dom jun 16, 2024
domingo, junho 16, 2024

As falsificações de Putin sobre a batalha de Stalingrado e a guerra na Ucrânia

Em 2 de fevereiro passado, o presidente russo Vladimir Putin, realizou um ato no 80º. aniversário da Batalha de Stalingrado, na qual (após vários anos de duríssimo combate) o exército e a população das ex URSS derrotaram as tropas da Alemanha nazista e mudaram o curso da II Guerra Mundial.

Redação

Nesse ato, Putin comparou essa batalha com a atual guerra na Ucrânia: “A Rússia está novamente ameaçada por tanques alemães, como durante a Segunda Guerra Mundial”[1]. Putin se refere ao fato da resistência popular ucraniana à invasão russa (iniciada há um ano) ter recebido algumas armas de potências ocidentais, entre elas, alguns poucos tanques alemães[2].

A partir deste fato, Putin constrói um falso silogismo: em Stalingrado tanques alemães disparavam contra nós, agora na Ucrânia também. Portanto, o significado político de ambas as guerras é o mesmo: tal como há 80 anos, agora a Rússia está se defendendo de uma agressão da Alemanha nazista. De fato, este foi um dos argumentos principais com que tentou justificar a invasão russa à Ucrânia, um ano atrás (“desnazificar a Ucrânia”).

Entretanto, esta comparação se baseia em uma gigantesca falsificação histórica: o significado político de Stalingrado e da atual guerra na Ucrânia são completamente diferentes e, em grande medida, opostos, pelo papel que desempenhavam cada um dos contendores. Essa profunda diferença é o que explica o campo militar diferente que os socialistas revolucionários apoiaram em Stalingrado (o do exército e do povo da ex URSS contra as forças nazis e seus aliados) e o que agora tomamos na guerra da Ucrânia (apoio à resistência nacional ucraniana contra a invasão russa)[3].

Esse raciocínio de Putin e sua conclusão (o exército russo é o “lado bom” na guerra da Ucrânia, que deve ser apoiado contra a resistência ucraniana “pró-nazi”) é assumido por toda uma parte da esquerda internacional, junto com setores que se denominam “progressistas”, e transmitido aos trabalhadores e às massas no mundo. Por isso, consideramos necessário demonstrar essa falsificação e rebatê-la.

Glória eterna à vitória de Stalingrado!

Pelo seu significado, a batalha de Stalingrado e a vitória da ex URSS merecem uma grande homenagem histórica por todos os trabalhadores e povos do mundo. Vejamos seu contexto histórico, seus protagonistas e, a partir daí, seu significado político. Esta batalha ocorre no contexto da II Guerra Mundial: um conflito bélico internacional no qual se combinaram diversos tipos de guerra. Um deles, foi o que denominamos “guerra contrarrevolucionária” da Alemanha imperialista nazi contra a URSS (então um estado operário burocratizado).

“A caracterizamos assim porque, para poder subjugar o território russo e apoderar-se de seus muitos recursos naturais (em especial o petróleo), o regime nazista necessitava destruir a URSS como Estado operário”[4]. Nesse marco, desde seu início, em 1941, as tropas nazis e seus aliados vinham em uma ofensiva que parecia incontrolável: dominaram e ocuparam várias repúblicas ocidentais da ex URSS (a Ucrânia inclusive) e já começavam a penetrar no território da Federação Russa.

A certa altura, a partir de 1942, esta guerra se concentrou no domínio da cidade de Stalingrado (próxima à fronteira com a Ucrânia). Foi aí que a ofensiva nazi se chocou com uma heroica resistência dos soldados e do povo soviético que, à custa de dois milhões de baixas militares e outros dois milhões de vítimas civis, conseguiu parar as forças nazis, até acabar por derrotá-las (sua primeira derrota na II Guerra Mundial). Sem eufemismos, as massas da URSS deram a vida para defender seu Estado operário.

Essa derrota mudou o curso da II Guerra Mundial. Na chamada Frente Europeia Ocidental, “Depois dessa derrota, os exércitos alemães começaram a quebrar moralmente e iniciaram uma retirada irreversível. A situação mundial havia mudado completamente. Apesar da dura resistência do exército alemão em sua retirada, foram as tropas soviéticas as primeiras a chegar a Berlim e a tomar a cidade. Entrou para a história a famosa foto da bandeira vermelha colocada por um soldado soviético na cúpula do Reichstag (Parlamento alemão)”.

Este triunfo teve um grande significado histórico: por um lado, representou o ponto de inflexão no início da derrota do projeto internacional nazifascista; por outro, marcou o fim de um longo período de 20 anos de derrotas que o movimento de massas no mundo vinha sofrendo. É impossível entender o que aconteceu nas décadas posteriores sem compreender esta magnitude.

Por isso, todos os revolucionários e socialistas do mundo estiveram naquele momento do lado da URSS contra os nazis e festejaram com profunda emoção sua vitória. Repetimos, a batalha de Stalingrado merece, com muita justiça, nossa homenagem e nossa lembrança.

Stalin preparava una derrota catastrófica

Além da grande falsificação à qual nos referimos (a comparação do significado político de ambas as guerras), Putin introduz outra falsificação menor: Stalin é apresentado como herói, o artífice da vitória do povo russo sobre os nazis em Stalingrado.

Antes da recente cerimônia, voltou-se erguer um busto seu na cidade. Em seu discurso, Alexander Lozhkin, presidente da Duma regional e da organização regional de veteranos, declarou:  « Agora, em nossa cidade, há um monumento ao Comandante Supremo Joseph Vissariónovich Stalin…que fez seu trabalho brilhantemente e o inimigo foi derrotado»[5].

A realidade histórica foi exatamente a oposta. Em um artigo já citado, desenvolvemos extensamente como as políticas nacionais e internacionais do estalinismo, e do próprio Stalin pessoalmente, durante quase duas décadas anteriores, levavam a uma catastrófica derrota frente à Alemanha nazista e, com isso, ao colapso e desaparecimento da URSS[6].

Aqui vamos nos limitar a uma enumeração sintética. A primeira delas foi a política do Partido Comunista Alemão (PCA) orientada pela III Internacional já burocratizada e dirigida pelo estalinismo que acabou facilitando o ascenso dos nazis e de Hitler ao poder, em 1933. Foi o fato que motivou a ruptura de Trotsky e das forças trotskistas com a IIIª e o início da construção de sua própria organização internacional.

Em segundo lugar, sua política de frentes populares de aliança com a burguesia republicana, aplicada na revolução espanhola 1936-1939 (apoiada e garantida por quadros estalinistas internacionais) que esterilizou esta revolução e a levou à sua derrota na guerra civil contra o franquismo, fato que encorajou os nazis a lançar sua ofensiva sobre toda a Europa.

Antes disso, um dos chamados “Julgamentos de Moscou” (junho de 1937) foi dirigido contra grande parte da cúpula do exército soviético (com acusações baseadas em documentos falsificados), que varreu e fuzilou a maioria de seus altos comandos. Entre eles o Marechal Mijail Tujachevsky, principal chefe militar cuja trajetória se remontava à formação do Exército Vermelho, por León Trotsky, em 1918. Stalin decapitou assim as forças armadas soviéticas, eliminou seus chefes mais experientes e comprovados e os substituiu por homens totalmente servis e muito menos qualificados.

Um fato central foi o Pacto Ribbentrop-Molotov (assinado pelos chanceleres da Alemanha nazista e a URSS, em 24 de agosto de 1939), também conhecido como pacto Hitler-Stalin. Estabelecia um acordo de “não agressão” entre ambos países e a divisão da Polônia entre eles.

Stalin se sentiu fortalecido e decidiu invadir a Finlândia, em 30 de novembro de 1939, para anexá-la à URSS pela força[7]. A chamada “Guerra de Inverno” terminou em março de 1940, com uma duríssima derrota para as tropas soviéticas, apesar da superioridade de efetivos e armamento. O método de anexação compulsória havia fortalecido o patriotismo finlandês e, junto com a incapacidade dos chefes militares soviéticos, foram os fatores determinantes.

Este resultado foi um dos elementos centrais que levou Hitler a considerar que a URSS e sua estrutura militar eram “um edifício podre”, e os convenceu de que seria fácil derrotá-los. Nesse marco, começou a desenhar secretamente a Operação Barbarossa (a invasão da URSS).

A cegueira estratégica de Stalin e do estalinismo a respeito do nazismo era absoluta. Leopold Trepper, chefe da equipe de espiões comunistas na Alemanha, conhecido como a Orquestra Vermelha, havia conseguido infiltrar um taquígrafo nessas reuniões e avisou Stalin sobre os planos de Hitler. Mas Stalin não acreditou nele: chamou Hitler para perguntar-lhe se isso era verdade. Com certeza, recebeu uma resposta negativa que foi aceita como verdadeira. Para ele valia mais a palavra de Hitler que a informação dos comunistas que arriscavam suas vidas no território inimigo![8]

Uma vez lançada a Operação Barbarossa, o prognóstico de Hitler (que rapidamente derrotaria o “edifício podre” da estrutura militar da URSS) parecia cumprir-se. Como vimos, foram Stalin e o estalinismo que haviam preparado as condições para esta catastrófica derrota. Por isso, longe de ter sido o “condutor estratégico” da vitória de Stalingrado, Stalin merece o qualificativo com que Trotsky o havia chamado anos antes, em um livro da década de 1930: “O grande organizador de derrotas”[9].

Porque foi sua cegueira estratégica que levou a uma situação em que, para defender a URSS, o povo soviético teve que pagar um custo muito maior em milhões de vidas e de grandes sofrimentos. Ainda que sejamos reiterativos, foi o heroísmo dos soldados e das massas soviéticas que conseguiu defender seu Estado e derrotar Hitler e os nazis. A eles, então, rendemos nossa homenagem, não a Stalin.

O conteúdo da guerra na Ucrânia

Dissemos que a grande falsificação de Putin é a comparação entre o significado político da batalha de Stalingrado e a atual guerra na Ucrânia. Em primeiro lugar, desde 1986 e a Perestroika de Gorbachov, a URSS já não existe como Estado operário, e desde então, o desenvolvimento econômico da Federação Russa e das outras repúblicas que compunham a URSS, tem sido plenamente capitalista.

Após a restauração do capitalismo e a dissolução da URSS, grande parte da base industrial russa, acumulada na época soviética, foi desmantelada (só o “complexo industrial-militar” permaneceu intacto). A Rússia se transformou em um grande exportador de gás e petróleo e, em menor medida, de cereais e minerais. Por isso, o The New York Times afirma que o país é essencialmente o “grande posto de gasolina” da Europa[10]. O núcleo de oligarcas burgueses que o regime de Putin expressa é o grande beneficiário nacional desse modelo de acumulação capitalista.

O regime ditatorial de Putin tem uma autonomia política relativa e, fundamentalmente, autonomia militar em suas relações com o imperialismo. Por isso, o regime de Putin, e os setores burgueses que expressa, aspiram a manter uma “área própria de influência” nas repúblicas da ex União Soviética e em algumas do ex Bloco do Leste, como a Sérvia.

Entretanto, a Rússia atual não tem hoje a potência econômica necessária para fazê-lo “por bem”. Por isso, de forma crescente, Putin deve apelar à repressão contra seus povos realizada pelos regimes aliados, ou às ações militares diretas. Por exemplo, teve que intervir para salvar os regimes da Belarus e do Cazaquistão dos processos revolucionários que os enfrentavam.

A invasão da Ucrânia se enquadra na mesma necessidade. A Ucrânia é um país que, segundo Putin, a Rússia tem o “direito histórico” de dominar. Esta invasão, por um lado, é uma continuação da resposta que teve depois que a revolução democrática de Maidán (2013/2014) derrubou o regime aliado de Víktor Yanukovich e instalou um regime democrático burguês[11]. Ou seja, a anexação da Criméia e a criação das “repúblicas” artificiais de Lugansk e Donetsk, em território ucraniano. Por outro, é uma resposta à possível adesão da Ucrânia à OTAN que Putin considerou uma ameaça. Por isso, “chutou a mesa” da coexistência pacífica das últimas décadas e invadiu a Ucrânia.

Ou seja, enquanto em Stalingrado, a URSS era o país agredido que se defendia, na Ucrânia é o exército russo quem agride um povo mais frágil para dominá-lo, com o argumento de que tem o “direito histórico” de fazê-lo. Nestas condições, é a heroica resistência dos trabalhadores e do povo ucraniano que deve ser comparada com o heroísmo dos combatentes de Stalingrado. Enquanto que a ação do exército russo na Ucrânia, após a invasão ordenada por Putin, tem, inevitavelmente, semelhanças com a ação das tropas nazis. Por isso, nossa posição nesta guerra, é o apoio à resistência ucraniana e pela derrota do exército de Putin.

Então, por que há tanques alemães na Ucrânia?

Efetivamente, atualmente há alguns tanques fabricados na Alemanha disparando contra as tropas russas. Fazem parte de algumas armas que os governos imperialistas entregaram ao exército ucraniano[12]. Temos denunciado que se trata de uma ajuda muito escassa para a necessidade da resistência ucraniana de se equiparar à superioridade em quantidade e qualidade das armas russas e, mais ainda, para derrotar definitivamente a invasão de Putin[13].

Em numerosos artigos, com base na caracterização política que a guerra na Ucrânia era uma guerra de libertação nacional contra uma potência agressora, defendemos o direito da resistência ucraniana de exigir dos governos de outros países a entrega dessas armas e seu direito de usá-las. Neste sentido, seguimos a tradição de Trotsky e do trotskismo em guerras como a sino-japonesa (contra a invasão do Japão na China)[14]. Também temos debatido com aqueles que negavam esse direito[15].

O essencial neste debate é que essas armas insuficientes que alguns países ocidentais enviaram, são usadas pela resistência ucraniana: não há nenhum soldado alemão nem de outra potência da OTAN que esteja disparando contra as tropas russas. São os soldados e combatentes ucranianos que o fazem.

É um equívoco dizer, como fazem algumas correntes de esquerda, que essa resistência já é um agente da OTAN e, muito mais ainda, compará-la com a agressão da Alemanha nazista, como faz Putin.

A política das potências imperialistas frente a Putin e à guerra da Ucrânia

Vimos que a guerra da Ucrânia teve fases de mudança de dinâmica[16].Neste marco, a política das potências imperialistas também vem mudando. Inicialmente, frente à primeira ofensiva russa que apontava tomar a capital Kiev, derrubar o governo de Zelensky e dominar toda a metade oriental da Ucrânia, as potências imperialistas “deixaram correr” e se abstiveram de qualquer apoio militar à Ucrânia. Inclusive as potências imperialistas aceitavam uma divisão da Ucrânia, entregando uma parte a Putin[17].

Mas esta ofensiva russa foi detida pela resistência ucraniana: o exército russo não conseguiu tomar Kiev[18]. Essa primeira derrota russa, por um lado, preparou as condições do início de uma contraofensiva ucraniana que, em uma segunda fase da guerra, começou a recuperar territórios ocupados pelos russos. Por outro, provocou desgaste e desmoralização nas tropas russas e, também um aumento das fissuras na frente interna de Putin.

Neste contexto, o imperialismo alemão (pela sua necessidade de gás russo e seus investimentos naquele país) começa a defender um acordo rápido, entregando território ucraniano permitindo assim uma “retirada digna” de Putin. Por sua vez, o imperialismo estadunidense e seu principal aliado europeu (Reino Unido) queriam “castigar” Putin por ter “chutado a mesa” da coexistência pacífica. Por um lado, promoviam sanções econômicas muito mais duras do que queriam e, por outro, começaram a enviar algumas armas e a dar algum apoio tecnológico ao exército ucraniano[19]. A Alemanha se viu cada vez mais obrigada a dobrar-se à política estadunidense.

Com um exército russo desmoralizado e na defensiva, o heroísmo da resistência ucraniana (agora com algumas armas melhores) coloca sobre a mesa uma terceira fase da guerra: a possibilidade de derrotar definitivamente a invasão de Putin. Uma realidade que coloca o imperialismo estadunidense frente a uma grave contradição.

Porque estrategicamente, o imperialismo estadunidense quer “livrar-se de Putin” e uma derrota deste na Ucrânia ajudaria nessa estratégia. Mas quer que essa derrota ocorra em “câmera lenta” e não de forma contundente. Por isso, envia armas ao exército ucraniano a “conta-gotas”. Esta necessidade de uma “câmera lenta” surge de duas razões muito profundas.

A primeira se refere à própria Ucrânia: quer que a vitória deste país ocorra com o maior desgaste e destruição possível para ter as melhores condições de levar adiante (junto com as potências imperialistas europeias) o projeto de colonizar a Ucrânia após o fim da guerra, disfarçando de “ajuda para a reconstrução” [20].

A segunda, se refere à própria Rússia. O imperialismo quer substituir Putin por um governo mais dócil. Mas quer que isso seja feito através de uma mudança controlada “de cima” e não pela via de uma revolução democrática de massas que derrube o regime de Putin. Um cenário que um analista do New York Times descreveu assim “Putin provavelmente teria que ser derrotado por um movimento popular de protesto em massa…”o que abriria na Rússia uma situação de “vazio de poder e desordem”[21]Uma situação que impactaria muitíssimo na situação da Europa oriental e de toda a Europa em seu conjunto.

A guerra na Ucrânia, por um lado, cria para as potências imperialistas um terreno propício para “livrar-se de Putin”, se a invasão for derrotada. Mas, ao mesmo tempo, se essa derrota for muito contundente e muito rápida, apresenta o risco de “abrir a Caixa de Pandora” da luta de classes.

Dissemos que a resistência ucraniana contra a invasão russa é comparável à resistência das massas da URSS em Stalingrado. Seu triunfo será o de todos. Por isso, todos os trabalhadores e os povos do mundo devemos apoiá-la para que triunfe.



[1] Vladimir Putin recuerda la batalla de Stalingrado y afirma que Rusia tiene «con qué responder» al envío de tanques (clarin.com)

[2] https://litci.org/pt/2023/01/30/o-envio-de-tanques-e-armas-para-a-ucrania-e-insuficiente/

[3] https://litci.org/pt/apoio-a-resistencia-ucraniana-contra-a-invasao-de-putin/

[4] https://litci.org/pt/2019/10/06/a-natureza-da-segunda-guerra-mundial-ii/

[5] Ver referencia 1

[6] Ver referência 4

[7] A Finlândia havia sido anexada ao Império Russo em 1808. Após o triunfo da Revolução Russa em 1917, o país decidiu não aderir à URSS e declarou-se independente. Com base no respeito ao princípio da autodeterminação, o governo soviético, liderado por Lenin e Trotsky, aceitou esta decisão.

[8] Sobre a veracidade deste fato, veja o livro de Leopold Trepper, El Gran juego. Entre outras edições em espanhol, destaca-se a da Editorial Ariel, Barcelona, ​​​​Espanha, 1977.

[9] Ver, entre outras edições em espanhol: https://ceip.org.ar/Stalin-el-gran-organizador-de-derrotas-337

[10] https://www.nytimes.com/es/2022/02/23/espanol/rusia-ucrania-economia.html

[11] https://litci.org/pt/2018/12/10/5-anos-da-revolucao-ucraniana-subestimada-incompreendida-e-caluniada/

[12] https://www.bbc.com/mundo/noticias-internacional-64399963#:~:text=Tras%20semanas%20de%20negativas%2C%20Alemania,env%C3%ADo%20de%2031%20tanques%20Abrams.

[13] Ver referência 2

[14] https://litci.org/pt/2022/06/09/uma-vez-mais-armas-para-ucrania/

[15] https://litci.org/pt/2022/06/12/67103-2/

[16] https://litci.org/pt/2022/11/17/a-resistencia-militar-ucraniana-e-o-novo-momento-da-guerra/

[17] https://litci.org/pt/2022/07/04/67277-2/

[18] https://litci.org/pt/2022/05/24/a-resistencia-ucraniana-frustrou-uma-rapida-vitoria-russa/

[19]https://litci.org/pt/2022/09/26/a-guerra-da-ucrania-e-o-imperialismo-estadunidense/

[20] https://litci.org/pt/2022/10/07/a-estrategia-imperialista-de-colonizar-a-ucrania/

[21] Invasión a Ucrania: Todavía no sabemos cómo termina la guerra (clarin.com)

As falsificações de Putin sobre a batalha de Stalingrado e a guerra na Ucrânia

Em 2 de fevereiro passado, o presidente russo Vladimir Putin, realizou um ato no 80º. aniversário da Batalha de Stalingrado, na qual (após vários anos de duríssimo combate) o exército e a população das ex URSS derrotaram as tropas da Alemanha nazista e mudaram o curso da II Guerra Mundial.

Por: Redação

Nesse ato, Putin comparou essa batalha com a atual guerra na Ucrânia: “A Rússia está novamente ameaçada por tanques alemães, como durante a Segunda Guerra Mundial”[1]. Putin se refere ao fato da resistência popular ucraniana à invasão russa (iniciada há um ano) ter recebido algumas armas de potências ocidentais, entre elas, alguns poucos tanques alemães[2].

A partir deste fato, Putin constrói um falso silogismo: em Stalingrado tanques alemães disparavam contra nós, agora na Ucrânia também. Portanto, o significado político de ambas as guerras é o mesmo: tal como há 80 anos, agora a Rússia está se defendendo de uma agressão da Alemanha nazista. De fato, este foi um dos argumentos principais com que tentou justificar a invasão russa à Ucrânia, um ano atrás (“desnazificar a Ucrânia”).

Entretanto, esta comparação se baseia em uma gigantesca falsificação histórica: o significado político de Stalingrado e da atual guerra na Ucrânia são completamente diferentes e, em grande medida, opostos, pelo papel que desempenhavam cada um dos contendores. Essa profunda diferença é o que explica o campo militar diferente que os socialistas revolucionários apoiaram em Stalingrado (o do exército e do povo da ex URSS contra as forças nazis e seus aliados) e o que agora tomamos na guerra da Ucrânia (apoio à resistência nacional ucraniana contra a invasão russa)[3].

Esse raciocínio de Putin e sua conclusão (o exército russo é o “lado bom” na guerra da Ucrânia, que deve ser apoiado contra a resistência ucraniana “pró-nazi”) é assumido por toda uma parte da esquerda internacional, junto com setores que se denominam “progressistas”, e transmitido aos trabalhadores e às massas no mundo. Por isso, consideramos necessário demonstrar essa falsificação e rebatê-la.

Glória eterna à vitória de Stalingrado!

Pelo seu significado, a batalha de Stalingrado e a vitória da ex URSS merecem uma grande homenagem histórica por todos os trabalhadores e povos do mundo. Vejamos seu contexto histórico, seus protagonistas e, a partir daí, seu significado político. Esta batalha ocorre no contexto da II Guerra Mundial: um conflito bélico internacional no qual se combinaram diversos tipos de guerra. Um deles, foi o que denominamos “guerra contrarrevolucionária” da Alemanha imperialista nazi contra a URSS (então um estado operário burocratizado).

“A caracterizamos assim porque, para poder subjugar o território russo e apoderar-se de seus muitos recursos naturais (em especial o petróleo), o regime nazista necessitava destruir a URSS como Estado operário”[4]. Nesse marco, desde seu início, em 1941, as tropas nazis e seus aliados vinham em uma ofensiva que parecia incontrolável: dominaram e ocuparam várias repúblicas ocidentais da ex URSS (a Ucrânia inclusive) e já começavam a penetrar no território da Federação Russa.

A certa altura, a partir de 1942, esta guerra se concentrou no domínio da cidade de Stalingrado (próxima à fronteira com a Ucrânia). Foi aí que a ofensiva nazi se chocou com uma heroica resistência dos soldados e do povo soviético que, à custa de dois milhões de baixas militares e outros dois milhões de vítimas civis, conseguiu parar as forças nazis, até acabar por derrotá-las (sua primeira derrota na II Guerra Mundial). Sem eufemismos, as massas da URSS deram a vida para defender seu Estado operário.

Essa derrota mudou o curso da II Guerra Mundial. Na chamada Frente Europeia Ocidental, “Depois dessa derrota, os exércitos alemães começaram a quebrar moralmente e iniciaram uma retirada irreversível. A situação mundial havia mudado completamente. Apesar da dura resistência do exército alemão em sua retirada, foram as tropas soviéticas as primeiras a chegar a Berlim e a tomar a cidade. Entrou para a história a famosa foto da bandeira vermelha colocada por um soldado soviético na cúpula do Reichstag (Parlamento alemão)”.

Este triunfo teve um grande significado histórico: por um lado, representou o ponto de inflexão no início da derrota do projeto internacional nazifascista; por outro, marcou o fim de um longo período de 20 anos de derrotas que o movimento de massas no mundo vinha sofrendo. É impossível entender o que aconteceu nas décadas posteriores sem compreender esta magnitude.

Por isso, todos os revolucionários e socialistas do mundo estiveram naquele momento do lado da URSS contra os nazis e festejaram com profunda emoção sua vitória. Repetimos, a batalha de Stalingrado merece, com muita justiça, nossa homenagem e nossa lembrança.

Stalin preparava una derrota catastrófica

Além da grande falsificação à qual nos referimos (a comparação do significado político de ambas as guerras), Putin introduz outra falsificação menor: Stalin é apresentado como herói, o artífice da vitória do povo russo sobre os nazis em Stalingrado.

Antes da recente cerimônia, voltou-se erguer um busto seu na cidade. Em seu discurso, Alexander Lozhkin, presidente da Duma regional e da organização regional de veteranos, declarou:  « Agora, em nossa cidade, há um monumento ao Comandante Supremo Joseph Vissariónovich Stalin…que fez seu trabalho brilhantemente e o inimigo foi derrotado»[5].

A realidade histórica foi exatamente a oposta. Em um artigo já citado, desenvolvemos extensamente como as políticas nacionais e internacionais do estalinismo, e do próprio Stalin pessoalmente, durante quase duas décadas anteriores, levavam a uma catastrófica derrota frente à Alemanha nazista e, com isso, ao colapso e desaparecimento da URSS[6].

Aqui vamos nos limitar a uma enumeração sintética. A primeira delas foi a política do Partido Comunista Alemão (PCA) orientada pela III Internacional já burocratizada e dirigida pelo estalinismo que acabou facilitando o ascenso dos nazis e de Hitler ao poder, em 1933. Foi o fato que motivou a ruptura de Trotsky e das forças trotskistas com a IIIª e o início da construção de sua própria organização internacional.

Em segundo lugar, sua política de frentes populares de aliança com a burguesia republicana, aplicada na revolução espanhola 1936-1939 (apoiada e garantida por quadros estalinistas internacionais) que esterilizou esta revolução e a levou à sua derrota na guerra civil contra o franquismo, fato que encorajou os nazis a lançar sua ofensiva sobre toda a Europa.

Antes disso, um dos chamados “Julgamentos de Moscou” (junho de 1937) foi dirigido contra grande parte da cúpula do exército soviético (com acusações baseadas em documentos falsificados), que varreu e fuzilou a maioria de seus altos comandos. Entre eles o Marechal Mijail Tujachevsky, principal chefe militar cuja trajetória se remontava à formação do Exército Vermelho, por León Trotsky, em 1918. Stalin decapitou assim as forças armadas soviéticas, eliminou seus chefes mais experientes e comprovados e os substituiu por homens totalmente servis e muito menos qualificados.

Um fato central foi o Pacto Ribbentrop-Molotov (assinado pelos chanceleres da Alemanha nazista e a URSS, em 24 de agosto de 1939), também conhecido como pacto Hitler-Stalin. Estabelecia um acordo de “não agressão” entre ambos países e a divisão da Polônia entre eles.

Stalin se sentiu fortalecido e decidiu invadir a Finlândia, em 30 de novembro de 1939, para anexá-la à URSS pela força[7]. A chamada “Guerra de Inverno” terminou em março de 1940, com uma duríssima derrota para as tropas soviéticas, apesar da superioridade de efetivos e armamento. O método de anexação compulsória havia fortalecido o patriotismo finlandês e, junto com a incapacidade dos chefes militares soviéticos, foram os fatores determinantes.

Este resultado foi um dos elementos centrais que levou Hitler a considerar que a URSS e sua estrutura militar eram “um edifício podre”, e os convenceu de que seria fácil derrotá-los. Nesse marco, começou a desenhar secretamente a Operação Barbarossa (a invasão da URSS).

A cegueira estratégica de Stalin e do estalinismo a respeito do nazismo era absoluta. Leopold Trepper, chefe da equipe de espiões comunistas na Alemanha, conhecido como a Orquestra Vermelha, havia conseguido infiltrar um taquígrafo nessas reuniões e avisou Stalin sobre os planos de Hitler. Mas Stalin não acreditou nele: chamou Hitler para perguntar-lhe se isso era verdade. Com certeza, recebeu uma resposta negativa que foi aceita como verdadeira. Para ele valia mais a palavra de Hitler que a informação dos comunistas que arriscavam suas vidas no território inimigo![8]

Uma vez lançada a Operação Barbarossa, o prognóstico de Hitler (que rapidamente derrotaria o “edifício podre” da estrutura militar da URSS) parecia cumprir-se. Como vimos, foram Stalin e o estalinismo que haviam preparado as condições para esta catastrófica derrota. Por isso, longe de ter sido o “condutor estratégico” da vitória de Stalingrado, Stalin merece o qualificativo com que Trotsky o havia chamado anos antes, em um livro da década de 1930: “O grande organizador de derrotas”[9].

Porque foi sua cegueira estratégica que levou a uma situação em que, para defender a URSS, o povo soviético teve que pagar um custo muito maior em milhões de vidas e de grandes sofrimentos. Ainda que sejamos reiterativos, foi o heroísmo dos soldados e das massas soviéticas que conseguiu defender seu Estado e derrotar Hitler e os nazis. A eles, então, rendemos nossa homenagem, não a Stalin.

O conteúdo da guerra na Ucrânia

Dissemos que a grande falsificação de Putin é a comparação entre o significado político da batalha de Stalingrado e a atual guerra na Ucrânia. Em primeiro lugar, desde 1986 e a Perestroika de Gorbachov, a URSS já não existe como Estado operário, e desde então, o desenvolvimento econômico da Federação Russa e das outras repúblicas que compunham a URSS, tem sido plenamente capitalista.

Após a restauração do capitalismo e a dissolução da URSS, grande parte da base industrial russa, acumulada na época soviética, foi desmantelada (só o “complexo industrial-militar” permaneceu intacto). A Rússia se transformou em um grande exportador de gás e petróleo e, em menor medida, de cereais e minerais. Por isso, o The New York Times afirma que o país é essencialmente o “grande posto de gasolina” da Europa[10]. O núcleo de oligarcas burgueses que o regime de Putin expressa é o grande beneficiário nacional desse modelo de acumulação capitalista.

O regime ditatorial de Putin tem uma autonomia política relativa e, fundamentalmente, autonomia militar em suas relações com o imperialismo. Por isso, o regime de Putin, e os setores burgueses que expressa, aspiram a manter uma “área própria de influência” nas repúblicas da ex União Soviética e em algumas do ex Bloco do Leste, como a Sérvia.

Entretanto, a Rússia atual não tem hoje a potência econômica necessária para fazê-lo “por bem”. Por isso, de forma crescente, Putin deve apelar à repressão contra seus povos realizada pelos regimes aliados, ou às ações militares diretas. Por exemplo, teve que intervir para salvar os regimes da Belarus e do Cazaquistão dos processos revolucionários que os enfrentavam.

A invasão da Ucrânia se enquadra na mesma necessidade. A Ucrânia é um país que, segundo Putin, a Rússia tem o “direito histórico” de dominar. Esta invasão, por um lado, é uma continuação da resposta que teve depois que a revolução democrática de Maidán (2013/2014) derrubou o regime aliado de Víktor Yanukovich e instalou um regime democrático burguês[11]. Ou seja, a anexação da Criméia e a criação das “repúblicas” artificiais de Lugansk e Donetsk, em território ucraniano. Por outro, é uma resposta à possível adesão da Ucrânia à OTAN que Putin considerou uma ameaça. Por isso, “chutou a mesa” da coexistência pacífica das últimas décadas e invadiu a Ucrânia.

Ou seja, enquanto em Stalingrado, a URSS era o país agredido que se defendia, na Ucrânia é o exército russo quem agride um povo mais frágil para dominá-lo, com o argumento de que tem o “direito histórico” de fazê-lo. Nestas condições, é a heroica resistência dos trabalhadores e do povo ucraniano que deve ser comparada com o heroísmo dos combatentes de Stalingrado. Enquanto que a ação do exército russo na Ucrânia, após a invasão ordenada por Putin, tem, inevitavelmente, semelhanças com a ação das tropas nazis. Por isso, nossa posição nesta guerra, é o apoio à resistência ucraniana e pela derrota do exército de Putin.

Então, por que há tanques alemães na Ucrânia?

Efetivamente, atualmente há alguns tanques fabricados na Alemanha disparando contra as tropas russas. Fazem parte de algumas armas que os governos imperialistas entregaram ao exército ucraniano[12]. Temos denunciado que se trata de uma ajuda muito escassa para a necessidade da resistência ucraniana de se equiparar à superioridade em quantidade e qualidade das armas russas e, mais ainda, para derrotar definitivamente a invasão de Putin[13].

Em numerosos artigos, com base na caracterização política que a guerra na Ucrânia era uma guerra de libertação nacional contra uma potência agressora, defendemos o direito da resistência ucraniana de exigir dos governos de outros países a entrega dessas armas e seu direito de usá-las. Neste sentido, seguimos a tradição de Trotsky e do trotskismo em guerras como a sino-japonesa (contra a invasão do Japão na China)[14]. Também temos debatido com aqueles que negavam esse direito[15].

O essencial neste debate é que essas armas insuficientes que alguns países ocidentais enviaram, são usadas pela resistência ucraniana: não há nenhum soldado alemão nem de outra potência da OTAN que esteja disparando contra as tropas russas. São os soldados e combatentes ucranianos que o fazem.

É um equívoco dizer, como fazem algumas correntes de esquerda, que essa resistência já é um agente da OTAN e, muito mais ainda, compará-la com a agressão da Alemanha nazista, como faz Putin.

A política das potências imperialistas frente a Putin e à guerra da Ucrânia

Vimos que a guerra da Ucrânia teve fases de mudança de dinâmica[16].Neste marco, a política das potências imperialistas também vem mudando. Inicialmente, frente à primeira ofensiva russa que apontava tomar a capital Kiev, derrubar o governo de Zelensky e dominar toda a metade oriental da Ucrânia, as potências imperialistas “deixaram correr” e se abstiveram de qualquer apoio militar à Ucrânia. Inclusive as potências imperialistas aceitavam uma divisão da Ucrânia, entregando uma parte a Putin[17].

Mas esta ofensiva russa foi detida pela resistência ucraniana: o exército russo não conseguiu tomar Kiev[18]. Essa primeira derrota russa, por um lado, preparou as condições do início de uma contraofensiva ucraniana que, em uma segunda fase da guerra, começou a recuperar territórios ocupados pelos russos. Por outro, provocou desgaste e desmoralização nas tropas russas e, também um aumento das fissuras na frente interna de Putin.

Neste contexto, o imperialismo alemão (pela sua necessidade de gás russo e seus investimentos naquele país) começa a defender um acordo rápido, entregando território ucraniano permitindo assim uma “retirada digna” de Putin. Por sua vez, o imperialismo estadunidense e seu principal aliado europeu (Reino Unido) queriam “castigar” Putin por ter “chutado a mesa” da coexistência pacífica. Por um lado, promoviam sanções econômicas muito mais duras do que queriam e, por outro, começaram a enviar algumas armas e a dar algum apoio tecnológico ao exército ucraniano[19]. A Alemanha se viu cada vez mais obrigada a dobrar-se à política estadunidense.

Com um exército russo desmoralizado e na defensiva, o heroísmo da resistência ucraniana (agora com algumas armas melhores) coloca sobre a mesa uma terceira fase da guerra: a possibilidade de derrotar definitivamente a invasão de Putin. Uma realidade que coloca o imperialismo estadunidense frente a uma grave contradição.

Porque estrategicamente, o imperialismo estadunidense quer “livrar-se de Putin” e uma derrota deste na Ucrânia ajudaria nessa estratégia. Mas quer que essa derrota ocorra em “câmera lenta” e não de forma contundente. Por isso, envia armas ao exército ucraniano a “conta-gotas”. Esta necessidade de uma “câmera lenta” surge de duas razões muito profundas.

A primeira se refere à própria Ucrânia: quer que a vitória deste país ocorra com o maior desgaste e destruição possível para ter as melhores condições de levar adiante (junto com as potências imperialistas europeias) o projeto de colonizar a Ucrânia após o fim da guerra, disfarçando de “ajuda para a reconstrução” [20].

A segunda, se refere à própria Rússia. O imperialismo quer substituir Putin por um governo mais dócil. Mas quer que isso seja feito através de uma mudança controlada “de cima” e não pela via de uma revolução democrática de massas que derrube o regime de Putin. Um cenário que um analista do New York Times descreveu assim “Putin provavelmente teria que ser derrotado por um movimento popular de protesto em massa…”o que abriria na Rússia uma situação de “vazio de poder e desordem”[21]Uma situação que impactaria muitíssimo na situação da Europa oriental e de toda a Europa em seu conjunto.

A guerra na Ucrânia, por um lado, cria para as potências imperialistas um terreno propício para “livrar-se de Putin”, se a invasão for derrotada. Mas, ao mesmo tempo, se essa derrota for muito contundente e muito rápida, apresenta o risco de “abrir a Caixa de Pandora” da luta de classes.

Dissemos que a resistência ucraniana contra a invasão russa é comparável à resistência das massas da URSS em Stalingrado. Seu triunfo será o de todos. Por isso, todos os trabalhadores e os povos do mundo devemos apoiá-la para que triunfe.



[1] Vladimir Putin recuerda la batalla de Stalingrado y afirma que Rusia tiene «con qué responder» al envío de tanques (clarin.com)

[2] https://litci.org/pt/2023/01/30/o-envio-de-tanques-e-armas-para-a-ucrania-e-insuficiente/

[3] https://litci.org/pt/apoio-a-resistencia-ucraniana-contra-a-invasao-de-putin/

[4] https://litci.org/pt/2019/10/06/a-natureza-da-segunda-guerra-mundial-ii/

[5] Ver referencia 1

[6] Ver referência 4

[7] A Finlândia havia sido anexada ao Império Russo em 1808. Após o triunfo da Revolução Russa em 1917, o país decidiu não aderir à URSS e declarou-se independente. Com base no respeito ao princípio da autodeterminação, o governo soviético, liderado por Lenin e Trotsky, aceitou esta decisão.

[8] Sobre a veracidade deste fato, veja o livro de Leopold Trepper, El Gran juego. Entre outras edições em espanhol, destaca-se a da Editorial Ariel, Barcelona, ​​​​Espanha, 1977.

[9] Ver, entre outras edições em espanhol: https://ceip.org.ar/Stalin-el-gran-organizador-de-derrotas-337

[10] https://www.nytimes.com/es/2022/02/23/espanol/rusia-ucrania-economia.html

[11] https://litci.org/pt/2018/12/10/5-anos-da-revolucao-ucraniana-subestimada-incompreendida-e-caluniada/

[12] https://www.bbc.com/mundo/noticias-internacional-64399963#:~:text=Tras%20semanas%20de%20negativas%2C%20Alemania,env%C3%ADo%20de%2031%20tanques%20Abrams.

[13] Ver referência 2

[14] https://litci.org/pt/2022/06/09/uma-vez-mais-armas-para-ucrania/

[15] https://litci.org/pt/2022/06/12/67103-2/

[16] https://litci.org/pt/2022/11/17/a-resistencia-militar-ucraniana-e-o-novo-momento-da-guerra/

[17] https://litci.org/pt/2022/07/04/67277-2/

[18] https://litci.org/pt/2022/05/24/a-resistencia-ucraniana-frustrou-uma-rapida-vitoria-russa/

[19]https://litci.org/pt/2022/09/26/a-guerra-da-ucrania-e-o-imperialismo-estadunidense/

[20] https://litci.org/pt/2022/10/07/a-estrategia-imperialista-de-colonizar-a-ucrania/

[21] Invasión a Ucrania: Todavía no sabemos cómo termina la guerra (clarin.com)

Tradução: Lílian Enck

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