qua jun 26, 2024
quarta-feira, junho 26, 2024

Madri: Os contágios não são culpa dos imigrantes e trabalhadores! Renúncia da governadora Ayuso!

Ayuso volta à carga com suas declarações flagrantemente insultuosas, desta vez, racistas. Para a governadora da Comunidade autônoma de Madri não parece racista “no fundo” que três agressoras cuspissem, ameaçassem e dissessem “Porco de merda, na selva não tem camisinha?” a um casal equatoriano no metrô de Madri em 9 de setembro.

Por: Corriente Roja
E caso ainda tivesse dúvidas sobre o seu evidente discurso xenófobo, ontem na assembleia legislativa de Madri culpou os/as imigrantes pelo aumento alarmante das infecções pela COVID19 na Comunidade de Madri.  Atribuiu isso ao “modo de vida”, ao fato de “morar em casas pequenas”, como se morar amontoado em casas pequenas fosse uma decisão voluntária, e por causa da “densidade populacional” principalmente nos bairros do sul de Madri.
Esta campanha racista é a demonstração explícita de que a governadora está com a corda no pescoço, no campo eleitoral, e busca um novo bode expiatório para esta segunda onda de Covid-19. E dizemos de novo porque ela já culpou as manifestações do 8M, depois a juventude nos bairros e mais tarde a massiva manifestação em repúdio ao assassinato de George Floyd.
Colocar o foco nos trabalhadores/as e jovens imigrantes racializados e em suas famílias é uma estratégia de custo zero com benefícios políticos e econômicos promissores para o Governo da Comunidade de Madri. Ou seja, já existe um “culpado” que não é o governo e coloca em confronto os/as próprios/as moradores/as dos bairros operários da zona Sul. Estamos prestes a sofrer confinamento seletivo e o objetivo é que enquanto sofremos esta campanha xenófoba contra “nosso modo de vida” o conjunto de trabalhadores e jovens, esqueça de cobrar e exigir a renúncia da governadora.
As contas por não ter dado assistência às residências de idosos onde morreram um em cada cinco de nossos anciãos; a ordem que deu de não transferir os doentes das residências aos hospitais; o negócio que faz com nosso dinheiro público ao conceder o serviço de rastreadores do vírus a seus amigos da Indra e da Telefónica; ter abandonado escolas e institutos (ensino médio) no início do curso sem professores, recursos e infraestruturas suficientes para garantir segurança nas salas de aula; não ter reforçado o transporte público obrigando a que viajássemos amontoados e aumentando o risco de contágio, estão aparecendo.
Pretende que esqueçamos que o aumento das infecções e mortes da Covid-19 respondem à situação de desmantelamento absoluto, privatização, abandono e precariedade da Saúde Pública perpetrada por este e pelos diferentes governos anteriores, tanto regionais como nacional.
Hoje, os mais de 10.000 profissionais de saúde que Ayuso prometeu contratar, ainda não foram incorporados e, perante a convocação da greve por tempo indeterminado dos trabalhadores/as dos centros de saúde, ela agora promete investir 80 milhões de euros para reforçar a assistência básica por três anos. Essa promessa só pode ser uma piada de mau gosto.
É menos do que prometeu no acordo feito na sua posse, e o que precisamos e exigimos para quem está na primeira linha de combate ao vírus é um plano de mais de 1 bilhão que deveria ser investido já, e não em 3 anos. Isso para contar com pessoal suficiente, testes, EPIs e recursos médicos para estancar a curva que atinge principalmente os/as imigrantes e aos trabalhadores/as e suas famílias.
Que, infelizmente, quase metade dos infectados em Madri sejam imigrantes e o maior risco de contágio ocorra em nossa comunidade não está relacionado com nossos costumes, mas sim com as nossas condições administrativas e económicas.
A maioria são trabalhadores/as precarizados/as, muitas vezes fazem trabalho presencial, porque não podem teletrabalhar como é o caso do trabalho doméstico ou do setor da limpeza. Porque só tem acesso aos cuidados de saúde depois de ​​três meses de estar registrados na cidade, por estar em situação administrativa irregular só podem ter acesso a trabalhos informais nos quais não existe possibilidade de solicitação de licença médica para fazer quarentena. E porque a especulação nos preços de aluguel e abuso nas exigências para fazer um contrato de aluguel impede que possam fazer o isolamento em boas condições de moradia, aumentando o risco de contágio.
Em suma, porque se não temos autorização de residência de trabalho somos relegados/as a não poder ter acesso aos recursos e condições que necessitamos para proteger nossas vidas.
A gota d’água é que hoje Ayuso em conjunto com o governo (nacional) “progressista” pretende anunciar possíveis confinamentos nos bairros da zona sul, os bairros operários, onde se concentra o maior índice de infecções de COVID19. Como as diferentes associações dos bairros levantam esta é uma medida segregadora, racista e classista que não visa nos atender e nos curar, mas sim proteger os bairros ricos que querem que continuemos trabalhando porque somos essenciais, mas que temos nossos centros de saúde em condições insuficientes, nossas escolas superlotadas e vivemos em moradias precárias.
Os/as imigrantes, juntamente com os demais moradores dos bairros dizemos alto e em bom som que cuidar de nossas necessidades de saúde, trabalho e educação é essencial para frear a curva de contágios em nossa comunidade e em nossa classe, a dos/as trabalhadores/as e da juventude. .
Para fazer isso, exigimos:
Regularização já! Autorização de residência e trabalho para acesso ao trabalho, saúde, educação e moradia!

  1. Medidas econômicas de emergência para os grupos mais vulneráveis ​​durante a crise da COVID19!
  2. Não aos confinamentos racistas e classistas! Investimento de 1 bilhão na Atenção Básica, já!
  3. Renúncia de Ayuso!

 
 
 

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