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Uruguai: Reforma? Ou roubo aos trabalhadores!

abril 30, 2023

Os trabalhadores e o povo da França mostraram e denunciaram em sua luta, que a reforma da Previdência Social tem como finalidade reduzir as aposentadorias/pensões e fazer-nos trabalhar mais. Trabalharemos mais para receber menos. Com estas mudanças muitos trabalhadores e trabalhadoras não chegarão sequer a se aposentar ou a ter um salário, e se o fizerem será com um porcentual bastante inferior.

Por: IST – Uruguai

Além disso, os mais prejudicados serão os setores mais vulneráveis, as mulheres que, em sua imensa maioria, trabalham sem carteira assinada e, portanto, não terão como justificar essas contribuições para a aposentadoria, a ampla camada de trabalhadores e trabalhadoras cuja patronal só realiza a contribuição da aposentadoria por um salário mínimo e não pelo efetivamente recebido, as pessoas que recebem pensões por deficiências, etc.

Enquanto os empresários e patrões exoneram seus impostos, os ajustes e cortes desta reforma recairão sobre nossos salários. A explosão social na França, como antes ocorreu na Argentina, mostra que estas chamadas reformas são exigências dos organismos como o FMI que querem meter as mãos em nossos bolsos, roubar nosso dinheiro e assim aumentar a renda dos mais ricos e do grande capital.

Uruguai e a grande paralisação contra a reforma: sua derrota se joga nas ruas

A grande paralisação e a mobilização realizada em 23 de março passado são uma mostra do rechaço à redução das aposentadorias e aumento na idade da aposentadoria que o governo corrupto de direita de Lacalle Pou quer impor. A coalizão multicolor que se ajoelha submissamente ante os amos do FMI, os mandatos do imperialismo e os grandes patrões, descarregam com fúria e violência um brutal ataque para tirar as conquistas das operárias, dos trabalhadores, estudantes e aposentados. Uma pesquisa recente da Cifra afirma que 54% dos uruguaios rechaçam o projeto de reforma da Previdência Social.

A negociação das AFAPs

Esse projeto além do mais faz novas mudanças que beneficiam ainda mais os que administram os fundos de pensão, conhecidos como AFAPs. Essas gerenciam milhões de dólares que pertencem às poupanças dos e das trabalhadoras para depois colocá-los no carrossel da especulação financeira, colocando assim em perigo as poupanças e o dinheiro para a aposentadoria que deveriam ir integralmente ao BPS (Banco de Previsão Social).

As AFAPs radicadas no Uruguai apostam o dinheiro das e dos trabalhadores como em uma roleta, colocando o que arrecadam na especulação financeira: dívida de fundos fiduciários, obrigações negociáveis, possuem mais de 100 mil hectares de terras, parte dos centros comerciais e realizam toda essa negociação com o dinheiro dos trabalhadores. Atualmente, as AFAPs depositam um terço do nosso dinheiro no exterior, e querem ampliar esse percentual, o que aumenta os lucros milionários, ou seja, seus donos e diretorias se enriquecem com esta especulação e colocam cada vez mais em risco nossas contribuições de aposentadoria.

Temos que acabar com esta privatização que as AFAPs significaram e das quais vimos sua quebra, por exemplo na Argentina, deixando aposentados e pensionistas sem receber, onde depois o Estado teve que assumir e cobrir esse roubo dos que especulam com o dinheiros das nossas aposentadorias.

O caminho para derrotar a reforma é organizar a Greve geral

Este governo, apesar de sua crise, não para de atacar os trabalhadores. É que a coalizão multicolor de direita está a serviço dos grandes patrões e do FMI, todas suas leis têm como finalidade beneficiar os capitalistas e poderosos. Lamentavelmente, a alta direção da FA (Frente Ampla) confia no diálogo com o governo e chegou ao extremo de votar junto com a ultradireita no parlamento, que é fiel defensora dos golpistas e torturadores. Ao partido Cabildo Abierto os trabalhadores não interessam, está fazendo um circo com a única finalidade de manter as aposentadorias de privilégios dos altos comandos das Forças Armadas. Não é esse o caminho para derrotar a reforma, e também não é esperar as eleições em fins de 2024, como apregoam os altos dirigentes da FA.

A forma de não deixar passar este roubo das aposentadorias/pensões, é nos organizarmos a partir das bases, nas fábricas, nas obras da construção, nas escolas, colégios, bairros e universidades. Unificando todas as lutas e conflitos em curso em uma grande paralisação que vá no caminho de organizar uma greve geral.

Como na Argentina em 2017 e agora na França, devemos enfrenta-los e dizer basta nas ruas com grandes mobilizações. Se a direção não está à altura da luta que temos pela frente, será necessário preparar uma nova camada de dirigentes que queira organizar uma dura luta  a partir das bases, que vá crescendo até chegar a uma greve. Em cada conflito e nas mobilizações, devemos falar sobre esta necessidade, este governo corrupto não pode continuar e devemos enfrentá-lo sem trégua.

Tradução: Lílian Enck

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