-semiconductores-en-mexico/?outputType=amp
[18] https://urgente24.com/omni/china-festeja-que-produce-microchips-14-nm-propios-n543740#:~:text=China%20anuncia%20que%20logr%C3%B3%20autonom%C3%ADa,las%20cosas%20y%20ciudades%20inteligentes.&text=China%20intenta%20no%20quedar%20cancelada,silicio%20de%20un%20tama%C3%B1o%20concreto.
[19] https://litci.org/pt/2018/12/17/armas-de-guerra/
[20] https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgrg451lrmyo
[21] https://www.univision.com/noticias/mundo/estados-unidos-esta-ganando-china-guerra-microchips
[22] https://litci.org/pt/2023/04/05/a-crise-no-sistema-bancario-e-a-possibilidade-de-nova-recessao-mundial/ [23] https://elchapuzasinformatico.com/2023/06/industria-semiconductores-desploma/
[24] https://www.bloomberglinea.com.br/tech/tsmc-manda-alerta-sobre-queda-global-de-chips-com-previsao-de-receita-menor-em-2023/
[25] https://www.ambito.com/finanzas/eeuu-analiza-restricciones-la-exportacion-chips-china-y-golpea-la-accion-nvidia-n5756508
[26] https://cnnespanol.cnn.com/video/apple-caida-ingresos-ganancias-ventas-baja-cnn-dinero-cnne/
[27] Ver referência 8
[28] TSMC: «O aceptan largos turnos o no deberían entrar a trabajar aquí» (elchapuzasinformatico.com)
A guerra dos microchips
Atualmente, a imprensa internacional publica permanentemente artigos sobre “a guerra dos chips” que está se desenvolvendo entre os EUA e a China[1]. Ao mesmo tempo, outros artigos informam sobre uma situação de superprodução nos mercados internacionais de chips, um componente essencial dos produtos industriais de maior valor agregado[2]. O que está acontecendo no “setor estrela” da economia capitalista-imperialista?
Por: Alejandro Iturbe
Para responder uma pergunta, devemos começar por entender o que é um microchip e sua utilidade[3]. Um microchip é um dispositivo muito pequeno que aproveita as propriedades semicondutoras do silício. Um semicondutor é um material que, de acordo com determinados fatores, atua bloqueando a passagem da corrente elétrica (isolante) ou a deixa passar (condutor) [4]. Se conseguir controlar essa ação, é possível transformar um semicondutor em transmissor de uma “mensagem elétrica” composto por diversas combinações de sequências “pulso-não pulso”.
Foi o que a computação/informática fez quando começou a partir da década de 1950. Ao controle da passagem da corrente elétrica através de elementos semicondutores foi adicionada a aplicação do “sistema numérico binário” (que trabalha só com dois dígitos: 0-1). Cada pulso ou não pulso, passava a ser equivalente a um 0 ou a um 1, um bit(b), a menor unidade de informação deste sistema. Oito bits se agrupavam em um byte(B), e, a partir daí, a formação de blocos cada vez maiores de B, que aumentavam o volume de informação que podia ser transmitida, processada e armazenada.
Inicialmente, eram utilizados enormes computadores, que ocupavam o tamanho de um apartamento, porque usavam como semicondutores as mesmas válvulas dos velhos televisores. Em uma visão atual, sua capacidade de processamento de dados era muito pequena e, ao mesmo tempo, deviam ser atendidas por vários engenheiros já que essas válvulas se superaqueciam, distorciam a passagem da eletricidade ou queimavam diretamente. Sua capacidade de armazenamento direto era praticamente nula.
Dessa época até hoje, houve um desenvolvimento muito grande dos dispositivos que são usados como semicondutores (transistores, circuitos integrados, etc). O objetivo sempre foi poupar espaço, aumentar o volume de informação que podem processar, a velocidade com que podem fazê-lo, a capacidade de armazenamento e, também, diminuir a quantidade de energia requerida pelo produto final no qual este semicondutor está integrado.
Ao mesmo tempo, foram ocorrendo outros desenvolvimentos, como a transmissão de dados à distância e o surgimento da internet, primeiro através das redes telefônicas, depois por satélites e inclusive transmissões por fibra ótica. Nasceu assim uma fusão de dois desenvolvimentos que se denomina telemática. Outra aplicação desta função dos dispositivos semicondutores foi a robótica, cada vez mais aplicada na produção industrial.
Agora sim, os microchips
Os microchips são os produtos mais recentes resultantes deste desenvolvimento dos dispositivos semicondutores. Na realidade, trata-se de um circuito integrado muito pequeno composto por vários dispositivos menores. Os próprios microchips vivem sua própria evolução permanente com os mesmos objetivos que já analisamos no desenvolvimento tecnológico dos semicondutores em geral.
No caso dos microchips, a melhoria de sua capacidade é medida pelo que se denomina “índice de desempenho por nó” (os pequeníssimos dispositivos que compõem seu circuito integrado). Esse índice de desempenho se relaciona com a “largura” do “corredor” do nó. Uma largura que é medida com uma unidade tão pequena como o nano-mícron (nm), equivalente a um milionésimo de um milímetro. Quanto mais “estreito” for o corredor de um nó e conseguir manter a capacidade de circulação de dados de um mais largo, mais potente, rápido e eficiente será o microchip que integre esses nós, embora mantenha o mesmo tamanho do mais “antigo”.
O mesmo acontece com os produtos finais onde os microchips são usados. Por exemplo, os celulares, que desde sua antiga função de telecomunicação, foram incorporando tarefas e utilidades que os transformaram em pequenos computadores. O mesmo acontece com os computadores propriamente ditos.
A mais recente tecnologia aplicada em ambos, lançada em 2019, mas que já se generalizou, se denomina 5G (quinta geração) [5]. Apesar do pouco tempo decorrido, já se fala de uma próxima geração de aparelhos com tecnologia 6G, tanto pelas possibilidades que os avanços dos microchips ofereceriam como pela necessidade do capitalismo imperialista de criar e impor novas “necessidades” de consumo em massa[6].
Isso inclui, por um lado, o que se denomina de redução artificial da “vida útil” de uma tecnologia e os produtos que a incorporam (hoje um celular deve ser descartado e substituído a cada três anos) e, por isso, por outro lado, a geração de uma quantidade cada vez maior de “lixo eletrônico” poluente, como as baterias que são descartadas.
Outra aplicação do avanço dos microchips são os veículos de última geração: automóveis e trens cada vez mais automatizados e “governados” por pequenos computadores[7]. Finalmente, a chamada inteligência artificial (IA), à qual a página da LIT-QI tem dedicado vários artigos[8].
Dissemos que a qualidade e atualização de um microchip se expressa na menor largura de seus nós. Nos últimos anos, o padrão do microchip de última geração caiu de 14 nm para 10 e, posteriormente, para 7nm (até agora, um piso muito difícil de “perfurar”). Está em curso uma corrida entre os “grandes jogadores”, as empresas fabricantes que dominam os mercados internacionais de chips. A taiwanesa TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company Limited) se propõe a diminuí-lo para 5nm e a sul-coreana Samsung a 4 nm[9]. Por seu lado, a estadunidense INTEL se associou com a IBM, que informa que está desenvolvendo em testes de laboratório, nós de 2 nm (já havia conseguido, também em testes de laboratório, nós de 5 nm). Ao obter efetivamente esta redução, segundo a IBM, poderia ser aplicada ao desenvolvimento e um salto da IA, e a uma grande ampliação da vida útil das baterias [10].
Inclusive, cientistas australianos estão desenvolvendo um microchip que incorpora, entre seus componentes, células provenientes do cérebro humano e de pequenos roedores (cultivadas em laboratório). Portanto, estes microchips poderiam ser capazes de “aprender novas habilidades continuamente sem perder os conhecimentos anteriores”[11]. Não sabemos o grau real do desenvolvimento em que esta pesquisa se encontra. Mas, ao concretizar-se, já teríamos entrado diretamente no terreno do que a ficção científica denominou de ciborg (a combinação de partes cibernéticas e orgânicas em uma unidade).
Neste artigo, deixaremos de lado outro caminho que está sendo testado para o avanço da telemática: a chamada computação quântica, que parte de princípios distintos tomados de um campo da física moderna (a mecânica quântica)[12].
O clube exclusivo dos microchips
Já nos referimos a alguns dos grandes fabricantes de microchips (e à concorrência que têm entre eles). A verdade é que o “clube de fabricação” dos microchips avançados é muito reduzido e limitado a algumas poucas empresas e países privilegiados. O capitalismo imperialista desenvolve cada vez mais esta tecnologia, mas guarda zelosamente seu segredo e a utiliza como um mecanismo para gerar dependência tecnológica e de apropriação de mais-valia de grande parte do mundo.
O ponto de partida desta situação é que os microchips avançados só podem ser produzidos por uma máquina gigantesca que “pesa 180 toneladas, está composta por 100.000 peças e consome quantidades siderais de eletricidade”. É considerada “um dos objetos mais sofisticados criados pela humanidade, que fabrica os chips por meio de uma duplicação impressão em 3D através de um complexíssimo processo de precisão inferior ao mícron[13].
Esta máquina se chama Twinscan NXE e é fabricada exclusivamente pela empresa holandesa ASML (Advanced Semiconductor Materials Lithography) na pequena cidade de Veldhoven, localizada a 120 km de Amsterdam. Esta empresa tem 28.000 trabalhadores distribuídos em alguns poucos países: fora da Holanda, algumas partes do sistema são feitas na Califórnia e em Connecticut (EUA) e em Taiwan. A Alemanha também intervém contribuindo com partes.
Estima-se que o custo de fabricação de cada unidade desta máquina seja de 150 milhões de dólares. Mas a questão central não é esse custo e sim, em primeiro lugar, o “segredo” de como é fabricada e, em segundo lugar, que só é vendida a contadíssimas empresas privilegiadas, sediadas em alguns poucos países. Aí entram os grandes fabricantes que dominam os mercados de microchips, como a taiwanesa TSMC, a Samsung sul-coreana e a Intel (com sede na Califórnia), associada com a IBM. No campo de prova e controle do processo, a estadunidense KLA, com sede na Califórnia, é dominante.
Existem empresas com participações menores como a Qualcomm (com sede em San Diego, California) e a Texas Instruments (com sede em Dallas, Texas). NVidia (com sede na Califórnia) se especializou no desenvolvimento de hardware e software para a IA e para os “cérebros” de automóveis e veículos.
A Alemanha procura se incorporar ao seleto grupo de países fabricantes de microchips e fez um acordo com a TSMC para a instalação de sua primeira fábrica na Europa. Também fez um acordo semelhante com a INTEL[15]. A Espanha é um país imperialista menor da Europa que também quer entrar no “clube” [16]
Inclusive o México, um país que tem uma associação subordinada aos EUA em algumas produções industriais, quer entrar por essa via neste negócio. No marco da política do governo de financiar o desenvolvimento e a fabricação de microchips nos EUA, quer se associar aos lucros na pesquisa e produção[17].
O atraso tecnológico da China
Nas últimas décadas, a China se transformou em uma potência industrial, a qual se denomina “a fábrica do mundo”. Parte importante dos produtos industriais (ou suas partes) que são consumidos internacionalmente provêm deste país e são exportados massivamente, inclusive para os EUA. Algo muito evidente na área de celulares e computadores pessoais.
A China produz muitos chips para seu próprio consumo e inclusive aumentou sua produção. Mas o faz a partir de uma localização de atraso tecnológico de vários anos: os chips que fabrica estão “envelhecidos” tecnologicamente em relação aos do “clube privilegiado”.
A verdade é que a China carrega um atraso de quase duas décadas neste campo, já que fabrica chips com tecnologia de 2004/2005 e não tem nenhuma possibilidade de acessar esta nova tecnologia, apesar de que há muitos anos faz investimentos para diminuir a distância. Ainda que o custo da máquina seja alto, mas não inacessível, é uma tecnologia que “não consegue desenvolver, copiar nem comprar, embora tenha passado as últimas décadas tentando fazê-lo”.
Apesar de seus esforços, a China não consegue fechar ou diminuir significativamente esta “brecha tecnológica”: no ano passado festejou o fato de ter produzido “autonomamente ”microchips de 14 nm (um padrão que, como vimos, está desatualizado há anos) [18]. Isto significa que no terreno desta tecnologia, a indústria chinesa é dependente dos países que têm a capacidade de produzi-la.
Uma “guerra” desigual
É neste contexto que o imperialismo estadunidense e seus associados iniciam o que agora se chama de “guerra dos chips” contra a China. É a tentativa de bloquear qualquer possibilidade de avanço significativo chinês neste campo e inclusive da importação por parte da China de chips de última geração. Sem falar da “máquina mágica”[19]. Uma “guerra” que o governo de Donald Trump iniciou e que agora o de Joe Biden mantém.
Nesta “guerra”, enquanto o imperialismo estadunidense utiliza “munição pesada”, pelo seu atraso tecnológico, a China só pode responder com o que tem à mão: a restrição às exportações de gálio e germânio (dois “metais menores” necessários na fabricação de microchips e na indústria militar). A China produz 80% do gálio e 60% do germânio que são consumidos no mundo[20].
A medida chinesa teve certo impacto: “No mês passado, um porta-voz do Pentágono informou que os EUA tinham reservas de germânio, mas não de gálio”. Acrescentou que “o Departamento de Defesa está tomando medidas para aumentar a exploração mineira interna e o processamento de materiais críticos para a cadeia de insumos para a indústria espacial e a microeletrônica, incluindo gálio e germânio”. Nesse sentido, “espera-se que as restrições da China às suas exportações tenham um limitado impacto a longo prazo”.
Então, em uma “guerra” onde os “combatentes” usam armas de impacto desigual, os analistas consideram que é o imperialismo estadunidense que vai ganhando a guerra. “A corrida tecnológica iniciada no desenvolvimento e fabricação de microchips colocou os Estados Unidos em vantagem sobre a China nos últimos meses, depois de uma série de controles restritivos que buscam limitar a capacidade de Pequim de comprar e produzir semicondutorese assim atrasar seu progresso tecnológico e militar. O país asiático experimentou um duro golpe após o cancelamento de contratos milionários entre empresas estadunidenses e chinesas que o deixou, por ora, sem possibilidade de continuar se desenvolvendo” [21]. Como veremos no ponto seguinte, os EUA também sentem o impacto que a “guerra dos chips” tem sobre o comércio mundial.
Estão sobrando chips
Depois da recuperação pós pandemia da economia mundial, esta vive agora uma dinâmica recessiva. Ou seja, desacelerar e depois, possivelmente, cair[22]. Este contexto necessariamente impacta na indústria dos chips, já que os produtos industriais em que são utilizados (como os celulares e os computadores pessoais) são menos vendidos.
Por isso, cai o volume de suas vendas. “Começou a sobrar chips” ou, o que é o mesmo, existe uma capacidade de fabricação não utilizada porque os mercados não podem absorver a totalidade. Em especial, depois que esta capacidade foi muito ampliada durante a pandemia.
Um artigo de uma mídia especializada informa que “a indústria dos semicondutores desmorona cerca de 18,6% em 2023”[23], e que esta queda será maior. Os “grandes jogadores”, como TSMC e Samsung, já calculam quanto suas vendas serão reduzidas e informam aos seus investidores quanto seus lucros podem ser reduzidos[24].
A “guerra dos chips” iniciada pelo imperialismo estadunidense agrava este quadro já difícil porque impede a venda à China dos chips mais avançados e, por isso, como vimos, obriga empresas como a Apple a reduzir seus contratos de fabricação na China. Indiretamente, o clima “rarefeito” do comércio mundial que gera esta “guerra” contribui para aprofundar a tendência recessiva da economia mundial.
Entretanto, a política estadunidense tem sido endurecer as medidas restritivas. Mas as consequências desta política começaram a atingir as próprias empresas estadunidenses: devido à restrição de exportar chips de aplicação na IA para a China, as ações da NVidia caíram 1,8%[25]. As da Apple caíram 3%, embora neste caso se considera que a causa principal é a tendência recessiva mundial [26]. Ou seja, o imperialismo estadunidense está ganhando a “guerra dos chips”, mas a custo de provocar um “dano colateral” às suas próprias empresas de tecnologia.
Algumas conclusões finais
Queremos terminar este artigo com algumas considerações que foram abordadas nos já publicados sobre IA a que nos referimos[27]. O desenvolvimento tecnológico gerou uma profunda mudança nos produtos que são consumidos e nos hábitos com que são comprados. Mudanças muito profundas também nos processos industriais, de planificação, administração e comunicação no processo econômico.
Em si, este desenvolvimento representa um grande avanço porque permite poupar tempo e esforço de trabalho humano: “o desenvolvimento tecnológico atual já permitiria uma redução drástica da jornada de trabalho, uma libertação quase total do trabalho penoso e a inclusão no processo de produção de todas as pessoas desempregadas”.
Mas o capitalismo é um sistema que funciona baseado na busca do lucro para as empresas através da venda de mercadorias e da exploração da força de trabalho humano. Então, estes avanços gigantescos, ao invés de servirem para melhorar a vida da Humanidade acabam transformando-se em seu oposto: um fator que a piora cada vez mais.
A classe trabalhadora se divide cada vez mais entre um setor condenado ao desemprego (ou a uma situação de precarização permanente como a dos trabalhadores de aplicativos) e outro que devem aceitar jornadas de 12 horas diárias para obter um salário que cubra suas necessidades básicas. Algo que ocorre não apenas nas indústrias de trabalho intensivo, como de alimentação ou têxtil, mas também nas indústrias de tecnologia de ponta. “Aqueles que não estejam dispostos a aceitar turnos de 12 horas não deveriam entrar na indústria de chips”, expressou Mark Liu, CEO da empresa taiwanesa TSMC[28]. Uma situação que será agravada pela dinâmica recessiva em curso.
Somente uma sociedade socialista, cuja economia seja planificada de forma centralizada em função de satisfazer melhor as necessidades humanas, e não do lucro das empresas privadas, poderá aproveitar toda a potencialidade da tecnologia a favor da Humanidade. Neste, como em outros campos, a revolução socialista é imprescindível.
[1] La ‘guerra de los chips’ entre EEUU y China, una batalla por la hegemonía con Europa como víctima colateral | Internacional (elmundo.es)
[2] TSMC manda alerta sobre queda global de chips com previsão de receita menor em 2023 (bloomberglinea.com.br)
[3] El microchip y sus innumerables aplicaciones (cientifiko.com)
[4] Semiconductor – Qué es, definición, características y ejemplos (definicion.de)
[5] O que é o 5G e como ele pode mudar as nossas vidas – BBC News Brasil
[6] O que é 6G [e quando isso vai acontecer]? – Tecnoblog
[7] El auto del futuro: una computadora sobre ruedas – DW – 01/03/2021
[8] Ver: inteligencia artificial – https://litci.org/pt/2023/07/04/consideracoes-sobre-a-inteligencia-artificial/
[9] Corea del Sur pone contra las cuerdas a Taiwán con un avance histórico en el terreno de los chips que hace peligrar el dominio de TSMC (3djuegos.com)
[10] IBM: el «gran avance» en la industria de los microchips que puede multiplicar por 4 la vida de tu batería – BBC News Mundo
[11] Austrália cria chip de computador com células cerebrais humanas (olhardigital.com.br)
[12] ¿Qué es y cómo funciona la computación cuántica? – Iberdrola
[13] A máquina mais valiosa do mundo | Super (abril.com.br)
[14] El gigante de chips taiwanés TSMC elige a Alemania para su primera planta en Europa (france24.com)
[15] La estadounidense Intel levantará en Alemania una fábrica de microchips | Euronews
[16] España se lanza al diseño y fabricación de microchips con una inversión de 12.500 millones de euros | Euronews
[17] https://www.elfinanciero.com.mx/opinion/clemente-ruiz-duran1/2023/08/09/el-gran-reto-del-desarrollo-de-semiconductores-en-mexico/?outputType=amp
[18] https://urgente24.com/omni/china-festeja-que-produce-microchips-14-nm-propios-n543740#:~:text=China%20anuncia%20que%20logr%C3%B3%20autonom%C3%ADa,las%20cosas%20y%20ciudades%20inteligentes.&text=China%20intenta%20no%20quedar%20cancelada,silicio%20de%20un%20tama%C3%B1o%20concreto.
[19] https://litci.org/pt/2018/12/17/armas-de-guerra/
[20] https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgrg451lrmyo
[21] https://www.univision.com/noticias/mundo/estados-unidos-esta-ganando-china-guerra-microchips
[22] https://litci.org/pt/2023/04/05/a-crise-no-sistema-bancario-e-a-possibilidade-de-nova-recessao-mundial/ [23] https://elchapuzasinformatico.com/2023/06/industria-semiconductores-desploma/
[24] https://www.bloomberglinea.com.br/tech/tsmc-manda-alerta-sobre-queda-global-de-chips-com-previsao-de-receita-menor-em-2023/
[25] https://www.ambito.com/finanzas/eeuu-analiza-restricciones-la-exportacion-chips-china-y-golpea-la-accion-nvidia-n5756508
[26] https://cnnespanol.cnn.com/video/apple-caida-ingresos-ganancias-ventas-baja-cnn-dinero-cnne/
[27] Ver referência 8
[28] TSMC: «O aceptan largos turnos o no deberían entrar a trabajar aquí» (elchapuzasinformatico.com)
Tradução: Lílian Enck