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sexta-feira, março 29, 2024

Uruguai: um governo corrupto e autoritário

Enquanto o capitalismo mundial apresenta cada vez mais sintomas de sua profunda crise, com o resgate do Banco do Vale do Silício e suas consequências, as massas na França se levantam contra Macron revoltados contra a reforma previdenciária em uma luta que tem impacto global.

Por: IST Uruguai

É neste quadro que se desenvolve no Uruguai uma profunda crise política do governo antioperário de Lacalle Pou, cuja legitimidade está por um fio, enquanto os trabalhadores sofrem seus ataques e pagam as consequências de uma política a serviço dos “malla oro” (ricos e poderosos).

No fechamento desta edição, em repudiável medida antissindical e antidemocrática, apelando para as regras da ditadura, o governo destituiu do cargo o diretor do IAVA (Instituto Alfredo Vásquez Acevedo) por se opor à retirada do salão gremial dos estudantes que estão em luta por este motivo; mostrando novamente sua política de perseguição a estudantes e professores.

Recessão, seca e alta de preços

Após o discurso triunfalista de Lacalle Pou em 1º de março, ficou conhecido o fato de que a economia uruguaia havia entrado em recessão. Primeiro com a desculpa da guerra na Ucrânia e agora com a seca, os preços voltaram a disparar.

Na feira, trabalhadores e aposentados veem um quilo de cenoura por $100, batata-doce por $ 90 e até mais de $100 por um pé de alface! Os ovos continuam subindo e a caixa de 30 pode ser encontrada a mais de $300… E ainda são cara de pau de nos falarem da “recuperação salarial”! (1 dólar = 38,96 pesos uruguaio, ndt.)

O salário rende cada vez menos e o desemprego é uma das principais preocupações das famílias trabalhadoras. A raiva cresce enquanto este governo de escândalo permanente pretende aumentar a idade de aposentadoria, mercantilizar a educação e continuar roubando nossos salários com sua política a serviço das grandes patronais.

O governo do escândalo sem fim

Este governo de fome que vai de crise em crise fez explodir outra bomba quando foram conhecidas as denúncias de exploração sexual de menores contra G. Penadés, um dos principais quadros políticos do governo e do próprio setor político de Lacalle Pou.

Para arrematar tamanho constrangimento, de forma pouco apresentável o Ministro Heber saiu rapidamente para defender o acusado dizendo que se tratava de uma “difamação”. Mais tarde, o próprio presidente Lacalle Pou disse que “acreditava nele” e até o mais alto escalão do INAU, instituição que deveria proteger crianças e adolescentes, declarou que confiava em Penadés. Será a mesma confiança que tiveram em Astesiano?

Eles não podem ser mais miseráveis. Colocaram todo o peso do sistema para proteger seu senador. Com esta ação nada mais fazem do que promover e proteger os abusadores. Como já disseram vários jornalistas e comunicadores, que vítima se atreve a denunciar se até o Presidente da República se pronunciou em apoio a uma pessoa denunciada por abuso?

Com o caso Astesiano-Marset, esse governo se mostrou corrupto, apoiando a espionagem e favorecendo os narcotraficantes. Agora, além disso, também acoberta uma pessoa acusada de pedofilia enquanto continua com sua política de perseguição sindical na Educação, apelando para as normas autoritárias da ditadura. O que mais falta para pôr para fora esse governo já? Sua crise é escandalosa, intolerável.

Astesiano – Lacalle Pou

Infelizmente, este governo continua porque nem a direção do PIT-CNT (Plenário Intersindical de Trabalhadores-Convenção Nacional de Trabalhadores), nem a da Frente Ampla o questionaram profundamente. Eles não querem que caia agora.

Esses dirigentes, juntamente com a burguesia, estão abrindo a campanha eleitoral com antecedência para usá-la como válvula de escape para o descontentamento, a raiva e a crise do governo. Querem canalizar tudo para 2024. Por isso F. Pereira decidiu guardar um “silêncio prudente” face ao caso Penadés e Charles Carrera teve até o gesto de ir abraça-lo no parlamento. O que caracteriza esses dirigentes é a indiferença, e não querer mobilizar ou questionar a legitimidade e continuidade do governo.

Da IST propomos que este governo já não pode continuar. A partir das lutas operárias, estudantis e femininas; lutas que certamente começarão a surgir no próximo período, devemos nos colocar a tarefa de construir a partir das fábricas, escolas secundárias, escritórios, faculdades e bairros uma direção que não pense em cargos e eleições, mas em lutar até as últimas consequências expulsar este governo agora e derrubar suas reformas antioperárias.

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