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sexta-feira, abril 19, 2024

México | Chega de dominação colonial!

Em 1° de setembro AMLO (Andrés Manuel López Obrador) apresentou seu 4° Informe de Governo. Seus informes não se diferenciam dos anteriores mandatos, porque também estão repletos de mentiras deliberadas sobre os resultados econômicos e sociais que só estão de acordo com “os outros dados” que só ele tem.

Por: CST México

AMLO mente sobre os níveis de extrema pobreza em que afundou a maioria da população mexicana; sobre o nível inflacionário nos custos dos artigos de primeira necessidade, pois não registra a ruína total do campo mexicano e seus camponeses, produto do T-MEC (Acordo Estados Unidos-México-Canadá). Exalta os mexicanos que emigraram obrigados a abandonar o país em condições nebulosas e letais em busca de trabalho para que sua família não morresse de fome ou não fosse perseguida pelo narcotráfico. Aplaude as remessas que enviam porque representam uma parte fundamental da renda do país sem mencionar que uma boa porcentagem provém do narcotráfico.

No relatório deveria ter mencionado o desemprego crescente, já que os novos empregos que pomposamente anuncia, são irreais, camuflados em números globais e a maioria são empregos informais, temporários e efêmeros.

Não informou que em termos de insegurança, batemos recordes mundiais. Números que se agravaram nestes primeiros anos da 4T (“Quarta Transformação”). Feminicídios, jornalistas assassinados, violência nas cidades, desaparecimentos, vítimas inocentes em confrontos entre bandidos “institucionais legalizados” e elementos do crime organizado. Cada vez mais, enormes territórios do país estão sob controle dos narcotraficantes nos quais reina apenas seu poder. AMLO presume em seu relatório que a porcentagem de crimes dolosos caiu em 12,8%, dado que oculta o número de 35 mil desaparecidos em sua gestão.

O investimento do governo em Programas Sociais, Ajuda a Idosos ou bolsas de estudo para os jovens, tem sido a principal linha da qual AMLO se ufana. Estes investimentos são dirigidos ao consumo e não ao setor produtivo, portanto não combatem a pobreza, já que só passa momentaneamente pelas mãos da população que continuará sendo pobre. Pelo contrário, rendem apoio e votos para o governo. Funcionam como uma transferência de circulante (dinheiro e outros recursos, ndt.) para engrossar a riqueza do setor empresarial, além de ser fonte de corrupção dos políticos que ficam com suas gratificações.

A militarização alcançou dimensões muito graves, contrárias às promessas de enviar o Exército aos seus quartéis que AMLO proclamou durante a campanha eleitoral. Por que dar o controle de importantes setores administrativos de poder e grandes somas de capital ao Exército e à Marinha? Faz isso para comprar lealdades que garantam estabilidade e governabilidade política durante seu governo, e que sejam seu braço repressor frente ao crescente desencanto e perda de base social na maioria da população pelo não cumprimento de suas promessas.

O que há por trás de seus proclamados Mega Projetos?

1.- O governo da 4T não pode evitar ocultar que seu maior fracasso foi o AIFA (Aeroporto Felipe Ángeles) que além disso, foi outorgado administrativamente ao Exército.

2.- A refinaria de Dos Bocas, tem sido uma enorme fonte de corrupção. Apesar de que inicialmente previu austeridade em seu orçamento, seu custo se elevou até cerca de 50%. Além disso, especialistas petroleiros afirmam que faltam importantes segmentos por construir para começar a produzir gasolina e que certamente o orçamento se elevará para outros bilhões de pesos.

  3.- O Trem Maya, a grande obra sexenal, além de ser destruidora ecológica de toda a península Yucateca, é fonte de enriquecimento para o Exército e a Marinha e para uma elite empresarial e familiar. Além disso, constitui a ponta de lança para consumar o projeto do Canal Transístmico -velho anseio imperial dos EUA semelhante ao Canal do Panamá- o que significará a destruição ecológica de grandes regiões do Istmo e um aumento do controle do império.

Segunda Independência Mexicana

Neste mês celebramos o 212° aniversário de nossa Independência do Império Espanhol. Mas hoje não há muito o que festejar, novamente somos uma colônia, desta vez do imperialismo norte-americano. Embora AMLO faça discursos presumindo sua soberania política em relação ao governo dos EUA, não pode esconder seu papel de submisso servidor colonial. Basta mencionar quatro fatos:

1.- Cumpriu com louvor a fanfarronada cínica que Trump fez “os mexicanos vão pagar o muro fronteiriço”. O governo da 4T ergueu um muro duplo de contenção e controle da migração: primeiro dos mexicanos, e, em seguida, de todos os povos centro-americanos e mais. Um cerco de 33 mil agressivos e assassinos militares pagos pelo México que cuidam de tudo ao longo da fronteira norte, e do rio Suchiate ao sul.

2.- Continua fielmente com as políticas de privatização dos governos anteriores, convertendo a PEMEX (Petróleos Mexicanos), e a CFE (Comissão Federal de Eletricidade) em simples Secretarias do Governo intermediárias que entregam as riquezas do país ao saque do capital privado estrangeiro e nacional, como agora anunciou fazer com o lítio. As grandes companhias estrangeiras, que os trabalhadores expulsaram em 1938, hoje voltam a ser donas do subsolo mexicano.

3.- Assinou um tratado comercial desfavorável e indigno, o T-MEC que nos torna um país exportador de matéria prima e importador do mercado capitalista, exportador de mão de obra barata e desqualificada que foi empregada nos EUA para tornar-se a mais explorada.

4.- Na política exterior, AMLO alardeia “princípios nacionalistas e soberania” perante o governo norte-americano. A realidade é que a aparente tolerância do governo de Biden ao seu subordinado só são fios que manipula para posicionar AMLO e permitir-lhe cumprir a tarefa de “facilitador diplomático” nas negociações com governos de países que são “espinhosos” para o imperialismo – chamem-se Maduro, Díaz Canel, Boric, etc.

Nossa crítica ao governo de AMLO é a crítica a um governo que chegou para representar os interesses do sistema capitalista. Como mais um deles, chegou em 2018 para conter o descontentamento do povo que ameaçava com uma explosão social. É por isso que não cumpriu o pacto que estabeleceu com os 33 milhões que votaram nele com a promessa de “Justiça Social”. Para desmobilizar e desorganizar as massas esperançosas, pactuou com todos os corruptos aparatos sindicais pelegos. Teve planos para corromper organizações de luta, como fez com grande parte dos dirigentes da CNTE (Coordenação Nacional dos Trabalhadores da Educação), ou reprimiu e perseguiu outros, como o SutNotimex ou os lutadores ambientalistas. Ordenou até a destruição dos Comitês de Base de Morena. Em compensação, respeitou e foi fiel ao pacto feito com a classe burguesa imperialista e nacional. Prosseguiu com as privatizações a favor de capitais estrangeiros e nacionais, enriquecendo-os. Foi fiel ao pacto para encobrir a corrupção dos funcionários de governos anteriores.

Mas o povo trabalhador resiste e toma consciência desta situação e diante da pressão da crise econômica, começou a combater e lutar para melhorar suas condições de vida e de trabalho: por estabilidade e direitos trabalhistas básicos, por salário digno ajustado de acordo com a inflação; por saúde y segurança trabalhista e social; pela expropriação das grandes corporações energéticas e mineiras para colocá-las para produzir sob controle operário; pela defesa dos povos originários, os direitos dos migrantes, o meio ambiente e pela defesa dos lutadores sindicais e sociais perseguidos  por este governo; por uma Segunda Independência: não ao T-MEC; não ao pagamento da Dívida Externa para custear um orçamento maior  para a saúde, educação e habitação.

Para lutar por estas demandas será determinante o desenvolvimento e fortalecimento de um sindicalismo independente de empresários e governo, democrático e de luta; a auto-organização democrática dos movimentos sociais e a autodefesa e a organização dos setores oprimidos da classe trabalhadora.

Para que esta luta não retroceda e seja encaminhada para uma mudança real da sociedade, temos que ganhar a consciência da vanguarda dos trabalhadores e dos setores oprimidos do proletariado para o programa da revolução socialista. Para isso é necessário construir um partido revolucionário. Essa é nossa tarefa.

Tradução: Lilian Enck

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