qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Paraguai | Todo apoio à marcha camponesa

Hoje foi realizada na capital a XXVIII marcha camponesa indígena e popular, levantando as seguintes demandas: 1) Revogação da Lei de Criminalização de Zavala-Riera (que aumenta para 10 anos o ato punível de invasão de propriedade alheia); 2) Aprovação do projeto de lei que declara todo o território da República em situação de emergência por seca (atualmente com meia sanção); 3) Políticas de Estado de incentivo à produção agrícola do campesinato e a efetiva colocação no mercado interno; 4) Libertação de presos políticos criminalizados pela luta pela terra; 5) Cessação das acusações e perseguições dos lutadores sociais; 6) Cessação imediata do desmatamento, uma das principais causas de danos e mudanças climáticas; Redução dos preços dos combustíveis e que a PETROPAR seja o órgão regulador para a fixação dos preços.

Por: PT – Paraguai

Todas essas reivindicações são absolutamente legítimas e estão entre as mais sentidas pelos trabalhadores e nós as apoiamos ativamente.

As duas principais direções de movimento

A Federação Nacional Camponesa (FNC) promove histórica e anualmente esta marcha, é o setor mais dinâmico do movimento camponês e é o principal braço sindical do Partido Paraguai Pyahurã (PPP) de origem maoísta.

O Partido Paraguai Pyahurã, após ter mantido uma política abstencionista sistemática, forma hoje o espaço denominado Ñemongueta por uma Nova Pátria, que é basicamente o coletor eleitoral da Frente Guasú, além de outras organizações políticas. Esse espaço é a plataforma eleitoral da esquerda reformista, que tem em perspectiva a reedição de uma nova aliança de classe com o Partido Liberal (PLRA) para enfrentar o Partido Colorado (ANR) em 2023.

Consequentemente, a mobilização realizada pela FNC, além de levantar as justas e sentidas reivindicações, pretende colocar-se com grande ímpeto como força política relevante do PPP e, assim, condicionar o Luguismo (Frente Guasu) para a negociação da ordem nas listas para as câmaras do Congresso no seu momento.

Para a Frente Guasu, que vem de uma forte crise interna que a dividiu para as últimas eleições municipais, a entrada do PPP é um balão de oxigênio para negociar a fórmula presidencial com o Partido Liberal, bem como a ordem nas listas para o Congresso.

A outra liderança do setor camponês mobilizada nestes dias e com força especial hoje é a Coordenadora Nacional Intersetorial (CNI), uma dos dirigentes questionados por corrupção e outros atos, Jorge Galeano. Este último foi repudiado por muitas organizações camponesas e populares por suas ações oportunistas e inescrupulosas.

Embora a CNI seja um espaço mais amplo em termos de espectro político, alguns dos partidos que compõem a Frente Guasu têm grande influência nela. Esta manhã suas mobilizações convergiram pela primeira vez e a explicação é que no fundo os dois grupos já estão em uma corrida eleitoral antecipada em resposta ao que foi descrito acima.

A necessidade de as bases continuarem as lutas para além das eleições

Será necessário ver se as bases do movimento podem ter uma política independente ao curso eleitoral de suas lideranças. Ou seja, continuar as lutas para além das campanhas eleitorais, com uma política de denúncia e exigência constante que os mantenham em permanente mobilização e não apenas participando de marchas marcadas no calendário.

Não é uma tarefa fácil pelo peso que a esquerda reformista tem em suas diferentes expressões e pela lógica política que imprime com sua conhecida justificativa de apelar ao mal menor para avançar. Ou seja, buscar no campo burguês progressista fazer uma frente comum de classes sociais opostas e interesses antagônicos como fizeram em 2008.

Por enquanto, a política que o resto das organizações deve seguir é sair e acompanhar todas as lutas na construção de um programa coerente com nossos interesses como classe trabalhadora para derrotar a burguesia nacional e resistir às políticas imperialistas no caminho para uma revolução, socialista.

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