dom maio 19, 2024
domingo, maio 19, 2024

Juventude internacional pela libertação da Ucrânia

A partir do PSTU queremos levar a solidariedade à resistência ucraniana contra a ocupação russa. Como seção argentina da Liga Internacional dos Trabalhadores aderimos ao comunicado que temos trabalhado conjuntamente com jovens da resistência e outras organizações internacionais para fortalecer a solidariedade da juventude com a luta do povo ucraniano. Deste trabalho nasce Youth4UkrainianResistance (Juventude pela Resistência Ucraniana) e este manifesto que expomos mais adiante.

Chamamos todos os jovens, organizações, estudantes, trabalhadores, a aderir ao manifesto e difundi-lo, para que a heroica fortaleza dos trabalhadores ucranianos supere o silêncio de alcance que percorre a mídia internacional.

A juventude trabalhadora sempre à frente! 

A juventude que vem da classe trabalhadora e das famílias empobrecidas está na liderança das lutas a nível internacional contra a opressão política, social e econômica, desempenhando um papel central na luta pelas liberdades democráticas e na defesa contra todos os ataques da classe dominante ao nosso modo de vida (piorando a qualidade da nossa educação, moradia ou condições de trabalho).

A juventude ucraniana não está em uma posição invejável. Sua luta interna contra o autoritarismo a favor da democracia ainda permanece: a indecisão e a sensação de insegurança sobre seu futuro permaneceram em suas mentes durante mais de 30 anos. Seus empregos raramente são bem pagos e sua educação está longe de seus campus e suas aspirações são freadas todo o tempo pela Rússia imperialista.

Atualmente, a juventude na Ucrânia está vendo como suas vidas e cidades são destruídas e seu povo está sendo bombardeado e massacrado pelas tropas russas, obrigando-os a abandonar seus estudos e projetos de vida. A juventude ucraniana está se alistando nos regimentos de defesa territorial, junto com o resto da classe trabalhadora que está lutando na frente de batalha, na mesma linha que as forças armadas da Ucrânia, apesar do governo de Zelensky ter aprovado recentemente duas leis (5371 e 5161) que permitem a piora das condições de trabalho, aproveitando-se nitidamente da guerra para evitar encontrar oposição. Finalmente, o governo ucraniano está debilitando a resistência contra a invasão russa, que está composta majoritariamente pelo povo trabalhador.

Apesar das traições de seu próprio governo, trabalhadoras/es e jovens despossuídos estão indo à guerra para defender seu país e seu modo de vida e, finalmente, defender seu direito à autodeterminação política contra a dominação russa. A juventude do mundo deve se perguntar qual é sua posição sobre a guerra da Ucrânia.

Qual deveria ser a posição da juventude mundial em relação à guerra na Ucrânia?

A guerra na Ucrânia é consequência da invasão perpetrada pela segunda potência militar no mundo, a armada russa, liderada pelo governo de Putin, contra um país muito mais débil e historicamente oprimido pela Rússia. Inicialmente oprimida pelo czarismo russo (imperialismo russo), com figuras como Ivan, o Terrível ou Catarina I, mais tarde por Josef Stalin e o regime burocrático e autoritário da URSS, que atuou contra o direito à autodeterminação pela qual as/os ucranianos/as lutaram durante a Revolução Ucraniana (1917-1921). Agora, vive esta opressão por parte de Putin, que reprime violentamente as minorias étnicas desde os tártaros da Crimeia, até ucranianos/as e chechenos/as, desde Yakuts até Mari. A Rússia está desempenhando um papel reacionário no leste da Europa e outras regiões. Sua política interna chama a atomizar e despolitizar a sociedade, eliminando a oposição, inclusive as organizações de esquerda, com apoio às organizações com uma oratória descaradamente de ultradireita e retórica fascista. E isso é apenas a agressiva propaganda contra o coletivo LGBTI nos canais estatais e a perseguição do mesmo.

Ao mesmo tempo, em política externa, o país apoia entusiasticamente ou participa abertamente na repressão aos protestos populares e da classe trabalhadora, como temos visto repetidamente em Belarus, Cazaquistão, Chechênia, etc. O fato de que a Rússia se oponha aos Estados Unidos não faz dela um regime democrático nem progressista.

A primeira linha de defesa contra a Rússia é e sempre foi o movimento estudantil. A luta pela independência da Ucrânia, que culminou na revolta estudantil “Revoliutsiia na hraniti” (“Revolução em Granito”), em 1990, a Revolução Laranja (2004-2005), que permitiu a transição para a democracia para começar propriamente a Revolução da Dignidade (2013-2014), também conhecida como Maidán, que se solidificou com a separação política e econômica em relação à Rússia, mas, tristemente, isso teve um preço. A Rússia viu isso como a gota d’água, e decidiu anexar a Crimeia e começar uma guerra no Donbass, mas depois em 2022 não satisfeita com o status quo, começou uma invasão em grande escala na Ucrânia para impor seus interesses políticos e econômicos ao povo ucraniano, mas a vontade dos e das ucranianas é firme e a resistência é forte. Todo o mundo deveria ter direito à sua defesa contra a opressão, a defender sua cultura e sua língua, direito à autodeterminação política e à soberania nacional. Não se trata da Ucrânia atacando a Rússia, mas da Rússia destruindo um país, como fez com a Síria.

Por isso, a juventude de todo o mundo deve apoiar a resistência ucraniana na defesa contra as tropas russas. Não podemos cair na propaganda de Putin sobre a “desnazificação” da Ucrânia: o famoso batalhão Azov está formado, no máximo, por 2500 pessoas (os números mais baixos indicam apenas 900), enquanto que hoje há mais de 70.000 pessoas alistadas na resistência ucraniana. Homens e mulheres jovens, estudantes e trabalhadores/as formam uma parte considerável das forças armadas da Ucrânia, particularmente na defesa territorial. Embora o Estado exima os/as estudantes universitários/as do serviço militar obrigatório, muitos/as estudantes participam voluntariamente da resistência armada. A luta hoje é contra o exército russo e a luta histórica é a resistência contra a opressão russa.

Como apoiar os e as lutadores ucranianos?

A estratégia atual da Rússia é o uso massivo da artilharia pesada, e o povo ucraniano quer lutar, mas não dispõe do armamento necessário para destruir esta artilharia e seus aviões, por isso é uma questão de vida ou morte conseguir armas para a resistência ucraniana.

Por isso mesmo, o apoio mais importante à resistência ucraniana é a demanda incondicional de envio de armamento à Ucrânia. Essa é a única forma pela qual a Ucrânia pode ganhar a guerra. As outras posições, como o pacifismo ou o apoio abstrato, no campo da guerra significa negar o direito à autodefesa, e contribui para a vitória russa. O povo ucraniano já assumiu a tarefa de se defender e a guerra continua, mas para ganhar esta guerra precisam de material e armamento pesado.

Defender a resistência ucraniana não é apoiar a OTAN nem o governo de Zelensky

Os imperialismos americano e europeu, apesar de prometerem armamento, não enviaram o necessário, e aproveitam a oportunidade para justificar seu próprio rearmamento. Ao mesmo tempo, as mãos da UE estão manchadas com o sangue ucraniano, pois financiam a campanha militar de Putin comprando gás e petróleo da Rússia, e continua apropriando-se da riqueza da Ucrânia mediante a dívida externa. A OTAN e a UE não querem a vitória total da resistência ucraniana, mas pressionam Zelensky a aceitar a divisão do país e compartilhá-lo com a Rússia, de acordo com a distribuição imperialista do território entre eles e a Rússia.

A recusa da OTAN em enviar o armamento necessário para a resistência ucraniana para tirar as tropas russas de seu país deixa a Ucrânia em perigo. Se os governos europeus apoiaram (superficialmente) o conflito, é porque as massas ucranianas resistiram desde o início, e as massas internacionais se manifestaram contra a agressão russa.

Ao mesmo tempo, Zelensky se aproveitou da guerra para atacar os direitos dos/as trabalhadores/as e da juventude, especialmente daqueles e daquelas que se encontravam na primeira linha. Aprovou duas leis que, por um lado, criam uma nova forma de contrato de trabalho que desregula a limitação de horas trabalhadas e, por outro, permite aos capitalistas omitir os direitos das/os trabalhadores/as em empresas de mais de 250 empregados/as. E mais, os capitalistas estão autorizados a despedir os/as trabalhadores/as que foram à frente de batalha defender o país.

A situação para os e as estudantes não é muito melhor: o Estado obriga as/os estudantes a continuar pagando pela sua educação, apesar desta nem sempre estar funcionando e sempre com um nível muito menor de antes da guerra. Cada vez com mais frequência, as/os estudantes na frente de batalha recebem cartas de instituições de educação comunicando-lhes que não podem continuar seus estudos devido a problemas com a burocracia em muitas universidades. Enquanto isso, as/os deputados/as aumentam o salário, demonstrando que o povo ucraniano não pode confiar no governo de Zelensky nem no Parlamento.

A necessidade de realizar uma campanha da juventude internacional em apoio à resistência ucraniana e à auto-organização

A juventude é a geração que viverá mais no mundo, mas nascemos em um mundo no qual as coisas funcionam de forma que já não podemos decidir. Além de lutar pelos nossos direitos democráticos, temos a missão de construir um novo mundo diferente do que temos agora. Um mundo de libertação para a juventude, os/as estudantes e a classe trabalhadora.

Para construir este novo mundo, temos que ser nítidos que nem a OTAN, nem a Rússia, nem nenhum governo burguês vão garantir nossos direitos, nem as vidas da juventude e os/as trabalhadores/as se for contra seus interesses políticos e econômicos. Pelo contrário, vão atacá-los, como vemos dia após dia. Só tomando a luta em nossas próprias mãos, como o fizeram a juventude estudantil e os e as trabalhadoras ucranianas, avançando na auto-organização com independência política, podemos garantir nossos direitos.

Hoje, a primeira tarefa para a juventude ucraniana para exercer o direito à autodeterminação política (como tantos outros direitos), é defender-se da invasão russa. Por isso temos que realizar uma campanha internacional de solidariedade, unindo jovens de todo o mundo que queiram apoiar a resistência ucraniana na defesa contra as tropas russas, pelo envio incondicional de armamento e a anulação da dívida externa.

Em solidariedade com a juventude e a classe operária ucraniana, exigimos o envio incondicional de armamento pesado à Ucrânia!

Tradução: Lilian Enck

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares