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Declarações

Por uma grande campanha internacional de apoio e solidariedade à resistência ucraniana. Pela derrota da invasão do exército russo! Não à OTAN!

Demonstration “For Peace, Against Invasion” organised by the Socialist Youth (JS), Social Democratic Youth (JSD), Popular Youth (JP), and the political parties LIVRE, Liberal Initiative and PAN in front of the Russian Embassy, Lisbon, Portugal, 27 February 2022. MIGUEL A. LOPES/LUSA
março 14, 2022

Em uma entrevista recente, Yuri Petrovich Samoilov, presidente do Sindicato dos Mineiros Independentes de Krivoy Rog (região de Dniepropetrovsk, Ucrânia), denuncia a brutal agressão que estão sofrendo do exército russo. Diz que os trabalhadores ucranianos estão lutando ativamente contra o que denomina de “ guerra pela independência da Ucrânia” e como os sindicatos intervêm nessa guerra[1].

Por: LIT-QI

Em suas propostas concretas, pede aos trabalhadores do mundo que “exijam o cancelamento do pagamento da injusta e escravizante dívida [externa] ucraniana” e “exigir o fornecimento de aviação e armas à Ucrânia”. Nesse contexto, faz um chamado aos trabalhadores do mundo que sejam solidários com a resistência operária ao massacre do exército de Putin.

Recebemos este apelo, que apoiamos e acreditamos que as organizações que se dizem da classe trabalhadora, partidos e sindicatos, devem divulgar amplamente o apelo do dirigente mineiro ucraniano na vanguarda e entre os trabalhadores. Mas não só, devemos deixar nítido que é uma guerra, na qual apoiamos a resistência de um povo que combate seu inimigo em grande desigualdade de condições. Então (como expressa Samoilov), a questão das armas e suprimentos de todos os tipos, inclusive militares, torna-se uma questão central. Nesse sentido, devemos apoiar ativamente os esforços dos ucranianos para adquirir armas e suprimentos para se defender, realizando uma ampla campanha de fundos para enviar aos operários que resistem em Mineiros de Krivoy Rog. Os trabalhadores mobilizados podem apoiar a resistência ucraniana, como os trabalhadores portuários da refinaria Ellesmere em Cheshire, Inglaterra, se recusaram a descarregar petróleo da Rússia, replicando o que os trabalhadores do terminal de gás de Kent e os dos portos fizeram na Holanda. Segundo a informação, “uma onda de protestos deste tipo está se alastrando pelos portos europeus em resposta à invasão da Ucrânia”[2].

Fazemos isso porque desenvolver uma campanha desse tipo é a atitude que nós revolucionários devemos ter em relação ao real significado da guerra atual.

O governo de Vladimir Putin desencadeou uma invasão do exército russo na Ucrânia: com métodos de extrema crueldade, ataca e destrói cidades, incluindo “alvos” como hospitais e maternidades, com o objetivo final de tomar Kiev (capital ucraniana) e, assim, dominar todo o país. Apesar da imensa superioridade militar russa, o invasor enfrenta, por parte do povo ucraniano, uma resistência maior do que a esperada, muitas vezes de caráter heroico.

Por isso, definimos que é a agressão de uma nação muito mais forte (Rússia, uma das principais potências militares do mundo) contra outra mais fraca, com o objetivo de subjugá-la. Isso ocorre em um quadro em que, exceto por um curto período no início da União Soviética (quando foi aplicada a política proposta por Lênin, agora muito criticada por Putin), tanto o Império Russo quanto os stalinistas e os recentes governos burgueses russos eles sempre consideraram a Ucrânia como “seu quintal”.

Prédio bombardeado por russos na capital da Ucrânia, Kiev – FOTO: AFP

Bombardeio russo

Portanto, apoiamos a resistência dos trabalhadores e do povo ucraniano contra a invasão e devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para derrotar as tropas russas nesta guerra, sem que isso represente qualquer apoio ou confiança política no governo Zelensky, nem na burguesia ucraniana. que chama a resistir à invasão.

Essa posição nos leva a combater firmemente aqueles que apoiam a invasão russa com o argumento de que a Rússia de Putin faz parte de um campo progressista e anti-imperialista, e que essa ação é dirigida contra o imperialismo e seu braço militar (a OTAN) que, através da Ucrânia e seu governo, estaria atacando a Rússia.

Denunciamos o papel da OTAN como braço militar do imperialismo e lutamos pela sua dissolução. Mas esta não é uma invasão militar da OTAN contra o território russo, nem contra o povo ucraniano. Ao mesmo tempo, não há soldados da OTAN lutando contra tropas russas na Ucrânia (ou em qualquer outro lugar que tenhamos conhecimento). Quem está atacando a Ucrânia hoje é o exército russo.

Por isso, discordamos das posições de amplos setores da esquerda mundial que se recusam a se manifestar contra a invasão de Putin ou se declaram “neutros”. Em outras palavras, nesta guerra iniciada pela agressão russa, “não têm lado”. Como dissemos, nós temos, porque o triunfo da resistência ucraniana e a derrota da invasão russa é o único resultado favorável para os trabalhadores e as massas do mundo.

Por uma campanha unitária em apoio à resistência

Atendemos ao chamado de Yuri Petrovich Samoilov e seu sindicato, e além de arrecadar fundos e propor desenvolver e promover atividades com o objetivo de palestras e debates para ajudar a esclarecer a confusão que existe sobre a natureza da guerra.

Em segundo lugar, impulsionar mobilizações para expressar publicamente esse apoio à resistência ucraniana, como vem acontecendo na Europa e em outras partes do mundo[3]. Acreditamos que é totalmente correto mobilizar-se para exigir que os governos (especialmente os dos países imperialistas) entreguem armas e todos os materiais necessários (munições, alimentos, remédios) à resistência ucraniana diretamente e sem quaisquer condições. Somos totalmente contra a entrada da OTAN no conflito e exigimos sua dissolução. Chamamos também a combater as medidas de “fortalecimento” dos exércitos que a compõem (como acaba de anunciar o governo alemão), porque são uma ameaça para todos os povos do mundo. O que estamos dizendo é que esses governos devem ser obrigados a entregar as armas à resistência ucraniana direta e incondicionalmente.

Vamos responder ao pedido dos mineiros ucranianos com uma campanha unitária das organizações e partidos que se dizem da classe trabalhadora, o primeiro passo foi dado com a declaração conjunta entre o LIT-QI e a UIT, vários sindicatos e a Rede Internacional de Solidariedade. Vamos fortalecer o internacionalismo operário. Trabalhadores do mundo uni-vos em apoio à resistência ucraniana!

Referências:

[1] https://litci.org/en/interview-with-yuri-petrovich-samoilov-ukrainian-mining-leader/

[2] Dockers at UK refinery refuse to unload Russian oil | Shipping industry | The Guardian

[3] Ver por ejemplo Miles de personas se manifiestan en varias ciudades europeas en apoyo a Ucrania (yahoo.com)

 

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